Sobrecarregadas pela chuva pesada e praticamente constante entre a noite de domingo e a tarde de ontem, as galerias de concreto projetadas para impedir que a água inunde as vias de Belo Horizonte deram sinais claros de que operam além da capacidade.
O resultado foram novos alagamentos em extensas áreas de Venda Nova, especialmente na Avenida Vilarinho, e também no Bairro Primeiro de Maio, na Região Norte da capital. A grande quantidade de lixo espalhada depois da tempestade, segundo especialistas, mostra que não apenas muitas estruturas precisam ser remodeladas, como também é necessário que a população se conscientize sobre o descarte correto de lixo e entulho, para que o material não acabe entupindo o sistema de drenagem da cidade.
O grande volume de precipitações ajudou a agravar a situação. Desde 1º de dezembro, com concentração entre domingo e ontem, foram 194,6 milímetros (mm) no Barreiro, por exemplo, o equivalente a 61,49% da média histórica de todo o mês de dezembro, que é de 319,4mm. As consequências se espalharam por todas as regiões, com quedas de árvores, blecautes, panes em semáforos, caos no trânsito e ao menos um desabamento.
Na Avenida Vilarinho, em Venda Nova, o Córrego Vilarinho, canalizado em toda a sua extensão, ganhou volume rapidamente, chegando a entrar em algumas lojas. A força foi tanta que as grelhas que servem de respiradouro para a canalização foram arrancadas. O trecho final da via férrea do Metrô Vilarinho também acabou invadido pela água e o gradil que o contorna amanheceu repleto de ramos e de lixo dependurado na trama de arame da cerca.
Mesmo depois de a chuva ter dado uma trégua, a sequência de bueiros ao longo da via se transformou numa cadeia de chafarizes de esgoto, esguichando água cinzenta e malcheirosa a alturas que variavam de um a dois palmos.
“Esse fenômeno de os bueiros começarem a jorrar água mostra que o sistema de drenagem trabalha pressurizado e para de funcionar como um caminho de escoamento. Isso mostra que mesmo sem a chuva a galeria está trabalhando acima da capacidade, já que a bacia hidrográfica ainda leva um tempo para escoar completamente”, observa o professor Aloísio Saliba, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais.
“Com certeza o lixo exerce um papel muito importante na capacidade do sistema. As galerias são projetadas para funcionar com água, mas esses descartes domésticos entram na área disponível. Por mais que haja manutenção e limpeza, quando a enxurrada passa coletando o lixo a tendência é de haver saturação com rapidez. A água pressurizada dentro da drenagem, saindo pelos bueiros, mostra isso”, afirma.
A correnteza que se formou na Avenida Vilarinho teve força para arrancar o asfalto da pista da direita do sentido Ribeirão das Neves em três trechos próximos ao cruzamento com a Rua Edgard Torres, deixando grandes buracos que até o início da tarde não tinham sido sinalizados. Sobre as grelhas de metal da avenida sanitária ainda estavam presos sacos de lixo, pneus e vegetação. Os comerciantes não chegaram a registrar prejuízos, já que muitos deles já se adaptaram para usar comportas de metal na frente de seus estabelecimentos.
A Secretaria Municipal de Administração Regional Venda Nova informou que duas equipes da limpeza urbana com 30 pessoas e o apoio da BHTrans e da Guarda Municipal foram deslocadas para fazer a desobstrução de bocas de lobo nos trechos alagados, com o objetivo de ajudar no escoamento da água.
Sobre as obras de readequação da drenagem de tributários do Córrego Vilarinho, a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura informou que “está prevista a elaboração de projetos executivos para os córregos Brejo Quaresma e Joaquim Pereira, mas no momento não há previsão de liberação de recursos do governo federal”. Informou também que “além dos expressivos investimentos em obras, desenvolve ações permanentes de prevenção às enchentes e proteção da população contra os riscos de desastres durante todo o ano, como a limpeza de bocas de lobo e fundos de vales de córregos até a contenção de encostas e obras mais complexas, como as bacias de detenção”.
LIMPEZA A Regional Nordeste informou que as bocas de lobo da região são limpas preventivamente a cada três meses e que a desobstrução é feita sempre que necessário. “Também foram executadas, ao longo do ano, várias campanhas educativas no sentido de conscientizar a população para não descartar lixo em locais inapropriados, justamente para evitar o entupimento das bocas de lobo no período chuvoso. Os córregos da região também receberam os serviços de limpeza e capina trimestralmente. As equipes de Manutenção e Áreas de Risco também executaram diversas ações preventivas, como contenção de encostas e estabilização de taludes”, informou. (Com Pedro Ferreira)
O resultado foram novos alagamentos em extensas áreas de Venda Nova, especialmente na Avenida Vilarinho, e também no Bairro Primeiro de Maio, na Região Norte da capital. A grande quantidade de lixo espalhada depois da tempestade, segundo especialistas, mostra que não apenas muitas estruturas precisam ser remodeladas, como também é necessário que a população se conscientize sobre o descarte correto de lixo e entulho, para que o material não acabe entupindo o sistema de drenagem da cidade.
O grande volume de precipitações ajudou a agravar a situação. Desde 1º de dezembro, com concentração entre domingo e ontem, foram 194,6 milímetros (mm) no Barreiro, por exemplo, o equivalente a 61,49% da média histórica de todo o mês de dezembro, que é de 319,4mm. As consequências se espalharam por todas as regiões, com quedas de árvores, blecautes, panes em semáforos, caos no trânsito e ao menos um desabamento.
Na Avenida Vilarinho, em Venda Nova, o Córrego Vilarinho, canalizado em toda a sua extensão, ganhou volume rapidamente, chegando a entrar em algumas lojas. A força foi tanta que as grelhas que servem de respiradouro para a canalização foram arrancadas. O trecho final da via férrea do Metrô Vilarinho também acabou invadido pela água e o gradil que o contorna amanheceu repleto de ramos e de lixo dependurado na trama de arame da cerca.
Mesmo depois de a chuva ter dado uma trégua, a sequência de bueiros ao longo da via se transformou numa cadeia de chafarizes de esgoto, esguichando água cinzenta e malcheirosa a alturas que variavam de um a dois palmos.
“Esse fenômeno de os bueiros começarem a jorrar água mostra que o sistema de drenagem trabalha pressurizado e para de funcionar como um caminho de escoamento. Isso mostra que mesmo sem a chuva a galeria está trabalhando acima da capacidade, já que a bacia hidrográfica ainda leva um tempo para escoar completamente”, observa o professor Aloísio Saliba, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais.
“Com certeza o lixo exerce um papel muito importante na capacidade do sistema. As galerias são projetadas para funcionar com água, mas esses descartes domésticos entram na área disponível. Por mais que haja manutenção e limpeza, quando a enxurrada passa coletando o lixo a tendência é de haver saturação com rapidez. A água pressurizada dentro da drenagem, saindo pelos bueiros, mostra isso”, afirma.
A correnteza que se formou na Avenida Vilarinho teve força para arrancar o asfalto da pista da direita do sentido Ribeirão das Neves em três trechos próximos ao cruzamento com a Rua Edgard Torres, deixando grandes buracos que até o início da tarde não tinham sido sinalizados. Sobre as grelhas de metal da avenida sanitária ainda estavam presos sacos de lixo, pneus e vegetação. Os comerciantes não chegaram a registrar prejuízos, já que muitos deles já se adaptaram para usar comportas de metal na frente de seus estabelecimentos.
A Secretaria Municipal de Administração Regional Venda Nova informou que duas equipes da limpeza urbana com 30 pessoas e o apoio da BHTrans e da Guarda Municipal foram deslocadas para fazer a desobstrução de bocas de lobo nos trechos alagados, com o objetivo de ajudar no escoamento da água.
Sobre as obras de readequação da drenagem de tributários do Córrego Vilarinho, a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura informou que “está prevista a elaboração de projetos executivos para os córregos Brejo Quaresma e Joaquim Pereira, mas no momento não há previsão de liberação de recursos do governo federal”. Informou também que “além dos expressivos investimentos em obras, desenvolve ações permanentes de prevenção às enchentes e proteção da população contra os riscos de desastres durante todo o ano, como a limpeza de bocas de lobo e fundos de vales de córregos até a contenção de encostas e obras mais complexas, como as bacias de detenção”.
LIMPEZA A Regional Nordeste informou que as bocas de lobo da região são limpas preventivamente a cada três meses e que a desobstrução é feita sempre que necessário. “Também foram executadas, ao longo do ano, várias campanhas educativas no sentido de conscientizar a população para não descartar lixo em locais inapropriados, justamente para evitar o entupimento das bocas de lobo no período chuvoso. Os córregos da região também receberam os serviços de limpeza e capina trimestralmente. As equipes de Manutenção e Áreas de Risco também executaram diversas ações preventivas, como contenção de encostas e estabilização de taludes”, informou. (Com Pedro Ferreira)