Os infratores, agora, recorrem a grupos de WhatsApp para que guardadores de carros avisem aos condutores da chegada do agente de trânsito. O alerta possibilita a motoristas que trabalham ou estudam na região chegar aos veículos a tempo de preencher o faixa azul. Em contrapartida ao aviso e à reserva das vagas, desembolsam uma espécie de mensalidade aos flanelinhas, cujo valor oscila de acordo com os bairros.
Deixar de pagar o faixa azul é infração grave, que rende ao motorista cinco pontos na carteira nacional de habilitação (CNH) e multa de R$ 195,23. De janeiro a dezembro do ano passado, a Guarda Municipal autuou 29.650 infratores. O conluio entre flanelinhas e condutores ocorre em bairros como a Savassi, onde boa parte dos quarteirões permite a parada por até duas horas. “A folha do rotativo custa R$ 4,10 e a mensalidade no estacionamento privado está em quase R$ 300. Faço parte de um ‘zap’ que me avisa da chegada da Guarda Municipal, da PM ou da BHTrans”, confidencia um jovem.
“Como pretendemos resolver isso? Com o estacionamento rotativo eletrônico, que está na pauta deste ano, de 2017”, disse o diretor da BHTrans.
OPERAÇÃO A previsão é que funcione da seguinte forma: o motorista baixará um aplicativo no smartphone, credenciará a placa do carro no programa, comprará créditos por meio da operadora de cartão e, ao parar num quarteirão, fará o login. O sistema, então, identificará o horário em que o veículo foi estacionado, fechando o cerco a quem burla o faixa azul em papel.
“O programa identificará quanto tempo o carro pode ficar lá. Vamos supor que o limite no quarteirão seja de uma hora e, depois, a pessoa vá para outro em que o prazo máximo é de cinco horas. Ela logará no sistema com o mesmo cartão que já usou no anterior. Não pagará nada a mais”, informou José Carlos. Desta forma, destacou, a modalidade eletrônica manterá a rotatividade do sistema.
Aliás, ele faz questão de enfatizar que a BHTrans não abre mão da rotatividade do serviço. “(O faixa azul), além de arrecadar uma fração de dinheiro revertida para o sistema de trânsito, tem como objetivo multiplicar as vagas físicas, multiplicar as oportunidades de estacionamento”. Atualmente, a capital conta com 21.365 vagas físicas, as quais geram, nas contas da BHTrans, 99.860 oportunidades de estacionamento.
E como será a fiscalização? Algum agente de trânsito digitará as placas dos veículos num equipamento, o qual informará on-line quais automóveis estão logados no rotativo eletrônico. Os que não tiverem serão multados com ajuda do próprio aparelho. O equipamento está sendo desenvolvido e, quando aprovado, deverá passar pelo crivo do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
Como vai funcionar
» O motorista baixa um aplicativo no smartphone
» Compra créditos
» Registra a placa no sistema
» O programa registra o horário do estacionamento
» A fiscalização também será eletrônica
Saiba mais
Sistema implantado há mais de 40 anos
O estacionamento rotativo pago em Belo Horizonte foi criado pela Lei 1.410, aprovada em novembro de 1967 e regulamentada seis anos depois pelo Decreto 2.388. Mas o serviço só saiu do papel em 1976. Em 2008, os motoristas passaram a ter um tempo extra, de 30 minutos, em cada folha do faixa azul. A meia hora deve ser usada em outro dia da semana ou, no caso de o condutor aproveitá-la na mesma data, deverá ser em outro local, em obediência ao conceito da rotatividade.