A Corregedoria da Polícia Civil investiga por suspeita de extorsão, corrupção e prevaricação o delegado titular da 2ª Delegacia de Venda Nova, Leonardo Estevam Lopes, suspeito de ter se oferecido para intervir em uma investigação para livrar da prisão um traficante de drogas.
A corporação informou já ter pedido na Justiça o afastamento do servidor público até o término das apurações.
A principal prova é um áudio em que ocorre uma negociação, supostamente do policial, com uma advogada para livrar o cliente dela da prisão. Segundo a Polícia Civil, a gravação foi encaminhada à perícia para análise e verificação de autenticidade.
A reportagem do Estado de Minas teve acesso a trechos do diálogo, no qual a defensora parece oferecer R$ 100 mil para que o inquérito seja interrompido e seu cliente fique livre, mas a voz que é atribuída ao delegado Leonardo Estevam estabelece valor bem maior para não continuar com as apurações.
Leia Mais
Corregedoria da Polícia Civil prende delegado e investigador acusados de cobrar propinaDonos de pub são presos em BH acusados de extorsão qualificadaMais dois policiais civis acusados de participar de esquema de extorsão se entregamDelegado investigado por pedir dinheiro para liberar traficantes é suspensoDelegado suspeito de cobrar propina em BH tem mais denúnciasÁudio implica mais policiais envolvidos com propina em BH Mulher é estuprada e tem faca cravada em uma das pernas
ÁUDIOS
No áudio que será periciado (ouça no fim da reportagem), além da voz que a corregedoria investiga para saber se realmente é a do delegado, são ouvidos outra policial, a advogada e o acusado de tráfico. A voz atribuída ao delegado dá a deixa para saber quanto pode custar a liberação do criminoso.
A voz que seria do policial então sugere facilitar a forma de pagamento. “Vou falar para vocês de boa, melhor matar isso de uma vez. Marca aí, dezembro traz (parte da propina), janeiro traz... Vai ser bom para a gente, para vocês, porque assim como pessoas ficam de olho na gente, ficam de olho em vocês também. Eu que cheguei até você (suspeito), mas o Deoesp (Departamento de Operações Especiais da Polícia Civil) está atrás de você, Tóxicos (Delegacia Especializada de Repressão Antidrogas) está atrás de você...”
O suspeito de tráfico então se mostra desconfiado e quer saber se suas atividades ilícitas serão deixadas de lado com o acordo oferecido. “Porque, para chegar nesse valor (R$ 350 mil), tem que abrir e fechar com a gente (a quadrilha). Porque, igual, eu pagando o senhor...
Mais seguro dos benefícios que poderia ter, o traficante então acerta um primeiro pagamento. “Até semana que vem vai vir, não sei se vai vir 100 (seriam R$ 100 mil) ou 50 (seriam R$ 50 mil).” A voz atribuída ao delegado então tenta mais uma vez tranquilizar o interlocutor. “Deixa ele ir para a rua.
Leonardo Estevam este ano já passou por três delegacias: em janeiro era titular do plantão de Ribeirão das Neves, onde estava desde junho de 2014, depois de passagens por Betim, na Grande BH e Santa Rita do Sapucaí, Sul de Minas. Em outubro deste ano foi transferido para Venda Nova.