Segundo Hans Eberhard, a agricultura familiar tem papel fundamental nesse processo, embora ressalte que, para ter maior visibilidade, esses produtores precisam ser “achados” pelos chefs, restaurantes e outros estabelecimentos que estão na outra ponta do mercado. A descoberta desses personagens, fundamental para o sucesso do setor, deve decorrer de pesquisas de campo, levantamentos e outros trabalhos. “É tudo muito simples, não é preciso inventar nada. Basta valorizar o que já está no quintal das casas”, explica o especialista, lembrando ser de suma importância resgatar “o papel de atores desse filme que não acaba nunca, que são os produtores, cozinheiros, quitandeiros e outras pessoas”.
Na avaliação de Hans Eberhard, torna-se necessário encontrar caminhos para garantir uma boa produção e aumentar o potencial das regiões. Mas nada é do dia para a noite, ressalta: “É um trabalho de formiguinha, um dia após o outro”. O gerente do Senac lembra que a cozinheira mineira sofreu grande influência dos tropeiros, que percorriam o interior do estado, e também das fazendas. “Temos uma grande diversidade”, resume.
Com palestras, painéis e mesas redondas, salão de negócios, aulas-show, cursos, oficinas e workshops, o 2º Congresso Mineiro de Gastronomia, realizado no Hotel Mercure Lourdes (Avenida do Contorno, 7.315), na Região Centro-Sul da capital, termina hoje, debatendo os temas “Os desafios de trabalhar com sustentabilidade na gastronomia” (14h), o talk show “Empreendedorismo nos estabelecimentos – Dilema: Ser chef ou dono?” (15h30), “A cozinha mineira contemporânea” (17h) e “O papel da mídia no desenvolvimento e consolidação do imagem da gastronomia mineira” (19h). Além das oficinas “Como criar cardápios de alto impacto e grande valor percebido”(10h) e duas versões da Clínica Tecnológica – Sebrae Minas, somente para pessoa jurídica: “Como controlar a qualidade dos produtos conforme as normas e reduzir desperdícios” (14h) e “Como utilizar as redes sociais para alavancar o seu negócio” (16h30).
Também hoje haverá os cursos, oficinas e workshops “Cozinha contemporânea brasileira” (10h30), “Cozinha de fusão – Brasil/França” (12h30), “Cervejas e sabores: noções básicas de harmonização de cervejas especiais” (14h30), “Cozinha de raiz” (16h30) e “Culinária Panc’s (plantas alimentícias não convencionais)”, às 18h20. O congresso é promovido pela Frente da Gastronomia Mineira, realizado pela Minasplan e MW Negócios, com apoio do Estado de Minas.
Sempre lembrando que quem cozinha o faz por “paixão, amor mesmo”, o diretor da Minasplan observa que o encontro é uma oportunidade para que as pessoas conheçam inúmeras alternativas de produtos e insumos da agricultura mineira nos estandes e durante as aulas show. E chama a atenção para a palestra “Empreendedorismo nos estabelecimentos – Dilema: Ser chef ou dono? (15h30), com mesa presidida por Gustavo Guimarães, diretor Técnico do Senac, tendo como debatedores profissionais que resolveram o dilema proposto e foram bem-sucedidos. “A gestão do negócio é primordial, pois, muitas vezes, o chef se torna dono de restaurante e acaba fracassando”, afirma Nelson.
SENTIDOS O 2º Congresso Mineiro de Gastronomia é uma festa em todos os sentidos e também para todos os sentidos, estimulando o tato, a audição, o olfato e o paladar. Uma das atrações é a Cápsula Sensorial Primórdios da Cozinha Mineira: da história à mesa, iniciativa do Senac. A atividade é gratuita e está no pátio externo do Hotel Mercure, disponível para todos os interessados. Dentro de uma bolha de plástico, o participante escuta os sons das cozinhas mineiras, além de provar delícias que remontam às técnicas e conhecimentos de uma culinária dos velhos tempos.
No espaço, é possível provar o hidromel, considerada a bebida mais antiga do mundo e que conta com produção na Serra do Caraça. A maior parte dos produtos apresentados na cápsula vem das serras da Piedade e do Caraça, na Região Central do estado, áreas consideradas pioneiras no recebimento de alimentos no estado, nos tempos da colônia.