Emoção marca queima de fogos do réveillon na Pampulha

Cerca de 150 mil pessoas assistiram à tradicional queima de fogos na orla da lagoa, celebrando a chegada de 2017 em festa ainda mais animada pelo título concedido ao conjunto arquitetônico

Mateus Parreiras
Por 12 minutos, os fogos iluminaram a orla repletas de pessoas, emocionando o público, que vibrou com o show pirotécnico e aplaudiu a chegada do ano novo - Foto: Marcos Vieira/EM/DA Press
O brilho e a cor dos fogos da despedida de 2016 e as boas-vindas a 2017 serviram de marco para uma nova fase da orla da Lagoa da Pampulha, que de esquecida nos últimos 30 anos, agora vem sendo despoluída e recebeu o título de Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. Brindando nesse clima, durante a maior festa de passagem de ano da capital mineira, o 27º Réveillon da TV Alterosa, na Pampulha, estavam 150 mil pessoas comuns, com suas famílias e amores aguardando um ano melhor, e também quem têm uma ligação especial com o conjunto arquitetônico, como o engenheiro Armando Vignoli, de 58 anos, e sua mulher, a professora Ana Paula Vignoli, de 52. O irmão de Armando, o artista plástico belo-horizontino Fernando Vignoli, morreu em 13 de dezembro e tem obras expostas no PIC-Pampulha Iate Clube, ao lado de telas de Portinari. “Nosso brinde é em sua memória e também nesse clima de patrimônio, que para nós emociona especialmente. Um brinde com desejo de que voltemos a uma situação de 5 anos atrás, com paz global e nesse clima aqui de Juscelino Kubitschek e Oscar Niemeyer”, desejou Armando.

Por 12 minutos os fogos iluminaram a orla repleta de pessoas, refletindo no espelho d’água desde a imagem de Iemanjá, passando por elementos tombados como o Iate e a igrejinha de São Francisco de Assis, chegando ao vertedouro. Emocionando, o público vibrou com o show pirotécnico e, ao final, entre espocar das rolhas de champagne e espumante, aplaudiu a chegada do ano novo. Nos ombros do pai, o advogado Roberson Amorim Leite, de 52, a pequena Giovanna Vallentin Leite, de 4, estava ansiosa pela queima. “Ela só falava disso o dia todo.
Que queria ver os fogos. Viemos para diante da igrejinha e encontramos um espaço excelente bem de frente para ver o espetáculo”, disse Roberson. E quando as luzes riscaram o céu, os olhos dos expectadores não desgrudaram mais do alto. “O clima aqui é contagiante, não conhecemos ninguém, mas sentimos uma atmosfera de gente querendo paz, honestidade e uma vida melhor para todos”, completou a mãe de Giovanna, a também advogada Maria Sílvia Barbosa, de 50.

Algumas crianças dormiram nos colos ou até em leitos improvisados pela orla, como a família de Sara Cardoso, de 5, que estendeu um edredom em frente à igrejinha para que a pequena descansasse até a hora da queima de fogos. “Ela nos fez prometer que a acordaríamos na hora do show. Já estive aqui uma vez e foi maravilhoso. Hoje trouxe minha família, porque a passagem com eles é começar bem o ano”, afirma o caminhoneiro Lucas Perdomo, de 39, pai de Sara, que levou a esposa e a mãe para o evento.

Armando Vignoli e sua mulher Ana Paula brindam em memória do irmão e cunhado Fernando Vignoli, autor de obras expostas no Iate, e ao título concedido à Pampulha - Foto: Marcos Vieira/EM/DA PressNa Praça São Francisco de Assis, muita gente se acomodou para ter uma visão mais ampla da queima por boa parte do espelho d’água. “Vim com a família e este champagne que estourei é para trazer mais esperança a todos nós”, desejou Yan Felipe de Almeida, de 25, que estava perto dos degraus centrais da praça. Do outro lado, próximo ao Parque Guanabara, brindava com vinho tinto a família Radicchi. “A queima foi sensacional, vibrante, emocionante. Nos sentimos muito bem, nesse clima democrático, com pessoas de todos os lugares querendo o bem”, disse a projetista Lidice Radicchi, de 61. O irmão dela, o bancário Tulio Radicchi, de 58, acha que o momento agora é de esperança. “Somos um povo que acredita, não temos problemas de religião nem guerra entre raças, temos tudo para sair dessa crise e voltar a prosperar como uma nação unida.
São nossos votos”, desejou o bancário.



SEGURANÇA
A estrutura do evento permitiu uma festa sem maiores incidentes. Nas ruas de acesso à orla e nas áreas de concentração, a segurança foi intensa, com policiais militares e guardas municipais. “A gente até se animou a tirar fotos de selfies, porque quando chegamos vimos muitos policiais. Isso dá muita tranquilidade”, disse a atendente Jaine Barbosa, de 19, que saiu com a prima Rayume Barbosa, de 18, do Bairro Palmares, na Região Nordeste, para assistirem pela primeira vez à queima de fogos. “Os policiais até nos deram conselhos de segurança, como a gente manter a bolsa na frente e observar sempre quem está por perto”, elogiou Rayume. As duas saíram a caráter, de vestido branco e adereços dourados e vermelhos. “A gente dá os sete pulinhos para pedir sorte, o branco é da paz, o dourado é para vir muito dinheiro neste ano e o vermelho para um namorado”, brinca Jaine.

Em acessos estratégico e entre a multidão circularam 100 vendedores ambulantes cadastrados pela Regional Pampulha da Prefeitura de BH. Também fizeram parte da estrutura do entorno dos pontos de visualização dos fogos 300 banheiros químicos. A TV Alterosa também providenciou o isolamento e separação dos patrimônios históricos da Lagoa da Pampulha (Museu de Artes, Casa do Baile e Igreja de São Francisco de Assis). A emissora faz todos os anos um inventário fotográfico das condições do patrimônio público antes do evento, para que possa providenciar o reparo de tudo aquilo que eventualmente seja danificado, como lixeiras, monumentos, bancos e outros.
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