Maciço da Serra do Curral guarda outras curiosidades e surpresas em área de visitação

Destroços de aeronave que caiu em 2010 ainda estão no mesmo lugar e dão sinais de que não foram manipulados desde a época do acidente

Mateus Parreiras
Restos de avião que caiu na Serra do Curral matando pai filho permanecem no local desde 2010 - Foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS
A área de visitação restrita da Serra do Curral ainda guarda curiosidades e surpresas como os destroços de uma aeronave que caiu em 2010 matando pai e filho. As carenagens carbonizadas e peças metálicas retorcidas se espalham próximas às tubulações dos aspersores contra incêndios instalados pela mineradora Vale e, apesar da destruição, não parecem ter sido movidas nos últimos anos.

O acidente ocorreu no início da manhã de 25 de fevereiro e as duas vítimas, Tanus Sales, de 76 anos, e o filho Rafael Tanus Pascoal Sales, de 27, eram empresários do ramo de táxi aéreo. O avião em que eles estavam, de modelo Cessna Aircraft 310, prefixo PT-OID, retornava de Leopoldina, na Zona da Mata, mas entrou numa área de baixa visibilidade devido à neblina.

De cima, a mancha branca parece indistinguível no mato alto, mas ao se aproximar dos destroços dá para se identificar nitidamente a cauda da aeronave, partes do trem de pouso e das correias que acionam os flaps. Pelas condições do metal seria mesmo difícil supor que alguém sairia vivo daquele acidente. Desde então, ninguém quis remover os destroços do seu local de impacto, sendo que o local de queda fica entre Nova Lima e Belo Horizonte.

Seguindo as tubulações chega-se aos aspersores que podem ser vistos do pé da serra despejando jatos de água contra incêndios. O que só se vê de cima é que abaixo desses canos de metal formou-se uma grande erosão de água que expôs o solo, provocou desmoronamentos e pode abrir mais uma cicatriz na serra, que já tem ao longo de sua cadeia várias escavações de mineradoras, inclusive uma lagoa formada na antiga cava da Mineração Águas Claras.

De acordo com a Vale, no final de setembro foi identificada “a ocorrência de processo erosivo na serra causado pelo vazamento do sistema aspersor.
O problema foi causado por atos de vandalismo. O vazamento foi identificado e reparado no mesmo dia, garantindo a continuidade da umidificação da serra, com objetivo de prevenir queimadas na área durante o período de seca. A empresa está avaliando tecnicamente com os seus especialistas em geotecnia a melhor solução para correção do processo erosivo, causado pelos atos de vandalismo, considerando as especificidades do local”.

Perto dali, abaixo das pedras pontiagudas que se pronunciam sobre a Avenida José do Patrocínio Pontes há várias peças de exploradores, como capacetes, dependuradas em árvores em lugares de acesso muito difícil, sinais de que mesmo proibida, aquela região é ainda muito visitada.

Cava da mineradora Vale, que fica localizada atrás da Serra do Curral, onde se formou uma lagoa - Foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS.