A celebração terá destaques religiosos e culturais. Na tarde ensolarada de ontem, o pró-reitor do Santuário de Nossa Senhora da Piedade, padre Carlos Antônio da Silva, rezou com os fiéis dentro e fora da capela e pediu graças para as famílias, os jovens e a todos os chegam ao topo do maciço.
O movimento na serra deverá ser ainda maior no domingo, quando, logo após a missa das 11h, haverá apresentação de um grupo de folia de reis nos vários presépios montados na ermida, Igreja Nova das Romarias, Cripta São José, lanchonete e outros pontos, antecipa o reitor do santuário, padre Fernando César do Nascimento. “Estamos de braços abertos para acolher os peregrinos, que aqui chegam movidos pela fé”, disse, adiantando que o dia 15 será especial na programação, com a entronização da imagem peregrina de Nossa Senhora da Piedade. “Queremos, em 2017, valorizar o dia 15 de cada mês, pois o dia da padroeira é 15 de setembro. Em fevereiro, vamos fazer a entronização da imagem nas paróquias da Arquidiocese de BH”, explicou.
A assistente social e professora aposentada Maria José Lisboa de Souza, moradora de São José dos Campos (SP), é das primeiras peregrinas que chegam à Serra da Piedade na comemoração dos 250 anos de romarias. Acompanhada do marido, José Macrino de Souza, dentista, ela ficará uns dias na hospedaria a fim de celebrar 15 anos de união matrimonial.
“Já fizemos a pé o caminho de Santiago de Compostela, fomos a Aparecida (SP) e viemos agora à Serra da Piedade”, contou. “De carro”, acrescentou José, com bom humor. Maria José explicou que o casal, que não tem televisão, estava na residência de amigos, na cidade natal, para ver o encerramento do Ano da Misericórdia, pelo papa Francisco, quando viu uma foto do santuário, que ambos não conheciam. “Aí, eu falei: vou lá. E estamos aqui”, afirmou o dentista.
ÁGUA BENTA De cadeira de rodas, devido à amputação das pernas aos 11 anos, resultado de um acidente de bonde, a dona de casa Nívia Maria da Rocha, de 71, residente em Vitória (ES), acompanhou a liturgia e depois sorriu agradecida ao receber a água benta aspergida pelo padre Carlos Antônio. “Sou filha de Nossa Senhora”, disse Nívia, emocionada, enquanto tocava com a ponta dos dedos a réplica da imagem da Pietá mineira, que foi colocada no andor no adro da ermida. Acompanhada do padre Joaquim Canzian, da diocese de Cachoeiro do Itapemirim (ES), ela reafirmou sua devoção. “Estou muito feliz por estar na Serra da Piedade”, disse.
Um dos momentos mais bonitos da cerimônia se deu quando o padre Carlos Antônio tomou nos braços o recém-nascido Augusto, de apenas 44 dias, e o elevou até a imagem da padroeira, rezando pelas crianças e pelos jovens. Os pais, Sócrates Penna e Viviane Silvestre Penna, de Ibirité, na Grande BH, se emocionaram. “Só tenho que agradecer tantas bênçãos alcançadas. O mundo precisa de fé, só assim alcançará a paz”, afirmou Viviane, que é professora.
Segundo o reitor, haverá uma ampla programação, em 2017, na Serra da Piedade, reunindo espiritualidade, cultura, folclore, história e a “piedade popular”. Ele disse que o objetivo é envolver neste jubileu da peregrinação, cuja grande data será 30 de setembro, todos os bispos, padres e demais religiosos das dioceses e paróquias de Minas. Entre as novidades estão a construção da Via do Peregrino, com 5,5 quilômetros de extensão, do sopé ao topo da serra, parceria da arquidiocese com o governo de Minas, e a implantação de um sistema de transporte, via locomotiva, para levar os visitantes até a ermida, sem causar impactos ao maciço com a circulação dos carros de passeio.
Sobre o Museu Maria Regina Mundi (do latim, Maria Rainha do Mundo), que ocupará o espaço antes cedido à Aeronáutica, padre Fernando informou que foi concluída a demolição das antigas construções, estando prevista a inauguração para o fim do ano.
CONSTRUÇÃO A história do santuário da padroeira de Minas começa no século 18, com o relato de um milagre: a Virgem Maria teria aparecido para uma jovem surda, no alto da Serra da Piedade. A partir daquele dia, a garota passa a falar e a ouvir, o fato se espalha rapidamente por toda a região e muita gente chega ao topo do maciço para rezar.
O episódio toca o coração do português Antônio da Silva Bracarena, então na colônia para ganhar dinheiro. Ele se converte e decide dedicar sua vida à construção de uma capela no lugar onde ocorrera o milagre. O singelo templo dedicado a Nossa Senhora da Piedade começa a ser erguido em 1767 e, mais tarde, ganha a imagem esculpida por um jovem de Ouro Preto, depois reconhecido como mestre do Barroco mineiro – Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO
Domingo
» Folia de reis logo após a missa das 11h. Visita aos vários presépios montados na ermida, Igreja Nova das Romarias, Cripta São José, lanchonete e outros pontos do alto da Serra da Piedade
15 de fevereiro
» Entronização da imagem peregrina de Nossa Senhora da Piedade nas diversas paróquias pertencentes à Arquidiocese de Belo Horizonte
De 25 de fevereiro a 1º de março
» Início do retiro de carnaval, com o tema Caminhar no mistério de Deus junto com Maria, na Casa dos Peregrinos. Inscrições e informações: (31) 3651-6335 e sensp.hospedagem@arquidiocesebh.org.br
6 a 10 de março
» 22º Encontro Nacional de Santuários do Brasil
Abril
» Durante o mês, nos fins de semana, apresentações culturais e religiosas de Minas Gerais
Até dezembro
» Haverá shows no alto da Serra da Piedade, com datas a serem confirmadas, dos padres cantores Fábio de Melo, Zezinho e Reginaldo Manzotti, das cantoras Elba Ramalho, Maria Bethânia e outros artistas
Fonte: Arquidiocese de Belo Horizonte
Saiba mais
EXPOSIÇÃO ITINERANTE
As comemorações não ficarão restritas ao santuário localizado no topo da Serra da Piedade, em Caeté. O aeroporto internacional de Belo Horizonte, em Confins, sediará, a partir de segunda-feira, a exposição itinerante sobre a história do Santuário Nossa Senhora da Piedade. As belezas naturais, históricas, culturais e religiosas do santuário dedicado à padroeira de Minas Gerais serão apresentadas por meio de painéis, que reúnem textos e imagens. Esses registros retratam acontecimentos históricos que marcaram os 250 anos de peregrinação ao santuário, a exemplo do início da construção da ermida da padroeira, no século 18.