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Estado de Minas

Bombeiros atendem 17 crianças por mês em situação de emergência na Grande BH

Para diminuir números, corporação criou curso básico de primeiros socorros para que população saiba como agir em vários tipos de situações com os pequenos


postado em 05/12/2016 06:00 / atualizado em 05/12/2016 07:44

O casal Laisa e Yuri aprovaram o curso, pois aprenderam na prática o que fazer, por exemplo, se a criança se engasgar. Os dois tiveram esse problema com a filha em 2015 e contaram com orientações por telefone dos bombeiros(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)
O casal Laisa e Yuri aprovaram o curso, pois aprenderam na prática o que fazer, por exemplo, se a criança se engasgar. Os dois tiveram esse problema com a filha em 2015 e contaram com orientações por telefone dos bombeiros (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)
Todos os meses, o Corpo de Bombeiros atende 17 ocorrências de crianças em alguma situação de emergência na Região Metropolitana de Belo Horizonte. São casos de afogamentos, paradas cardiorrespiratórias, fraturas, intoxicações, cortes pelo corpo e também de crianças engasgadas, além de outros tipos de casos. Foram 188 atendimentos de janeiro a novembro deste ano, sendo que cinco terminaram em mortes. Os óbitos de 2016 superam as mortes de todo o ano passado, quando 277 ocorrências (média mensal de 23) urgentes com crianças tiraram a vida de três meninos e meninas na Grande BH.


Normalmente, os bombeiros são acionados pela população para ajudar a solucionar essas emergências e podem contar com uma redução drástica dos números se a sociedade estiver bem informada. Por isso, a corporação começou ontem a difundir conhecimentos básicos de primeiros socorros que podem ajudar pais, mães e pessoas que trabalham com os pequenos e pequenas a salvar vidas nos momentos de urgência. Tipos de massagem, como manipular as crianças e como agir no entorno de um bebê que está passando mal por alguma dessas razões foram alguns dos conceitos repassados aos 44 presentes na primeira edição do curso.

Dois dos interessados foram o casal Laisa Cristina Ferreira, de 27 anos, e Yuri Brenner, de 27. Os dois têm uma filha de um ano e seis meses e passaram por maus bocados no ano passado, quando a criança se engasgou e deixou os pais aflitos. “Na hora nós ligamos para o Corpo de Bombeiros e o militar que atendeu nos orientou a fazer os procedimentos corretos. Ele mesmo ouviu o choro da minha filha pelo telefone e falou que ela tinha voltado”, afirma Yuri.

O engenheiro diz que testar o conhecimento de primeiros socorros na prática é muito importante para saber o que fazer na hora do aperto. “Se na época nós já tivéssemos feito o curso, certamente teríamos mais tranquilidade para agir e poderíamos ter feito os procedimentos da melhor forma”, completa. Laisa acrescenta que eles vão espalhar as informações para os amigos e indicar os conhecidos nos próximos cursos. “Faltou só o vovô desta vez para aprender os primeiros socorros. Mas tudo isso é muito importante, fica muito mais fácil agir com essas aulas”, afirma.

TESTE EM BONECOS Os bombeiros disponibilizaram 100 vagas para o curso, que foram rapidamente preenchidas. Porém, nem todos os inscritos compareceram ao 1º Batalhão, no Bairro Funcionários, Centro-Sul de BH, onde ocorreram as aulas, na manhã de ontem. Os participantes foram divididos em quatro turmas e tiveram a oportunidade de testar em bonecos os conhecimentos repassados. O trabalho começou em 2014, mas era feito apenas com familiares dos militares, por conta de uma iniciativa dos futuros oficiais que ainda estavam na academia da corporação. “Os cadetes estavam virando pais e tiveram essa ideia de difundir os conhecimentos necessários para uma atuação de primeiros socorros. Então, fizemos as aulas com os familiares”, diz o cadete Fabrício Brito.

Depois disso, a corporação resolveu difundir a informação para mais pessoas e por isso abriu o curso ao público. Ontem, a primeira turma se dividiu em grupos com os seguintes temas: parada cardiorrespiratória e respiratória; obstrução de vias aéreas por corpos estranhos e afogamentos; queimaduras, intoxicações, cortes hemorrágicos e fraturas; e prevenção de acidentes em ambientes familiares, quedas e segurança dos locais, para que os atendentes não se tornem vítimas. “Se uma pessoa salvar uma vida, para nós já valeu a pena. Na Europa, a população já recebe esse conhecimento na escola e por isso os atendimentos públicos são bem mais baixos”, acrescenta o futuro tenente.

Ainda segundo o militar, a intenção do comandante da academia dos bombeiros é incluir esse curso na formação dos oficiais da corporação, abrindo mais turmas de 2017 para frente. Porém, antes disso, já existe uma nova oportunidade para quem quiser observar na prática o que deve ser feito em uma emergência com os pequenos. No próximo dia 18, os bombeiros vão realizar a segunda edição do curso, com mais 100 vagas. Todas as informações serão divulgadas pela página oficial do Facebook do Corpo de Bombeiros em Minas Gerais e as inscrições deverão ser abertas nos próximos dias.

Além de pais e mães que buscam a melhor forma de agir com os filhos, pessoas que trabalham ou pretendem trabalhar com crianças também se inscreveram na primeira edição. É o caso da estudante de negócios internacionais Joice Marques Carvalho, de 20 anos, que está de malas prontas para passar um ano morando nos Estados Unidos, em um intercâmbio. “Vou morar em casa de família com criança pequena e por isso achei importante participar. Na teoria tudo é muito vago. Se você observa como fazer, a chance de salvar uma vida em uma emergência é muito grande”, completa.

DICAS DE SEGURANÇA

O risco de acidentes domésticos aumenta nas férias. Confira o que é possível fazer para evitar problemas.

Tomadas elétricas devem ser tampadas e quinas de mesas e outros móveis protegidas

Nunca deixe medicamentos, produtos de limpeza e sacolas plásticas ao alcance das crianças, pelo risco de intoxicação e sufocamento/asfixia

Na cozinha, os cabos das panelas devem ser direcionados para dentro do fogão, e tenha cuidado com toalhas de mesa muito longas, pois a criança pode ter a curiosidade de puxá-las

As janelas devem ter travas, grades ou telas de proteção e nunca se deve colocar móveis próximos ou debaixo das janelas. No caso de grades, a distância entre elas não deve ultrapassar 6cm

Esvazie baldes, banheiras e piscinas infantis depois do uso e os guarde sempre virados para baixo e longe do alcance das crianças

Conserve a tampa do vaso sanitário fechada e, se possível, lacre-o com algum dispositivo de segurança

Mantenha a porta do banheiro trancada

Piscinas devem ser protegidas com cercas de no mínimo 1,5m, impedindo, assim, que sejam escaladas

Bebês devem dormir de barriga para cima, cobertos até a altura do peito com lençol ou manta bem presa embaixo do colchão.

Ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros na Região Metropolitana de Belo Horizonte

Grau da lesão                 2015     2016*

Fatal                                   3           5

Graves ou inconscientes       20         15

Leves                                 136         75

Sem lesões aparentes          114         89
 
Não informado                     4         4

Total                                   277           188

* Até 1º de dezembro

 

 


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