O mosquito Aedes aegypti virou o grande inimigo de Minas Gerais. Neste ano, o estado vive neste ano sua pior epidemia da história de dengue, zika e chikungunya. Somente da primeira doença, já foram registrados mais de meio milhão de casos prováveis e 247 mortes, números nunca alcançados no estado. Mesmo diante desse quadro inédito, a aposta é em fórmulas notadamente conhecidas para tentar evitar uma disparada das três enfermidades. Ontem, o governo de Minas divulgou seu plano para enfrentamento ao inseto, focado na mobilização dos moradores das cidades mineiras. Novidade mesmo foi o anúncio de R$ 37 milhões, liberados em novembro, para reforço das ações nos municípios.
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Minas tem mais de meio milhão de casos prováveis de dengue e 247 mortes em 2016BH tem 10 vezes mais casos de dengue este ano do que em 2015População se apresenta para ajudar nos testes da vacina contra a dengueButantan espera distribuir vacina contra a dengue até o fim de 2017Estado recomenda atenção especial contra malária no Vale do JequitinhonhaCom seis casos confirmados, Diamantina tem surto de maláriaPBH e Fiocruz confirmam parceria para usar bactéria para barrar contaminação pelo AedesRegião de BH está com alto índice de infestação do mosquito Aedes aegyptiOutro fator que leva o estado à coordenação de um plano é a troca de gestão das prefeituras, no início do ano. A mudança vai ocorrer em 76% das prefeituras mineiras. Somado a isso estão as chuvas intensas e o calor do período, que favorecem a proliferação dos focos do mosquito e sua reprodução.
Neste ano, foram repassados R$ 66 milhões aos municípios para ações de combate à dengue e às outras duas doenças associadas ao Aedes, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES). Com o novo montante, de R$ 37 milhões, as cidades poderão investir nas ações dos agentes de combate a endemias, como compra de bombas para dispersão de inseticida, compra de carros e de combustível, capacitação e deslocamento das equipes, entre outros.
“Essa é uma ação que precisa do envolvimento tanto dos governos federal, estadual e dos municípios, em um trabalho conjunto com a população. Até então, 2016, é o ano de nossa maior epidemia, com mais de meio milhão de casos prováveis de dengue”, afirma Said. Ele ressalta ainda que Minas vive atualmente um cenário diferente, com a circulação simultânea dos vírus das três doenças.
BALANÇO Dados divulgados pela SES mostram a crítica situação no estado em relação ao Aedes. Já foram confirmadas 247 mortes por dengue e outros 41 óbitos suspeitos estão sendo investigados.
A grande preocupação para 2017 é a circulação simultânea de quatro tipos da dengue, além da zika e chikungunya. Para o subsecretário, a transmissão pode ser alta por causa da baixa resistência da população. “Neste momento, temos os quatro sorotipos da dengue circulando.
CAPITAL O anúncio do plano de mobilização do estado foi bem recebido pelo secretário municipal de saúde de Belo Horizonte, Fabiano Pimenta, que também destacou o fato de quase a totalidade dos casos estar presente das residências. “A visita do agente é fundamental para orientar as pessoas sobre os cuidados, mas o grande desafio é transformar o conhecimento que a população tem em hábitos de combate que podem ser realizados em poucos minutos durante a semana”, disse. Fabiano afirmou, no entanto, que a disponibilidade de recursos para contratação de agentes seria muito importante para reforçar o trabalho.
Na capital, assim como no restante do estado, ainda não há opções de enfrentamento focadas em tecnologia ou medicação. De acordo com o secretário, há uma vacina contra a dengue já com aprovação da Anvisa, em fase de testes, mas que ainda depende da aprovação do Ministério da Saúde para incorporação no calendário oficial de vacinação. Além disso, as doses só são indicadas para a faixa etária entre 9 e 45 anos. Outra inovação ainda sendo testada é o uso da bactéria Wolbachia em mosquitos Aedes para combater a transmissão de dengue, zika e chikungunya. A bactéria, que é inofensiva aos humanos, impede os mosquitos de transmitirem os vírus..