Sonhar é essencial para construir o futuro – e o caminho real até ele passa pela estrada do trabalho, acompanha as curvas do planejamento, às vezes entra no túnel das incertezas, para depois seguir firme se houver vontade e esperança. Belo Horizonte chega amanhã aos 119 anos, a 21 dias da posse do novo prefeito, Alexandre Kalil, precisando de ideias e práticas para atingir o patamar de uma cidade que atenda aos anseios da população. Um grande presente de aniversário veio antecipado, em julho, depois de duas décadas de expectativa, quando a Pampulha recebeu da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) o título de patrimônio e paisagem cultural da humanidade, mas ainda falta resolver questões vitais, como a insegurança a cada esquina, os perigosos alagamentos nas temporadas de chuva, as crescentes invasões de áreas e os gargalos na saúde, educação, transporte público e infraestrutura urbana. Sem falar, claro, na despoluição completa da lagoa e na ampliação das linhas do metrô.
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Moradores revelam o que deixaria a aniversariante BH mais humana e acolhedoraBelo Horizonte ganhará casarão para preservar memória dos construtoresPerto de um outro ponto marcante da cidade, a aposentada Terezinha Rezende Marques, de 79, tem sua própria receita para o futuro. “Uma cidade é igualzinha à vida da gente.
Do Barreiro para a Pampulha, perto da Igreja de São Francisco de Assis, o vigilante José Maria Gomes Júnior, de 37, morador da Região de Venda Nova, passeava com as filhas Bianca, de 11, e Ana Júlia, de 6, uma de patins e a outra de skate. Para ele, a população tem feito sua parte, pois o mineiro “é muito consciente de seus deveres”, faltando o poder público fazer a sua. “O grande problema, e objeto de muita frustração, é a demora nas obras. Somos obrigados a esperar muito pela concretização dos projetos e o pior: com o tempo, vai ficando tudo caro”, comenta o vigilante, que também acha necessário melhorar alguns aspectos dos pontos turísticos de BH, como o entorno do templo católico projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012) na década de 1940. “Estou procurando um bebedouro há horas e não acho.”
REFLEXÃO Uma das referências na campanha para transformar a Pampulha em patrimônio cultural da humanidade, o presidente da Fundação Municipal de Cultura (FMC), arquiteto e historiador Leônidas Oliveira, confirmado para continuar no cargo pelo prefeito eleito Alexandre Kalil, avalia que o momento pede reflexão sobre “ser uma cidade contemporânea”. “As atividades culturais não podem ficar restritas ao Centro, e isso já vem ocorrendo com a Virada Cultural. Hoje, quem fala é a rua, portanto, são necessárias novas relações com a cidade, com políticas permeadas pela cultura da paz, sem cerceamento de convivência”, diz Leônidas.
A inclusão social é preciosa para se chegar ao futuro, acredita o presidente da FMC, certo de que não se podem ignorar os aglomerados. “Temos que ter programas transformadores, e não assistencialistas.
Inclusão
“BH precisa de tolerância em todos sentidos, de buscar sua identidade e apostar na inclusão. É preciso pensar a cidade como um todo e não apenas no Centro, e refletir, buscando programas transformadores e não assistencialistas”
Leônidas Oliveira, arquiteto, presidente da Fundação Municipal de Cultura
Acessibilidade
“A inclusão social em todos os aspectos é importante para a cidade, embora acredite que BH está precisano criar mais acessibilidade para os deficientes. Isso é presente e futuro”
Mariana Tavares, publicitária, de olho na cidade do alto do Mirante do Mangabeiras
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