Um presente de Natal e ano novo emoldurado pela beleza barroca, permeado de tradições e com trilha sonora do maior gabarito. A tradicional Vesperata de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, foi reconhecida pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) como patrimônio cultural do estado. A decisão foi publicada no Diário Oficial de sábado após a sanção do governador Fernando Pimental à Lei 22.456. A norma tramitou no Legislativo na forma do Projeto de Lei 2.038/15, de autoria do deputado Carlos Pimenta (PDT) e foi aprovada em 6 de dezembro.
A nova lei, que encheu de orgulho os moradores da terra de Chica da Silva e Juscelino Kubitschek e ainda os defensores do patrimônio cultural, tem o objetivo de valorizar o evento da cidade histórica, em que os músicos se apresentam das janelas dos casarões e os maestros se posicionam na rua, no meio da plateia. “Atualmente, este é nosso atrativo turístico mais importante, sempre realizado entre março e outubro, na Rua da Quitanda, ao ar livre. Chega gente de todo o canto, inclusive estrangeiros”, comemora o diretor de Ação Cultural da prefeitura local, Ricardo Luizz.
Segundo Luizz, a manifestação musical ocorre dois sábados por mês, “quando as chuvas cessam”, com participação das bandas de Música do 3º Batalhão de Polícia Militar e Sinfônica Mirim Prefeito Antônio de Carvalho Cruz, que sobem às sacadas do largo da Quitanda. “Do meio da multidão, o maestro rege a apresentação e encanta o público, que acompanha lá de baixo, sentado nas mesas espalhadas pela rua”, detalha o diretor. Em 1999, Diamantina foi reconhecida como patrimônio cultural da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
RAÍZES Embora com menos de duas décadas, a Vesperata tem raízes mais profundas, intimamente ligadas ao passado colonial. O incentivo à formação dos músicos começou no antigo Arraial do Tijuco no século 18, quando as irmandades religiosas contribuíam para o reconhecimento e a manutenção da música como ofício consolidado e seguro. Os estudos mostram que todas as celebrações religiosas da época eram cantadas, a exemplo das festas e procissões, das ladainhas, alvoradas, novenas e missas. Em todas as ocasiões, eram encomendadas músicas aos mestres de ofício.
Com a criação de um bispado em Diamantina, em meados do século 19, a ação reguladora do clero na cidade foi aprofundada e severos limites foram impostos às irmandades, que passaram a ter seu funcionamento subordinado a normas de conduta estabelecidas pela instituição. Essas novas relações de domínio culminaram no esvaziamento das funções das irmandades e, consequentemente, na redução dos recursos destinados a incentivar o ofício de músico no antigo Tijuco. A situação acabou por acelerar o amadorismo que cercou o músico diamantinense ao longo dos séculos 19 e 20, o que não chegou a afetar a riqueza musical da região. O resultado foi a apropriação cada vez maior de lugares sociais por parte dos músicos, que assumiram a responsabilidade pela capacitação dos aprendizes.
Os espaços públicos se tornaram palco de retretas. Coretos, praças e esquinas. Em uma das audições executadas no coreto da praça, João Batista de Macedo, regente da Banda do então 4º Corpo Militar de Diamantina, teve uma ideia brilhante. Inspirado pela linha de composição de uma das músicas apresentadas pela banda, o maestro posicionou os blocos de solistas nas sacadas e janelas dos casarões da antiga praça. Estava criada a Vesperata.
A disposição peculiar dos músicos foi sendo repassada entre os maestros que assumiam a regência da Banda Militar. Mas a partir da década de 1940, a tradição perdeu força e chegou a desaparecer, impulsionada pelo processo de urbanização da cidade e a criação de novas opções de lazer. Em 1997, os maestros das bandas Mirim e de Música do 3º Batalhão de Polícia Militar trouxeram de volta a Vesperata, que se celebrizou a partir do título da Unesco.
A nova lei, que encheu de orgulho os moradores da terra de Chica da Silva e Juscelino Kubitschek e ainda os defensores do patrimônio cultural, tem o objetivo de valorizar o evento da cidade histórica, em que os músicos se apresentam das janelas dos casarões e os maestros se posicionam na rua, no meio da plateia. “Atualmente, este é nosso atrativo turístico mais importante, sempre realizado entre março e outubro, na Rua da Quitanda, ao ar livre. Chega gente de todo o canto, inclusive estrangeiros”, comemora o diretor de Ação Cultural da prefeitura local, Ricardo Luizz.
Segundo Luizz, a manifestação musical ocorre dois sábados por mês, “quando as chuvas cessam”, com participação das bandas de Música do 3º Batalhão de Polícia Militar e Sinfônica Mirim Prefeito Antônio de Carvalho Cruz, que sobem às sacadas do largo da Quitanda. “Do meio da multidão, o maestro rege a apresentação e encanta o público, que acompanha lá de baixo, sentado nas mesas espalhadas pela rua”, detalha o diretor. Em 1999, Diamantina foi reconhecida como patrimônio cultural da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
RAÍZES Embora com menos de duas décadas, a Vesperata tem raízes mais profundas, intimamente ligadas ao passado colonial. O incentivo à formação dos músicos começou no antigo Arraial do Tijuco no século 18, quando as irmandades religiosas contribuíam para o reconhecimento e a manutenção da música como ofício consolidado e seguro. Os estudos mostram que todas as celebrações religiosas da época eram cantadas, a exemplo das festas e procissões, das ladainhas, alvoradas, novenas e missas. Em todas as ocasiões, eram encomendadas músicas aos mestres de ofício.
Com a criação de um bispado em Diamantina, em meados do século 19, a ação reguladora do clero na cidade foi aprofundada e severos limites foram impostos às irmandades, que passaram a ter seu funcionamento subordinado a normas de conduta estabelecidas pela instituição. Essas novas relações de domínio culminaram no esvaziamento das funções das irmandades e, consequentemente, na redução dos recursos destinados a incentivar o ofício de músico no antigo Tijuco. A situação acabou por acelerar o amadorismo que cercou o músico diamantinense ao longo dos séculos 19 e 20, o que não chegou a afetar a riqueza musical da região. O resultado foi a apropriação cada vez maior de lugares sociais por parte dos músicos, que assumiram a responsabilidade pela capacitação dos aprendizes.
Os espaços públicos se tornaram palco de retretas. Coretos, praças e esquinas. Em uma das audições executadas no coreto da praça, João Batista de Macedo, regente da Banda do então 4º Corpo Militar de Diamantina, teve uma ideia brilhante. Inspirado pela linha de composição de uma das músicas apresentadas pela banda, o maestro posicionou os blocos de solistas nas sacadas e janelas dos casarões da antiga praça. Estava criada a Vesperata.
A disposição peculiar dos músicos foi sendo repassada entre os maestros que assumiam a regência da Banda Militar. Mas a partir da década de 1940, a tradição perdeu força e chegou a desaparecer, impulsionada pelo processo de urbanização da cidade e a criação de novas opções de lazer. Em 1997, os maestros das bandas Mirim e de Música do 3º Batalhão de Polícia Militar trouxeram de volta a Vesperata, que se celebrizou a partir do título da Unesco.