Jornal Estado de Minas

Reservatórios da Grande BH atingem o maior patamar dos últimos dois anos e meio

- Foto: Arte EMAs chuvas intensas e os temporais que assustaram a população de Minas Gerais, e em especial da Região Metropolitana de Belo Horizonte, na primeira metade de dezembro não trazem apenas problemas, como alagamentos, deslizamentos de terra e desmoronamento de estruturas de engenharia. O impacto positivo foi imediato no armazenamento de água no conjunto dos três reservatórios que formam o Sistema Paraopeba, um dos responsáveis pelo abastecimento da Grande BH. Pela primeira vez em dois anos e meio, o sistema alcançou o patamar de 60% de água armazenada, situação vista pela última vez em junho de 2014. A escalada dos volumes tanto no geral quanto individualmente nas represas do Rio Manso, Vargem das Flores e Serra Azul é visível, com aumentos diários que chegaram na última semana à casa de seis pontos percentuais, como o que ocorreu na Vargem das Flores entre 14 e 15 de dezembro, passando de 45,7% para 51,7%.

As chuvas de novembro já vinham beneficiando o Sistema Paraopeba, mas os aumentos ainda eram tímidos, alcançando a casa de 0,5 ponto percentual. Com a chegada de dezembro, a chuva veio de forma intensa nos primeiros 16 dias, garantindo a escalada da água acumulada. Em todas as três represas a quantidade de chuva em dezembro se aproxima da média histórica esperada para esses lugares. No Rio Manso, por exemplo, é comum chover 328,1 milímetros (mm) em dezembro e o total chegou a 303,5mm de 1º a 18 de dezembro deste ano. Já na Vargem das Flores, o esperado no último mês do ano são chuvas de 294,3mm.
Nos primeiros 18 dias, já foram 250,2mm. Por fim, a chuva de dezembro alcança, em média, 284,6mm no reservatório Serra Azul, muito perto dos 270,7mm que já registrados neste mês.

Em entrevista recente, o diretor de Operação Metropolitana da Copasa, Rômulo Perilli, descartou a possibilidade de racionamento em 2017 na Grande BH e garantiu que as chuvas estão adiantando o processo de recuperação dos reservatórios numa velocidade acima do que era esperado. Ele também destacou que a soma dessas chuvas com a captação emergencial diretamente no Rio Paraopeba em Brumadinho, na Grande BH, inaugurada em dezembro de 2015, afasta a Grande BH de uma crise hídrica nos próximos 20 anos. Perilli disse ainda que atualmente são 90 milhões de metros cúbicos de água a mais do que a mesma época de 2015, o que garante o fornecimento mesmo em condição de seca, a não ser que elas sejam extraordinárias.

Para o doutor em recursos hídricos e professor da PUC/Minas José Magno Senra Fernandes, não é prudente garantir a segurança hídrica para os próximos 20 anos, porque os anos secos podem se repetir, da mesma forma que ocorreu nos últimos quatro anos em Minas Gerais. O especialista aponta que fatores como a repetição da seca, crescimento da região metropolitana, aumento da poluição, e uma possível volta de um crescimento econômico, que também puxa o aumento do uso da água, podem voltar a criar problemas. “Em uma perspectiva de curto prazo para um ou dois anos, realmente é possível dizer que a situação está controlada. Mas acho que não podemos garantir essa segurança para um prazo de 20 anos”, afirma.



RIO DAS VELHAS A chuva também trouxe alívio para a segunda captação, que junto com o Sistema Paraopeba atende a maior parte da Grande BH.
Acostumado a experimentar vazões em torno de 10 metros cúbicos por segundo, o Rio das Velhas voltou a registrar grandes vazões, de até 221 metros cúbicos por segundo, como no último dia 14. As chuvas de dezembro também estão se aproximando da média histórica esperada para a captação em Honório Bicalho, distrito de Nova Lima, na região metropolitana. Enquanto é comum chover 367,7 milímetros nessa região em dezembro, nos primeiros 18 dias do mês em 2016 as precipitações chegaram a 337,1 mm. A situação crítica do Rio das Velhas antes do início do período chuvoso chegou a deixar os responsáveis pela gestão da bacia em alerta, já que as vazões romperam a barreira mínima dos últimos 10 anos medida durante sete dias seguidos. Apesar das chuvas de dezembro, os especialistas afirmam que somente um trabalho de recuperação da bacia dará a segurança para a sobrevivência do manancial..