Depois de uma espera de 10 anos, os moradores de Grão Mogol, uma das cidades mais antigas do Norte do estado, veem o núcleo histórico local ser tombado pelo Conselho Estadual do Patrimônio Cultural de Minas Gerais (Conep). Em reunião na terça-feira, na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), os conselheiros aprovaram o título por unanimidade, garantindo proteção para os bens do município, cuja primeira povoação surgiu no fim do século 18. Agora, já são 11 localidades mineiras com o tombamento estadual (veja quadro).
Durante a reunião, o secretário de estado da Cultura e presidente do Conep, Angelo Oswaldo, destacou a importância do tombamento do núcleo histórico para os mineiros. “Grão Mogol é uma significativa cidade histórica, com valores patrimoniais e culturais muito característicos da região mineradora, tornando-se um dos pontos importantes de exploração do diamante. O município desenvolveu um processo sociocultural de grande significado, que é reconhecido agora como patrimônio de todos os mineiros”, disse. Ele acrescentou que o reconhecimento do Centro Histórico de Grão Mogol como bem cultural de Minas “deve ser recebido com muita alegria por toda comunidade”.
Já a presidente do Iepha-MG, Michele Arroyo, ressaltou que a atuação do instituto no Norte de Minas contribuiu para o tombamento do Centro Histórico de Grão Mogol. “Nos últimos anos, o Iepha realizou um trabalho intenso em parceria com as comunidades locais e universidades, com o objetivo de pesquisar e compreender a região do Rio São Francisco como patrimônio cultural de Minas Gerais. O tombamento de Grão Mogol reafirma um momento do Iepha de olhar para a diversidade dos centros históricos que o estado tem”, disse. Ela observou que este contexto permite fortalecer o diálogo com o poder público em relação à preservação do patrimônio cultural da cidade.
PRESERVAÇÃO
O tombamento de Grão Mogol entusiasmou o secretário municipal de Cultura de Grão Mogol, Rogério Augusto Reis Figueiredo. “A cidade foi tombada pelo município, há dois anos, e agora ganha mais esta proteção. É muito importante para preservar os monumentos que contam nossa história e impedir a descaracterização. Há muitos prédios em ruínas e acreditamos que o tombamento, além de dar mais visibilidade a nossa cidade, poderá trazer recursos para a restauração”, disse.
Com 17 mil habitantes e 167 anos como cidade, embora seja dos tempos coloniais, Grão Mogol tem com um dos principais monumentos a Matriz de Santo Antônio, toda construída em pedra. Rogério chama a atenção, e faz o convite, para que todos visitem o presépio da cidade, “o maior existente ao ar livre”, localizado no sopé de uma serra e com as imagens também de pedra. Além do interesse do Iepha, ele destaca a participação decisiva do promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda, ex-coordenador da Promotoria Estadual de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais (CPPC) e hoje atuando na comarca de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Membro do Conep, o professor da Universidade de Montes Claros, Denilson Meireles, ressalta a relevância dos trabalhos realizados pelo Iepha na Região Norte. Para ele, a região recebe merecido reconhecimento do estado. “O inventário cultural do Rio São Francisco, produzido pela equipe do Iepha, somado ao tombamento do Centro Histórico de Grão Mogol, demonstra o quanto o Norte de Minas contribui com a sua diversidade para o fortalecimento da cultura mineira”, disse o professor.
NOVA JOIA DA MEMÓRIA MINEIRA