Desde a criação da Fundação Renova, em agosto, foram atendidos 40 municípios mineiros e capixabas ao longo dos 700 quilômetros do Rio Doce, numa área do tamanho de Portugal, iniciada a recuperação de 5 mil nascentes, em parceria com o Instituto Terra, resgatados, nos distritos e subdistritos impactadas 2 mil bens arquitetônicos de igrejas (peças sacras, documentos e tecidos), assistidos 7 mil animais e assumido o compromisso de revegetação de 40 mil hectares. “Estamos agora numa segunda fase, que é entender a realidade de cada um em todos os sentidos, aprofundar a compreensão das diversas comunidades, já que são situações absolutamente heterogêneas. Cada caso é um caso, são necessárias soluções individuais quanto a indenização, recomposições de áreas agrícolas, regularização de propriedades ribeirinhas de acordo com o Código Florestal e outras”, diz Waack. Ele destaca que a Renova e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG) assinaram um contrato de prestação de serviços para a recuperação das propriedades atingidas pelo rompimento da barragem. A expectativa é que em três anos possam ser vistos os primeiros resultados sociais, ambientais e econômicos.
OBJETIVOS “São muitos desafios, sendo o maior deles a governança, pois precisamos de soluções técnicas para problemas que vão surgindo”, diz o presidente da Fundação Renova, que tem 41 programas e 150 projetos a serem conduzidos. Ele explica que ainda vai demorar um tempo para que seja desfeita a confusão, pela população, entre a Fundação Renova e a Mineradora Samarco S.A. e suas controladoras Vale e BHP Billiton, donas da Barragem do Fundão. “Isso precisa acabar. Temos que olhar para o futuro, envolver e mobilizar as comunidades para fazer nosso trabalho, conciliando os aspectos sociais, ambientais e econômicos”, afirma.
A Fundação Renova é uma instituição autônoma e independente constituída para reparar os danos causados pelo rompimento da Barragem do Fundão. Entidade privada, sem fins lucrativos, foi criada para “garantir transparência, legitimidade e senso de urgência a um processo complexo e de longo prazo”. A fundação foi estabelecida por meio de um Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC), assinado entre Samarco, suas acionistas, os governos federal e dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, além de uma série de autarquias, fundações e institutos (como Ibama, Instituto Chico Mendes, Agência Nacional de Águas, Instituto Estadual de Florestas, Funai, secretarias de Meio Ambiente e outros).
Projeto Novo Bento
Uma das maiores expectativas dos moradores do antigo subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na Região Central, arrasado pelos rejeitos de minério vazados da Barragem do Fundão, é ver concluído o projeto definitivo do local onde vão residir. Segundo o presidente da Fundação Renova, Roberto Silva Waack, o projeto urbanístico vem sendo construído conjuntamente com a comunidade, a comissão de representantes e a Cáritas, assistência técnica que apoia a comunidade nas decisões relacionadas ao processo de reparação. “A partir do diálogo com as famílias em relação ao projeto do novo Bento, ficou claro o desejo de se respeitar e manter as relações de vizinhança. Em função disso, o desenvolvimento do projeto está sendo feito por meio de discussões com pequenos grupos de famílias vizinhas. A previsão é de que esses debates aconteçam ao longo dos próximos dois meses para que todas as famílias possam dar sua contribuição ao projeto”. A expectativa é de que o novo Bento Rodrigues fique pronto em março de 2019. Com 375 hectares, o terreno na localidade de Lavoura, eleito pela comunidade e adquirido pela empresa, fica a oito quilômetros do subdistrito destruído pela lama.