O presidente da Samarco, Roberto Carvalho, avaliou que as alterações no Ministério Público do estado, com o afastamento dos promotores que integravam a força-tarefa que acompanhava os desdobramentos da tragédia do rompimento da barragem de rejeitos da mineradora, em Mariana, na Região Central de Mians Gerais, não alteram a relação da empresa com o MP. "Espero que o diálogo continue, porque nós fizemos bons acordos com os procuradores. Não vejo impacto significativo", afirmou Roberto Carvalho. Questionado se as mudanças no MP teriam ocorrido por pressão do governo do estado para acelerar a retomada das atividades da mineradora, interrompidas há 13 meses, Carvalho lembrou que hoje a empresa tem pedidos de licenciamento na Secretaria do Meio Ambiente, o que não envolve diretamente o MP. "O MP acompanha o processo como um todo e não tenho como prever se agora vai ser mais duro ou não."
São eles: Carlos Eduardo Ferreira Pinto, que era o coordenador da força-tarefa e também do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente (Caoma) e passa a atuar em Ribeirão das Neves; Mauro da Fonseca Ellovitch, das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente das Bacias dos Rios das Velhas e Paraopeba, agora em Ibirité; e Marcos Paulo de Souza Miranda, da Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais (CPPC) e já em atuação em Santa Luzia.
Em nota, o MPMG informou na tarde de terça-feira que “o procurador-geral de Justiça, Antônio Sérgio Tonet, tranquiliza a população e os interessados, assegurando que não haverá uma ruptura na continuidade do acompanhamento dos desdobramentos da tragédia de Mariana”, acrescentando que os antigos coordenadores vão fornecer todas as informações de caráter técnico ou institucional que se mostrarem necessárias.
A expectativa da Samarco é que o diálogo com o MP continue. "A alteração para nós traz uma incerteza também", afirmou o diretor Comercial e de Planejamento da Samarco, Leonardo Sarlo Wilken, ao lembrar que até agora a empresa tem acatado os pedidos dos procuradores nos acordos firmados com o MP. "Nós esperamos confirmar essa relação", acrescentou.
A empresa planeja voltar a operar no segundo semestre do ano que vem, com 60% da capacidade, o que equivale a 18 milhões de toneladas/ano. Com duas audiências públicas na semana que vem, em Ouro Preto e Mariana, a Samarco espera obter as licenças para a utilização da cava da mina de Alegria Sul para deposição dos rejeitos do processo de concentração do minério de ferro.
Além da licença para a nova área de rejeitos, a empresa está buscando obter um licenciamento integrado de todas as suas operações em Minas, para retomar a produção de pelotas de minério de ferro. Segundo Roberto Carvalho, com a retomada da produção a empresa vai gerar caixa para honrar os compromissos assumidos e reparar os danos da maior tragédia ambiental do país, que deixou 19 mortos e um rastro de destruição.
(RG)