Ainda se recuperando do trauma de ter sido agredidos pelo comerciante Luiz Felipe Neder Silva, de 34 anos, as vítimas do crime que chocou o país no último sábado, na cidade de Três Corações, no Sul de Minas, vão cobrar na Justiça punição contra o autor. A segurança Edvânia Nayara Ferreira Rezende, de 23, e o motorista Enioberto José de Jesus, de 30, pretendem exigir reparação de danos morais por terem sido vítimas ao tentar barrar Luiz Felipe no momento em que ele agredia sua companheira, a delegada Ana Paula Kich Gontijo. Tudo ocorreu durante uma festa em um clube da cidade. Edvânia frisou ontem, em entrevista ao Alterosa Alerta, que só apanhou por ter defendido Ana Paula, que é delegada de Mulheres na cidade e fugiu do local após as agressões. Luiz Felipe que até então havia sido detido em flagrante, permanece preso em regime preventivo.
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Vídeo mostra momento em que homem que deu soco e chute em mulher agredia a esposa Agressor de mulher com soco e chute em Três Corações já tem passagens pela polícia por agressãoVídeo mostra agressão violenta contra mulher que atua como segurança em Três CoraçõesJustiça concede habeas corpus a homem que agrediu segurança em clube de Três Corações Homem que agrediu segurança em clube de Três Corações é transferido para a Grande BHGrupo é preso em apartamento no Bairro Palmares que funcionava como ponto de tráficoAo reviver o triste momento em que tudo ocorreu, Enioberto ontem lamentou tanta violência. Ele teve dois dentes quebrados depois de levar um soco na boca. “Eu estava conversando com o Luiz Felipe, que estava visivelmente bêbado e alterado. Tentava acalmá-lo. Ele então fez um gesto sugerido que pegaria uma arma. Era um canivete.
De acordo com o boletim de ocorrência da Polícia Militar, a delegada saiu do local antes da chegada dos policiais.
Questionada sobre as passagens policiais de Luiz Felipe, a assessoria de imprensa da Polícia Civil de Minas Gerais disse que, por enquanto, não repassaria essa informação à imprensa. Explicou que foram abertos inquéritos: um para lesão corporal (contra Edvânia e Enioberto) e outro baseado na Lei Maria da Penha, para apurar as agressões contra a delegada, já que o caso sé de relação conjugal. Testemunhas e vítimas foram ouvidas e a investigação continua. Sobre o fato de Ana Paula ter deixado o local, a assessoria explicou que ela também era vítima na situação. Pessoas que presenciaram o crime, relataram que ela também estaria embriagada.
Ontem, o motorista se consultou com um advogado para saber quais providências tomar no caso. “Quero a reparação dos danos que tive em minha boca. Só quero é que é direito meu. Não quero prejudicá-lo. Mas espero que ele pague pelo comportamento que teve”, disse. Ele contou que tinha ido ao clube apenas para pagar a mensalidade, já que a família dele é sócia do lugar e frequenta o local.
PREOCUPANTE Minas Gerais registrou 345 denúncias de violência contra a mulher por dia nos primeiros seis meses deste ano. As 62.567 ocorrências se referem a crimes de violência física (lesão corporal, homicídio ou feminicídio, tortura, agressão); violência psicológica (abandono material, ameaça, atrito verbal, constrangimento ilegal, maus-tratos, perturbação do trabalho ou do sossego alheio, sequestro e cárcere privado e violação de domicílio) e patrimonial (apropriação indébita, dano, estelionato, extorsão, extorsão mediante sequestro, furto, furto de coisa comum, roubo, violência moral, difamação ou injúria, calúnia, entre outros).
Os dados, que fazem parte do Diagnóstico de Violência Doméstica e Familiar nas Regiões Integradas de Segurança Pública de Minas Gerais, se referem ainda a casos de violência sexual (assédio, estupro, estupro de vulnerável, importunação ofensiva ao pudor e outras infrações contra a dignidade sexual e à família).
Segundo o balanço, divulgado em julho, os números são menores na comparação com mesmo período do ano passado, quando foram registradas 63.460, denúncias. Se considerado todo o ano de 2015, o total de denúncias chegou a 129.297, enquanto em 2014, 131785 mulheres foram violentadas.
Apesar dos números em queda, a promotora da Promotoria de Justiça de Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (BH), Patrícia Habkouk, diz que os dados são preocupantes. “A Lei Maria da Penha é considerada uma das melhores do mundo sobre o tema. É avançada por partir da concepção de que o enfrentamento a violência demanda ações integrais de prevenção, assistência, promoção, garantia de direitos, além da adequada e necessária punição do agressor. Desde o deferimento das medidas protetivas, até a punição do agressor, passando pelos cursos de reflexão para o homem e de apoio para as mulheres, a lei dá efetiva proteção a mulher”, diz.
Violência doméstica contra a mulher
62.567
É o total de registros desse tipo de violência no primeiro semestre de 2016 em Minas, sendo 7.084 em Belo Horizonte
129.297
Casos de agressão familiar à mulher registrados em Minas Gerais em 2015
15.196
Total de denúncias desse tipo de crime em Belo Horizonte em 2015
Fonte: SEDS.