Um surto de malária identificado no município de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, trouxe alerta para as autoridades sanitárias estaduais e preocupa a população.
Em todo o estado de Minas Gerais foram registrados sete casos em 2016. Além dos seis de Diamantina, outro paciente desenvolveu a doença em Simonésia, na Zona da Mata. No ano de 2015 inteiro, foi registrado apenas um caso, em Lima Duarte, também na Zona da Mata. O último tratado em Diamantina foi um caso importado, em 2012, segundo o Datasus. O local que é tratado pela Diretoria de Vigilância Ambiental/Superintendência de Vigilância Epidemiológica Ambiental e Saúde do Trabalhador/Subsecretaria de Vigilância e Proteção à Saúde como o Local da Provável Infecção (LPI) é o garimpo de Areinha, que fica a 140 quilômetros do centro de Diamantina e tem uma população que chega a 2 mil garimpeiros, muitos deles vivem na sede do município.
Todos os doentes estão sendo tratados com medicamentos específicos contra a malária, mas já receberam alta da Santa Casa de Misericórdia de Diamantina.
Já foram alertados todos os municípios de limite com o município de Diamantina e as áreas de municípios que possuem divisa ou estão ao longo do rio Jequitinhonha onde há atividade do garimpo. A nova equipe da prefeitura de Diamantina marcou para hoje uma reunião com a SES para se colocar a par das medidas que podem ser tomadas para garantir a segurança da população e o tratamento de possíveis doentes.
Até o momento, segundo o último informe da SES, houve o deslocamento de equipe para investigação e busca ativa de casos no local provável de infecção. Profissionais de saúde dos municípios estão sendo capacitados para o diagnóstico da malária. Medicamentos, kits diagnóstico e de medicamento específico e insumos para o tratamento dos casos estão sendo enviados, bem como material informativo sobre a malária para ser distribuído na área do provável local de infecção.
Está previsto também a adoção de medidas imediatas de prevenção e controle da malária no local, entre elas a borrifação com inseticidas dos LPI. Foi emitido também um alerta para todas as Unidades Regionais de Saúde e para o Ministério da Saúde alertar outros estados sobre a transmissão da malária na área de Garimpo de Areinha, já que há trabalhadores de várias regiões do estado e do país naquele local. Uma videoconferência para os profissionais de saúde sobre a vigilância e tratamento da malária também foi agendada para todas as Unidades Regionais de Saúde.
A malária é uma doença febril aguda. Das cinco espécies causadoras da malária humana, o Plasmodium falciparum, o mais letal, e o Plasmodium vivax, são os mais comuns no Brasil. Em poucos dias de infecção o P. falciparum propicia quadro grave, por isto, todo suspeito de malária deve, de imediato, ser submetido ao exame laboratorial.
Os sintomas iniciais são comuns as diferentes espécies de plasmódio. O quadro clínico típico é caracterizado por febre, calafrios, fraqueza, cefaleia, mal-estar. É necessário o exame laboratorial, além disso, avaliação do histórico de deslocamento do paciente suspeito como o diagnóstico diferencial nos casos com febre, particularmente naqueles com história de viagens a áreas de risco. O diagnóstico correto só é possível pela demonstração do parasita ou antígenos relacionados no sangue periférico do paciente.
A malária ocorre de forma endêmica, principalmente na Região Norte do Brasil (nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), em outros países amazônicos, no continente africano e outras áreas tropicais. No Brasil, existe transmissão residual de malária no Piauí, no Paraná e em áreas de bioma da Mata Atlântica nos estados de São Paulo, Rio de janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Nessa área não endêmica, o Brasil registra menos de 1% do total de casos do país. Porém, a letalidade por malária é até 100 vezes maior do que a detectada em área endêmica.