Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) poderão funcionar com um número menor de médicos do que o mínimo exigido atualmente. A mudança, anunciada ontem, pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, é a estratégia encontrada pela pasta para tentar colocar em operação unidades que estão construídas e permanecem fechadas por falta de interesse dos municípios.
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A nova regra, que será publicada hoje no Diário Oficial da União, amplia as opções de UPAs para oito níveis. No mais baixo, serão necessários apenas dois médicos, que deverão se dividir para trabalho em turnos de 12 horas. As exigências para UPAs do maior porte da tabela não foram alteradas. Elas poderão funcionar com um mínimo de nove médicos.
FALTA INTERESSE
Estão em funcionamento no país 520 UPAs. Outras 165 unidades concluídas não foram inauguradas. De acordo com o ministério, por falta de interesse dos municípios em colocá-las em operação.
Segundo o ministro, em 170 unidades, pelo menos 90% das obras já foram concluídas, mas prefeitos evitam inaugurá-las, justamente por não ter condições de custear o serviço. Barros espera que com a mudança prefeitos sintam-se motivados a inaugurar as unidades.
As UPAs são estruturas de complexidade intermediária entre as Unidades Básicas de Saúde e o atendimento de emergência dos hospitais. De funcionamento 24 horas, oferecem, por exemplo, aparelhos de imagem e exames de diagnóstico, além de leitos para internação. Assim que o programa foi criado, o ministério recebeu uma extensa lista de municípios interessados em participar do programa. No entanto, diante da necessidade de municípios ofertarem uma contrapartida – incluindo aí o pagamento de profissionais – o programa emperrou. Muitos prédios foram construídos e, mesmo com equipamentos, ficaram sem uso.
Há pelo menos seis meses o governo tenta encontrar uma solução para o problema. Entre as propostas apresentadas estava dar outro destino para instalações. O Tribunal de Contas da União, no entanto, não permitiu a mudança.
A alternativa encontrada, no entanto, vai na contramão do que é defendido por especialistas em redes de saúde: concentrar o atendimento mais complexo, como exames de imagem, para evitar ociosidade de equipamentos.