Um dos pontos que levantou dúvidas sobre a conclusão do inquérito da Polícia Civil é um laudo conseguido pela família no Hospital Odilon Behrens. “A sogra dele apresentou para a gente uma cópia de parte de um processo do hospital que demonstra que ele morreu dentro da unidade de saúde. Ele apresentava a costela quebrada, hematomas e lesões em todo o corpo em função de ter apanhado no Mineirão.
Outro questionamento feito por Willian Santos é a negativa da polícia em dar acesso ao inquérito ao advogado contratado pela família. “Ele não teve acesso às investigações mesmo com o pedido da OAB. A polícia não indiciou ninguém e disse que a morte foi por forma fortuita. Então, concordamos com a família. Se o sujeito morre com várias lesões comprovadamente, com sinais de que foi espancado, está tudo diferente do inquérito. Então, vamos pedir ao Ministério Público de Minas Gerais que não aceite o inquérito”, explicou Santos.
As investigações da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) foram concluídas em 24 de novembro. De acordo com o delegado Luiz Otávio Mattosinhos, responsável pelo caso, Eros e uma amiga tinham ingressos para o setor vermelho para assistir à partida entre Cruzeiro e Grêmio pela semifinal da Copa do Brasil 2016. Porém, ele queria passar para o setor laranja, que tem ingresso mais barato, onde estava outro grupo de amigos.
As imagens das câmeras de segurança do estádio mostram o torcedor e a mulher passando pela catraca às 21h36. Algum tempo depois, ele se aproxima da grade que separava os dois setores e conversa com o segurança para tentar entrar no laranja. As imagens mostram o funcionário apontando para a câmera, informando que era proibido.
Depois disso, o segurança procura imobilizar Eros, tentando segurá-lo pelo braço, mas ele consegue se desvencilhar. O homem ainda tenta aplicar duas rasteiras no torcedor, sem sucesso, e leva dois socos. No meio da briga, os dois bateram contra uma porta, que não resistiu ao peso. As câmeras não mostram o que ocorreu dentro da sala, já que o espaço, usado como depósito, não era monitorado por câmeras. Foi dentro do cômodo que ocorreu a eletrocussão. Segundo a Polícia Civil, os dois caíram no chão e Eros acabou encostando em uma lanterna que estava sendo carregada junto a um benjamim. Nesse momento, de acordo com as apurações, Eros levou um choque de 220 volts.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, durante as investigações, a equipe da Delegacia de Homicídios Noroeste analisou, além de vídeos, 10 laudos - seis do instituto de criminalística e quatro do Instituto Médico Legal (IML) - e depoimentos de 11 testemunhas: seguranças, a esposa da vítima, a médica e enfermeiras que prestaram os primeiros atendimentos, torcedores amigos da vítima e o funcionário do Minas Arena responsável pela sala. Ninguém foi indiciado pelo caso.