O Bairro Juliana, na Região Norte de Belo Horizonte, aponta para o futuro com a construção da Catedral Cristo Rei, sede da Cúria Metropolitana de Belo Horizonte, com término estimado para 2021. Participando da missa na Tenda Cristo Rei, a auxiliar administrativo Solange Gonçalves, moradora da vizinha Vila Clóris, se lembra do tempo em que a cidade era mais sossegada, bem diferente da segunda década do século 21. “O mineiro demorava mais para acordar”, afirma, citando como exemplo dos novos tempos a luta pela preservação do meio ambiente, como ocorre atualmente com os vizinhos de áreas verdes que ainda sobrevivem na capital. Solange se preocupa também com a impermeabilização do solo e com as ocupações irregulares de terrenos, resultado de falta de planejamento.
Nascido no Bairro Taquaril, na Região Leste, e hoje residente em Vespasiano, Hattos Naum, eletricista desempregado, quer mais oportunidades. Ele se casaria este mês com Lívia Gonçalves, também desempregada, residente em Contagem, mas os dois foram obrigados a cancelar a cerimônia devido à crise. Agora, para pôr a vida de novo nos trilhos, vendem doces na Praça da Liberdade. O casal acredita em segurança pública e melhoria dos bairros para BH pavimentar seu futuro.
SEM SUFOCO Desde que passou a se deslocar só de bicicleta, o morador do Bairro Pompeia Pedro Adriano, dono, com o filho, de uma vidraçaria no Santa Efigênia, ambos na Região Leste, ganhou alma nova e um olhar diferenciado sobre a capital. No início da tarde de sexta-feira, ele deslizava com suavidade pela Avenida Afonso Pena, na Praça Sete, no Centro, onde trafega boa parte da frota de 1,8 milhão de veículos de BH. Com tranquilidade, ele considera urgente uma mudança “na cabeça” das pessoas. “Não é possível mais tanto carro nas ruas e avenidas. Dou minha contribuição e simplesmente não ando mais de carro”, afirmou. Para reduzir o caos ele sugere a construção de mais ciclovias.
Trabalhando na Região Centro-Sul e moradores da Região de Venda Nova, os amigos William Ribeiro Frias, de 21, funcionário de uma loja na Savassi, e Daniel Zeringota Ferreira, de 19, estudante, trafegam diariamente no Move. “Já melhorou um pouco, mas precisamos de mais”, dikz William, que cita a Avenida Vilarinho como um “nó” em Venda Nova, em especial quando chove. “A cidade precisa também de mais hospitais”, acrescenta Daniel, dando sua receita para uma capital mais saudável.
PROGREDIR
“Temos que sonhar, trabalhar e ir em frente, com muita segurança. A cidade é como qualquer um de nós, precisa de tudo isso para seguir rumo ao futuro”
Terezinha Rezende Marques, de 79 anos, moradora do Bairro Milionários, na Região do Barreiro
COLABORAR
“A população tem sempre que fazer a sua parte e o poder público, o mesmo, com responsabilidade. Acho que as obras públicas demoram muito e custam muito caro”
José Maria Gomes Júnior, vigilante, no passeio com as filhas Bianca, de 11 anos, e Ana Júlia, de 6
PLANEJAR
“Para melhorar a cidade, é fundamental acabar com os alagamentos na época das chuvas, que é resultado de desorganização, falta de planejamento e impermeabilização do solo”
Solange Gonçalves, moradora da Vila Clóris, na Região Norte, põe fé na luta pela preservação do meio ambiente
TRANSPORTAR
“A chegada do Move melhorou o transporte público, mas ainda falta fazer muito pelos passageiros. Se não houver qualidade de vida, impossível planejar o futuro”
William Ribeiro Frias, de 21, ao lado do amigo Daniel Zeringota Ferreira, de 19, moradores de Venda Nova
DEMOCRATIZAR
“O que mais gosto em BH é a quantidade de árvores. Penso que é necessário melhorar a infraestrutura urbana e dotar os bairros da periferia dos mesmos serviços da Região Centro-Sul”
Ayla Manso, 21 anos, estudante de música, curtindo a manhã na Savassi
TOLERAR
“O povo precisa ficar mais calmo, senão não dá! O trânsito está cada vez mais perigoso, a violência cresce... Sem segurança e paciência, ninguém chega ao futuro”
Felipe Avelino dos Santos, de 23 anos, motoboy, que corta a cidade de dia e faz supletivo à noite
INCENTIVAR
“Pretendíamos nos casar neste mês, mas a crise atrapalhou nossos planos. Precisamos de oportunidades profissionais, melhoria dos bairros e, principalmente, de segurança”
Hattos Naum, de 27, eletricista, vendendo palha italiana com a noiva Lívia Gonçalves, na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul
PEDALAR
“Não me locomovo mais de carro em Belo Horizonte, só de bicicleta. A cabeça da população precisa mudar e ver que ninguém aguenta tanto carro. Precisamos de mais ciclovias”
Pedro Adriano, dono de uma vidraçaria e pronto para atender um cliente na Praça Sete, no Centro