O termo provável vem sendo adotado pela secretaria tanto para as notificações quanto para as mortes, em referência aos pacientes que apresentaram quadro clínico compatível com a doença e um primeiro exame laboratorial reagente para febre amarela.
Nos municípios das regiões em alerta, o clima é de apreensão, apesar das ações de controle. Em Teófilo Otoni, moradores reclamam do tempo de espera e da falta de vacinadores para agilizar o trabalho. A prefeitura informou ter priorizado a estrutura de veículos e funcionários para atender à vacinação na zona rural e, por isso, na cidade, as filas enormes foram inevitáveis, segundo o secretário de Saúde, José Roberto Corrêa. A cidade tinha um estoque de 8 mil doses e já recebeu mais 150 mil para distribuir aos municípios na região. “A vacinação está ocorrendo dentro da necessidade técnica que determina como prioridade a população rural. Mas há um clima de preocupação na cidade, porque essa é uma doença que não deveria nem existir. Com isso, têm ocorrido grandes filas por causa desse alarme e há, inclusive, pessoas vacinadas buscando desnecessariamente o serviço, alegando que perderam o cartão de vacina”, disse Corrêa.
Em Ladainha (Mucuri), cidade que concentra o maior número de mortes prováveis (12), segundo a Secretaria Municipal de Saúde, cerca de 5 mil pessoas foram vacinadas, mas as filas ainda eram grandes no ginásio poliesportivo da cidade, principal ponto de imunização. O município aguardava ontem a chegada de mais doses, já garantidas pela SES. De acordo com o prefeito da cidade, Walid Nedir de Oliveira, oito equipes trabalharam ontem na zona rural para vacinar a população do distrito de Concórdia do Mucuri e outras áreas.
BAIXA IMUNIZAÇÃO Sobre a corrida por imunização, o subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde, Rodrigo Said, lembrou que Minas poderia ter sido poupada do surto, tendo em vista que o estado está na área com recomendação do Ministério da Saúde para vacinação de febre amarela. “A vacina permanece o ano inteiro disponível no calendário, é segura e tem alta efetividade, cerca de 95%. Mas, infelizmente, a cobertura vacinal é muito baixa, principalmente na área rural. Com a ocorrência do surto é que a procura ficou acentuada”, disse. Pelas contas da SES, 2,1 milhões de pessoas estão na área das quatro regionais de saúde e, por isso, a meta é ter vacina disponível para esse contingente. Inicialmente, a SES contava com 250 mil doses em estoque; recebeu 150 mil do ministério e entrou anteontem com pedido para mais 1,7 milhão. O Ministério se comprometeu a mandar 1,5 milhão de doses, 450 mil já remetidas.
A SES afirma que as prefeituras devem se organizar para pedir o quantitativo suficiente. No entanto, pode haver falta pontual em alguns municípios, pois alguns não dispõem de estrutura para armazenar grande quantidade da vacina, uma vez que há uma procura crescente. “A entrega é gradativa e estamos encaminhando as doses todos os dias para os municípios. Há um caminhão da secretaria atendendo essas unidades regionais, prioritariamente. Mas para fazer a distribuição é preciso uma operação que demandacuidados, porque exige veículos adaptados com refrigeração, geladeira, caixa térmica, temperatura ideal, registro do paciente e de outros dados a serem repassados ao ministério. Além de muita gente já estar aguardando na fila, todo esse processo é demorado”, afirma Said.
Como o senhor avalia a estrutura do estado para lidar com o surto de febre amarela?
Ampliamos nossa área de atenção para 152 municípios, dentro da abrangência das quatro regionais de saúde com registro de transmissão da doença. Temos uma estratégia montada para transporte, distribuição e aplicação de vacinas, além de ações de combate ao vetor, já em andamento. Veículos e funcionários foram enviados a essas regiões. Há uma operação muito grande, que envolve não só o nível central da SES, mas também equipes regionais, Ministério da Saúde, Defesa Civil e tem o apoio do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, entre outros órgãos.
Os municípios relatam um número de casos notificados maior do que o divulgado pela SES. Como explicar essa diferença?
A divulgação oficial dos dados é feita pela SES e, quando recebemos as informações dos municípios, elas precisam ser checadas. Temos o cuidado de avaliar caso a caso para analisar o quadro clínico dos pacientes, se eles foram vacinadas ou não, se foram feitos exames para checar a ocorrência de insuficiência renal e hepática, entre outras análises feitas pelas nossas regionais, com apoio de técnicos do Ministério da Saúde. Somente depois dessas comprovações é que os dados podem ser divulgados.
Há um risco de que Minas tenha uma epidemia de febre amarela?
A epidemia ocorre quando a situação fica fora de controle e, até o momento, temos um surto localizado e todas as ações para bloqueio da doença estão sendo adotadas, com vacinação e controle vetorial. Amanhã (hoje) o governador e uma equipe da SES, da qual farei parte, vão visitar Caratinga e Teófilo Otoni para alinhar ainda mais as orientações com nossas superintendências e alimentar o trabalho junto aos prefeitos e secretários municipais. .