Ontem, o Enem estava previsto para ser aplicado a 277.624 candidatos em 23 estados, 72 mil somente em Minas. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), não foram registradas ocorrências graves em nenhum dos 418 locais de prova no país. Hoje, os candidatos voltam para fazer as provas de linguagens, códigos e suas tecnologias, redação e matemática e suas tecnologias. Os portões serão abertos às 12h (horário de Brasília) e fechados às 13h. As provas começam às 13h30 e têm 5h30min de duração, terminando às 19h.
Em Belo Horizonte, o clima era de ansiedade entre os candidatos. Enquanto alguns viram no adiamento das provas uma oportunidade para estudar mais um mês, outros ficaram ainda mais tensos. As ocupações dos estudantes secundaristas atrapalharam a aplicação do teste em escolas de todo o país. Eles protestavam contra a PEC-55, que congela os gastos destinados à educação e saúde e foi aprovada em primeiro turno pelo Senado na última terça-feira.
Uma das estudantes que fizeram o Enem ontem, Amanda Iasmin, de 17 anos, pondera as duas situações. A jovem que vai tentar pela segunda vez uma vaga para o curso de medicina considerou importante ter mais tempo para estudar e refazer as questões das provas dos dias 5 e 6 de novembro. No entanto, teve que enfrentar o último mês com muita ansiedade por causa da mudança do calendário.
Após as cinco horas de exame, Amanda avalia que o nível de dificuldade das duas foi exatamente o mesmo. “Achei a prova de ciências da natureza e suas tecnologias bem tranquila. Agora, vejo que fazer a prova depois foi realmente um benefício. Estou mais nervosa para o exame de amanhã”, afirma a jovem.
Já para Amanda Aleixo, de 22, que se formou em letras e agora tenta uma vaga para o curso de arquitetura, nas disciplinas de humanas a prova foi um pouco mais fácil. “Ainda vou checar o gabarito, mas a impressão que tive foi que a de humanas estava um pouco mais tranquila do que a de novembro. A de ciências da natureza não sei dizer, já que eu não soube responder às perguntas de física”, diz. Já nas provas de química e de biologia, a impressão de Amanda é que ela estava no mesmo nível da primeira aplicação.
Para a estudante, as reivindicações dos alunos do ensino médio são legítimas e a falha foi do Ministério da Educação (MEC) por não ter proposto uma negociação com os manifestantes que ocuparam as escolas e universidades. “Acho que isso tudo foi uma manobra do governo para colocar os candidatos contra os estudantes das ocupações. Acho que poderia ter sido conversado para não prejudicar os inscritos no Enem”, afirma.
Outro problema enfrentado nesta edição foi tentativa de fraude durante a primeira aplicação das provas, em 6 de novembro, quando foram presos sete suspeitos de participação em um esquema de vendas de gabaritos dos testes para candidatos. As investigações estão sendo conduzidas pela Polícia Federal, em articulação com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Segundo Amanda, algumas medidas podem ser tomadas para evitar esse tipo de problema, como o vazamento da prova: “É complicado, é a mesma prova para todo o país. Talvez fosse melhor se as provas fossem regionais, mas, claro, com o mesmo nível de dificuldade”.
ATRASADOS Em Belo Horizonte, alguns candidatos foram vencidos pelo relógio e não puderam fazer a prova do Enem. Os últimos minutos antes do fechamento dos portões da PUC Minas do Coração Eucarístico, na Região Noroeste de BH, foram marcados por correria. Gabriela Ramos, de 17, foi uma das que apressaram o passo para chegar até as 13h, mas não teve sucesso. “Moro no Bairro Mantiqueira. Saí de casa às 11h30, mas não consegui. Vou tentar de novo ano que vem”, afirma a estudante que chegou apenas dois minutos após o prazo de entrada.
Já o candidato Eduardo Oliveira, de 35, garante que foi prejudicado pela mudança de local da prova por causa das alterações feitas pelo Inep para que as provas ocorressem. “Antes eu fazia prova na UFMG, essa mudança de local me atrapalhou. Saí de casa cedo, mas não deu”, lamenta Oliveira.