Presos colocam fogo em colchões na Penitenciária Dutra Ladeira

Em vídeo postado nas redes sociais, presos ameaçam 'colocar fogo em tudo" e "matar muita gente"

João Henrique do Vale


Detentos da Penitenciária Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, fazem um motim desde as 19h desta segunda-feira.
De acordo com informações da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), os presos colocaram fogo em colchões e pedem melhores condições dentro do presídio. Viaturas da Polícia Militar (PM) ajudam a conter a confusão. Em vídeo divulgado à tarde nas redes sociais, presos ameaçavam "colocar fogo em tudo" e "matar muita gente". Até 1h desta terça-feira, a PM informou que a situação estava controlada em dois pavilhões e que tentava conter o tumulto em um terceiro. 

 

Familiares de presos estão na porta da penitenciária em busca de informações. Aos gritos de "presos têm família", eles  tentam fechar a a rodovia MG-6, próximo ao km 9, sendo impedidos pela polícia.

De acordo com informações da Polícia Militar, a rebelião atinge a três pavilhões (4,5 e 6). A ação começou no pavilhão 4, quando os detentos se recusaram a fazer a contagem de presos e colocaram fogo nos colchões. O motim se alastrou para os outros dois pavilhões.

De acordo com o tenente Alan Rodrigues Cassini, não fuga nem feridos.

Do lado de fora do presídio, é possível ver muita fumaça vinda do local. Também há muito barulho de tiros de bala de borracha e bombas de efeito moral. O aparato policial é grande também do lado de fora do presídio. Segundo a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), estão no local policiais do Grupo de Intervenção Rápida (GIR) e o Comando de Operações Especiais (COPE).


Os policiais foram chamados, inicialmente, para conter uma manifestação de familiares dos detentos insatisfeitos com mudanças no esquema de visitas e no tratamento aos presidiários.


Segundo a OAB, integrantes da Comissão de Direitos Humanos estiveram no presídio na tarde desta segunda-feira, depois que mulheres e mães de presos denunciaram maus-tratos contra os detentos.


O advogado Fábio Piló, presidente da Comissão de Assuntos Carcerários da OAB/MG, está no local para ajudar a conter o tumulto. “Está acontecendo um motim. Os presos chegaram a colocar fogo em colchões e a PM já está aqui. Ainda não tenho muitas informações sobre a confusão”, explicou, ao chegar ao local.


Mais tarde, o advogado esteve dentro do presídio. Ele contou que os presos reivindicam melhores condições para eles e os familiares, além de atendimento médico. Uma ambulância do Samu está estacionada na porta do presídio.

Também chegaram ao local 10 viaturas da PM. Parte está parada na porta do presídio e as demais foram estacionadas dentro do presídio. Ainda não há informação da atuação da PM no interior da unidade.

Segundo familiares dos presos, o diretor Rodrigo Machado cortou  a visita íntima aos presos. As grávidas  foram proibidas de fazer visitas no fim de semana, sendo liberadas para vistação apenas durante a semana, assim mesmo de 15 em 15 dias.

Também de acordo com relato de presidiários aos familiares, o Grupo de Intervenção Rápida (GIR)  estaria agredindo os presos.

Nos últimos dias os agentes chegaram a soltar cachorros nos presos,que foram colocados nus no pátio. Eles querem a volta do Luiz Fernando, último diretor do presídio, antes de ser substituído pelo atual comando. Segundo familiares, alguns presos também iniciaram greve de fome mais cedo. Eles estariam mantendo a greve na noite desta segunda-feira.



Nota da Seap


Em nota divulgada na noite desta segunda-feira, a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) informou que presos de alguns pavilhões "subverteram a ordem dentro das celas e  atearam fogo em pedaços de colchões, lançando-os para os corredores".

Também de acordo com a nota, todos os presos permanecem dentro das celas e não houve fuga. A Seap informou também que o Grupo de Intervenção Rápida (GIR) e o Comando de Operações Especiais (COPE), ambos da Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), estão no local para conter o protesto, com o apoio da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.

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