Ainda sem certeza de como será a política de financiamento das cirurgias eletivas, a Secretaria Municipal de Saúde teme que haja mais dificuldades na oferta dos procedimentos. Isso porque, segundo o secretário da pasta, Fabiano Pimenta, não existe uma proposta, pelo menos a curto prazo, para que o Ministério da Saúde retome o programa de financiamento das cirurgias eletivas, como ocorria antes. Além disso, o governo estadual, que já vinha cofinanciando os procedimentos sem regularidade nos pagamentos, ainda não definiu como será a estratégia de repasses em 2017. Com todos esses fatores, o resultado pode ser trágico: “Cada vez mais, essas demandas, que são eletivas, podem se tornar de urgência e emergência, na medida em que várias delas tendem a se agravar pelo decurso do tempo. E isso fica muito mais caro para o sistema”, critica o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Saúde do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Gilmar de Assis.
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Corte no financiamento aumenta fila de espera por cirurgias eletivas em BHUPAs poderão funcionar com número de médicos menor que o exigido, anuncia ministroO promotor Gilmar de Assis reconhece o esforço do município e do estado para manutenção das eletivas, mas explicou que alguma medida precisa ser adotada para evitar o aumento contínuo da fila e a cronicidade do estado de saúde dos pacientes. E critica a disparidade da oferta de serviços de saúde no Brasil. Ele explica que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) – que regulamenta os planos de saúde e se submete à aprovação do Ministério da Saúde – determinou o prazo máximo de seis meses para realização de cirurgias eletivas particulares. “Por que o próprio Ministério da Saúde não adota essa política nos procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS)? Os dois sistemas devem ser equânimes, porque o ser humano é o mesmo”, cobra. E ainda faz um alerta: “A tendência é que cada vez mais pacientes recorram à busca de solução na Justiça. Nesses casos, a judicialização às vezes é o caminho”, diz
Repasses
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, a estimativa é que entre março 2015 e o corrente mês, a pasta tenha repassado a Belo Horizonte o total de R$ 70,8 milhões para realização de cirurgias eletivas assim distribuídos: R$ 47,5 milhões referentes a procedimentos realizados em 2015; R$ 5 milhões de um repasse extra, feito em setembro deste ano para acerto de contas do período de agosto de 2015 a março de 2016.
Os incentivos às cirurgias eletivas foram propostos pelo Ministério da Saúde a partir da PT 1.340/2012 e tinham custeio com recurso federal. Essa lógica foi mantida pelo ministério até dezembro de 2015, segundo a secretaria. Em Minas, os recursos federais para custeio das cirurgias eletivas e incentivos se esgotaram na maioria dos municípios em março de 2015. A partir de então, visando garantir a continuidade da política, o estado custeou com recursos próprios a estratégia para todo o estado até dezembro de 2016, investindo R$ 97,7 milhões provenientes de remanejamento de blocos de financiamento (Deliberação 2.192/2015) e no segundo semestre de 2016 R$ 15 milhões provenientes do tesouro estadual (Deliberações 2.378/16 e 2.410/16).