O delegado titular da 2ª delegacia de Venda Nova, Leonardo Estevam Lopes, foi suspenso do exercício de suas funções e do porte de arma de fogo por decisão judicial da Vara Criminal de Inquéritos Policiais da Comarca de Belo Horizonte, expedida na última sexta-feira e publicada pelo Diário Oficial do Estado no último sábado. Como informou com exclusividade a reportagem do Estado de Minas no último dia 9, o delegado é investigado pela Corregedoria da Polícia Civil por suspeita de negociar o alívio de investigações a traficantes de drogas. O pedido de afastamento do servidor foi pedido pela própria corporação que investiga Lopes por suspeita de extorsão, corrupção e prevaricação. Três áudios em que ocorre uma negociação entre advogados traficantes e um homem que pode ser o delegado, ainda são periciados para verificar se se trata mesmo do policial civil. Numa dessas gravações é cobrado um valor de R$ 350 mil para que o inquérito contra um grupo de traficantes cessasse. Em outro, é explicado que isso seria feito por meio de adulterações e da inserção de informações falsas no inquérito policial contra os criminosos.
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A voz que seria do policial então sugere facilitar a forma de pagamento. “Vou falar para vocês de boa, melhor matar isso de uma vez. Marca aí, dezembro traz (parte da propina), janeiro traz... Vai ser bom para a gente, para vocês, porque assim como pessoas ficam de olho na gente, ficam de olho em vocês também. Eu que cheguei até você (suspeito), mas o Deoesp (Departamento de Operações Especiais da Polícia Civil) está atrás de você, Tóxicos (Delegacia Especializada de Repressão Antidrogas) está atrás de você...”
O suspeito de tráfico então se mostra desconfiado e quer saber se suas atividades ilícitas serão deixadas de lado com o acordo oferecido.
Mais seguro dos benefícios que poderia ter, o traficante então acerta um primeiro pagamento.