Depois de uma sexta-feira gelada, com termômetros marcando 13,5 graus no início da manhã e não ultrapassando os 18 graus à noite – um recorde de frio que, segundo o Centro de Climatologia da PUC Minas não acontecia em um mês de dezembro na capital mineira desde 1972 –, o belo-horizontino tirou o casaco do armário e saiu para conferir as ofertas do comércio de rua ou apenas dar uma voltinha livre da chuva na manhã de ontem.
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Chuva dará trégua, mas fim de semana terá céu nublado na Grande BHGoverno de Minas cria grupo para dar assistência a cidades e vítimas da chuvaEstragos provocados por temporais levam população de Ribeirão das Neves a pedir socorroAinda antes do almoço, Elza e Cecília Filpi, de 67 e 87 anos, mãe e filha, ambas aposentadas, colocaram o casaco e saíram de casa a fim de conferir as vitrines. “Aproveitamos a trégua de São Pedro para resolver a lista de presentes.” Também na Savassi, a administradora Laís Mendes de Sá, de 22, estava passeando, bem agasalhada. “Não me lembro de um pré-Natal em BH com tanta chuva e frio”.
Ela disse ainda que o clima instável traz preocupação com tragédias. “Fico tensa com a possibilidade de alagamentos e desabamentos”, lamentou. Moradora de Contagem, Elisângela Cardoso, de 38, analista, disse que, apesar do casaco em plena primavera, gosta do clima mais ameno.
Outro que aproveitou a trégua para se distrair com a família foi o também administrador Bruno Fonseca, de 38. “Trouxe o bebê para dar uma voltinha, minha mulher e filha, todos agasalhados e de olho no céu para evitar uma chuva surpresa.” A estiagem também deve influenciar no movimento de um shopping center da região Centro-Sul, como aponta a vendedora Marina Laender, de 31. “Com o fato de não estar chovendo sem parar, muita gente se anima a sair de casa”.
FRENTE FRIA Ruibran dos Reis, meteorologista do Instituto Clima Tempo, registra que o clima gelado dos últimos dias, atípico em dezembro, é resultado da perda de força da frente fria que já estava atuando havia uma semana, vinda do Sul do Brasil.
“A frente fria pode ser entendida como uma zona climática, uma região que separa duas massas de ar com características diferentes.
Reis lembra ainda que esse fenômeno, chamado Zona de Convergência do Atlântico, é sinal de alerta. “Normalmente, quando se estabelece esse fenômeno de vários dias com chuva há riscos de inundações e deslizamentos”, avisa.
No entanto, o frio repentino e atípico sentido na sexta-feira e ontem é sinal de que a frente fria enfraqueceu. “A temperatura caiu porque a massa de ar polar do Sul se deslocou e subiu para Minas Gerais, sendo responsável pela queda nos termômetros. Prova é que nos últimos dias, mesmo com pancadas de chuva, a temperatura média estava entre 26 e 27 graus, e na sexta-feira a máxima ficou em 22 graus. Mas já no domingo (hoje) os termômetros voltam a subir e, na véspera do Natal (dia 24) não deve chover na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), apenas no domingo, dia 25, à tarde”, comenta.
VERÃO A sequência de chuva dos últimos dias não ocorria na capital desde 2008, lembra o meteorologista do Instituto Clima Tempo.
Nesse contexto, Reis afirma que o mineiro pode esperar um verão – estação que se inicia na quinta-feira, dia 22 – de muito calor e com chuvas abaixo da média nos meses de janeiro e fevereiro. Ele afirma ainda que já a partir de amanhã as temperaturas voltam a subir. “Em BH, a máxima da próxima semana deve variar entre 28 e 30 graus. Já no verão como um todo, os termômetros na capital chegarão aos 33 graus. E como terá pouca chuva, será um período mais quente. Vamos sofrer de calor”, prevê..