Jornal Estado de Minas

Região do Rio Doce volta a sofrer com inundações

- Foto: Coordenadoria de Defesa Civil de Mantena/DivulgaçãoDepois de sofrer na temporada chuvosa do ano passado com a lama de rejeitos liberada pelo desastre da Barragem do Fundão, em Mariana, o Vale do Rio Doce vem sendo castigado durante a atual estação com o barro arrastado por sucessivos temporais que vêm atingindo a região desde o mês passado – e, com ele, casas, pontes trechos de estradas e até pessoas. A última tempestade na região ocorreu na madrugada de ontem, causando mais estragos, especialmente em cidades mais próximas da divisa com o Espírito Santo. Em Central de Minas, a força da água no Córrego dos Macacos carregou um pedaço da MGC-381, continuação da BR-381 que segue de Governador Valadares até o território capixaba. Em Mantena, última cidade na rodovia atingida antes do estado vizinho, a chuva chegou a 122 milímetros em cerca de quatro horas, atingindo e comprometendo o abastecimento de água potável. Das três adutoras que fazem a captação para cerca de 30 mil habitantes, uma se rompeu e a enchente inviabilizou o tratamento da água captada por outras duas.


O Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER/MG) informou que o Km 42 da MGC-381, em Central de Minas, foi sinalizado para alertar os motoristas sobre o impedimento da estrada e uma equipe técnica foi enviada ao local para estudar a melhor alternativa de obras. O prazo para reconstrução da rodovia ainda não foi informado. Com o rompimento de uma rede de água no local, uma caminhonete acabou sendo arrastada e ficou submersa, mas segundo a prefeitura ninguém ficou ferido. A Polícia Militar Rodoviária (PMRv) de Governador Valadares informou que outros dois problemas em rodovias da região estão inviabilizando desvios próximos para o caminho entre Valadares e Mantena, obrigando os motoristas a passar por Aimorés e pelas cidades capixabas de Colatina, Águia Branca e Barra de São Francisco.
Por esse caminho, a viagem de 140 quilômetros passara para 410 quilômetros, quase triplicando o trajeto.

Porém, o DEER/MG garante que existe uma alternativa na própria região. De acordo com o órgão, para quem vai de Mantena a Valadares, o caminho correto é seguir pela MGC-381 até São João do Manteninha, no Km 35, e seguir por uma estrada de 15 quilômetros, sendo cinco de asfalto e 10 de terra, até a MG-417, passando pelo distrito de Vargem Grande. Depois, os condutores devem entrar à esquerda na MG-417 e seguir em direção a Mendes Pimentel, percorrendo mais 10 quilômetros de asfalto. Antes de chegar a Mendes Pimentel, nova entrada, à direita, em uma estrada vicinal leva de volta à MGC-381 após o ponto de interdição.

O desvio natural seria usar a MG-417 e a MG-311, passando por  Linópolis, Mendes Pimentel, Itabirinha, Limeira de Mantena e Barra do Ariranha antes de chegar a Mantena, mas outro ponto de interdição na MG-417 inviabiliza esse caminho. Nesse caso, o DEER/MG promete resolver o problema, viabilizando a alternativa principal. No caso do desmoronamento da MGC-381, o departamento não definiu prazo para reconstrução.

- Foto: Coordenadoria de Defesa Civil de Mantena/DivulgaçãoESTRAGOS EM MANTENA Segundo o coordenador da Defesa Civil de Mantena, Emerson Alves Leite, a cidade foi surpreendida pela quantidade inesperada de chuva. Os 122 milímetros de precipitação foram registrados apenas da meia-noite às 4h de ontem, provocando a cheia do Rio São Francisco, que corta a cidade.
Várias ruas ficaram alagadas e houve danos no pavimento em diversos pontos. “O Bairro Vila Nova foi o mais atingido, com casas invadidas pela água. Também tivemos problemas com desabamentos parciais de muros, mas a água baixou de forma considerável depois que a chuva parou. Nossa prioridade é o abastecimento de água, que teve que ser interrompido”, disse o chefe da Defesa Civil.

Segundo o Serviço de Abastecimento de Água e Esgoto, vários trechos da adutora do Córrego do Turvo se romperam. Já as adutoras dos córregos Frio e Serra Branca puxaram muita lama, o que inviabilizou o tratamento. Funcionários do Saae trabalharam ao longo de todo o dia para fazer a limpeza dos reservatórios e tentar retomar a captação.

- Foto: Arte EM

CENTRAL DE MINAS O Corpo de Bombeiros informou que Central de Minas, município onde houve a interdição da MGC-381, registrou vários pontos de inundação, mas sem ocorrências com vítimas. De acordo com o prefeito da cidade, Enéias Gonçalves Mendes, a situação é crítica.
“Eu não estava na cidade e quando cheguei fiquei sabendo dos alagamentos. A estrada que liga Mantena a Governador Valadares cedeu e uma cratera se abriu. Um carro caiu dentro do buraco, mas ninguém ficou ferido. Vamos tomar todas as medidas necessárias para a recuperação”, disse. (Com Valquiria Lopes)

Na MGC-381, água arrastou caminhonete e carregou parte da rodovia






Calendário de tempestades


18 de novembro
Comunidade de Nicolândia, distrito do município de Resplendor, é arrasada por temporal. Três córregos que cortam a cidade subiram rapidamente e a água arrastou o que havia pelo caminho, cobrindo e destruindo casas. Quatro pessoas morreram e uma segue desaparecida.

23 de novembro
Resplendor e Nicolândia voltam a ser atingidos por temporais. Deslizamentos foram registrados e moradores tiveram que deixar as casas. No distrito, a estrada de acesso foi novamente tomada pela lama.

23 de novembro
O Rio João Pinto transborda em Conselheiro Pena. O Bairro São Luiz ficou isolado.

Parte dos detentos do presídio da cidade tiveram de ser remanejados por causa da chuva. Oitenta e dois dos 150 presos foram levados para uma sala da Escola Estadual Polivalente.

25 de novembro
Marilac fica isolada após a queda da ponte sobre o Córrego do Bugre, principal ligação com Governador Valadares. A estrutura asfáltica ficava na MGC-451 e foi levada pela correnteza.

12 de dezembro
A força da água no Córrego dos Macacos, em Central de Minas, destrói parte da MGC-381, rodovia que é continuação da BR-381, seguindo de Governador Valadares até o Espírito Santo. Em Mantena, choveu o triplo do previsto: foram 122 milímetros em cerca de quatro horas. O abastecimento de água na cidade foi comprometido.

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