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Campanha pede presentes de Natal para idosos de asilo em BHJornada Solidária do EM leva Natal de contos de fadas a crianças de BHCemig começa a instalar iluminação de natal da Praça da Liberdade Engenheiro da Cemig ensina a decorar casas e prédios com segurança para o NatalNoel em diferentes embalagens: espírito de Natal se instala na cidade em várias versõesPresépios garantem título de patrimônio cultural para Folia de Reis em MinasTambém nas igrejas, como a Boa Viagem, frequentadores e visitantes já podem ver a manjedoura, José e Maria, pastores, anjos e os animais. No caso específico desse Santuário Arquidiocesano de Adoração Perpétua, o presépio homenageia os 80 anos da Adoração Perpétua, ali realizada nas 24 horas do dia.
Com os olhos brilhantes, Sônia lembra que seu primeiro presépio, na casa onde morava no vizinho Horto, abrigava peças muito pequenas, “tudo simples mesmo”.
Um símbolo de amor, paz”, afirma a professora aposentada, auxiliada na montagem pelo filho Wagner e a nora Adriana, pais de Luíza. A garota também colabora e garante que vai manter o costume. “Ela aprendeu direitinho”, confidencia a avó, mostrando o musgo, a serragem, as plantas e o anjo que irá no alto com a faixa Gloria in excelsis Deo (Glória a Deus nas alturas).
UNIÃO FAMILIAR Do outro lado da cidade, no Bairro Gutierrez, na Região Oeste, a especialista em organização Andreia Bernardes, casada e mãe de Henrique, de um ano e meio, faz questão de fazer o presépio num lugar muito especial do apartamento: sobre o elegante móvel da radiola (equipamento para tocar discos), que pertenceu à avó Hilda.
“Comecei a fazer na casa da minha mãe, Eurídice, há uns três anos. Foi muito bom, pois serviu para reunir novamente toda nossa família.
Em torno da manjedoura de madeira, feita por Andreia, mãe e filha se lembram de outros tempos, enquanto o pequeno Henrique dorme o sono da tarde. “Quando morávamos em Paracatu (Região Noroeste), minha mãe não ficava um ano sem fazer o presépio, no chão. Plantava o arroz com alguns dias de antecedência, para deixá-lo vem verdinho e no tamanho ideal. Parecia grama e o efeito era muito bonito, pois ficava ao redor de um espelho imitando um lago”, diz Eurídice, artesã de mão cheia e autora de uma árvore natalina toda feita de crochê, com linha no tom bege.
VISITAÇÃO No estado, a tradição de “armar os presépios”, como muitos preferem dizer, é um convite às pessoas, conhecidas ou não, para visitar as casas até 6 de janeiro, Dia de Reis, quando se encerra o ciclo natalino. A fim de valorizar a cultura local, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) promove, em parceria com os municípios, o Circuito de Presépios e Lapinhas.
Com base no cadastramento dos presépios residenciais e comunitários, além de oratórios e lapinhas, foi criado um roteiro de visitação, disponível para consulta a partir de quarta-feira no site da instituição (www.iepha.mg.gov).
Além disso, está sendo promovido pelo Circuito Liberdade, coordenado pelo Iepha, o concurso de fotografias no Instagram, com tema também referente aos presépios. Os interessados de todo o estado deverão acessar o regulamento no site do circuito (www.circuitoculturalliberdade.com.br) e participar enviando suas fotografias em preto e branco ou em cores. Os trabalhos selecionados serão exibidos na fachada digital do Espaço do Conhecimento UFMG.
TOPO DA SERRA O pisca-pisca está ligado e acende muitas lembranças. Natural de Ribeirão Pires, “no topo da Serra do Mar”, em São Paulo, a professora de pintura, bordado e artesanato Elizabete Monetti Dumont, moradora há mais de quatro décadas do Bairro São Luiz, na Pampulha, aprendeu ainda criança a recriar o cenário do nascimento de Jesus. Nunca mais parou. “Íamos com minha mãe recolher musgos, folhas secas e galhos para o presépio”, diz. “Os netos ficam encantados”, lembra.
Mas há um detalhe que nunca saiu da cabeça de Elizabete. Aos 11 anos, ela teve enorme decepção ao saber que Papai Noel não existia. O sentimento foi tão intenso, frustrante, que resolveu não alimentar o sonho do bom velhinho nas três filhas. “O problema é que elas não se conformaram, me cobraram muito e, hoje, meus netinhos acreditam em Papai Noel.”
Na Igreja da Boa Viagem, o eletricista Ricardo Lourenço terminava, na sexta-feira, o sistema de iluminação do presépio projetado pela voluntária Conceição Schettini, com ajuda da artista plástica Neuza Alvarenga.
Responsável pela montagem do presépio há uma década, Conceição preparou para este ano a homenagem à Adoração Perpétua, realizada na Boa Viagem desde 1937 e cujas comemorações dos 80 anos começaram no dia 20. Na frente da manjedoura, uma faixa dá as boas-vindas com a frase em latim Venite adoremus (Vinde adoremos), ladeada por sete anjos de juta, com dois metros de altura, e a recriação dos tubos dourados de um órgão musical.
O significado
A palavra presépio significa estábulo, manjedoura. São Francisco de Assis iniciou a tradição em 1223, nas redondezas de Greccio, Itália, com o objetivo de celebrar o Natal da maneira mais realista possível. Com a autorização do papa, ele montou um presépio de palha usando uma imagem do Menino Jesus, um boi e um jumento vivos perto dela.
A ideia rapidamente se estendeu por toda a Itália, especialmente nas casas dos nobres e mais pobres. Na capital e interior de Minas, a tradição de fazer presépios continua cada vez mais viva. As famílias se unem para retirar as figuras das caixas, desdobrar os panos enfeitados com esmeril e caquinhos de vidro, que formam as montanhas, buscar areia e pedras para montar a estrutura e, claro, contar histórias e recordar os antepassados.
PARA VISITAR
A partir de terça-feira, o tradicional presépio do Palácio Cristo Rei, em Belo Horizonte, estará aberto à visitação, no jardim do prédio localizado na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul. Nesse dia, às 18h, o arcebispo metropolitano dom Walmor Oliveira de Azevedo abençoará o local, que trará imagens em tamanho real e inspiradas no Barroco mineiro.