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Estado de Minas

Número de crimes nos ônibus de BH aumenta; veja os locais mais perigosos

Duplas da Guarda Municipal circulam em coletivos de BH para inibir crimes. Operação tem início nas avenidas Antônio Carlos e Nossa Senhora do Carmo, campeãs de furtos e roubos


postado em 17/01/2017 06:00 / atualizado em 17/01/2017 09:11

Guarda em ônibus na Antônio Carlos: viagens na avenida foram recordistas de crimes em 2016(foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)
Guarda em ônibus na Antônio Carlos: viagens na avenida foram recordistas de crimes em 2016 (foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)
A média mensal de furtos, roubos e outras ocorrências policiais no interior dos coletivos que circulam em Belo Horizonte mais que dobrou nos últimos anos, o que levou a Guarda Municipal a deflagrar, ontem, a Operação Viagem Segura. Em 2012, foram 880 registros – média mensal de 73,3. Já de janeiro de 2015 a junho de 2016, mais 2.924 ocorrências – média de 162,4 por mês. Os números são da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).


A principal frente da operação é a presença de duplas de agentes – armados ou não – no interior dos coletivos. Elas terão duas retaguardas: o apoio de viaturas que acompanharão alguns ônibus e a orientação de guardas que vigiam o que ocorre nos pontos de embarque e desembarque, por meio da central de videomonitoramento da corporação.

Esta é a primeira medida prática adotada na gestão do novo prefeito da capital, Alexandre Kalil, na área de segurança pública. Por outro lado, a operação tem uma particularidade que não beneficia, diretamente, todos os passageiros. A Viagem Segura ocorrerá, em princípio, nos coletivos que circulam em apenas duas avenidas.


Trata-se da Antônio Carlos, campeã de furtos e roubos, com 358 ocorrências de janeiro de 2015 a junho de 2016, e da Nossa Senhora do Carmo, segunda colocada no ranking, com 225 registros em igual período. Numa leitura mais ampla, os dois corredores respondem por 19,93% dos 2.924 crimes no interior de coletivos.


O comandante da corporação, Rodrigo Prates, procura amenizar a polêmica, informando que a operação não será estática e que outros corredores serão alvos da estratégia nos próximos dias. “Temos uma expectativa de redução nos índices. A segurança pública é uma questão que tem celeridade. Não há dúvidas de que vamos acompanhar a evolução de todo cenário”, reforçou.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)

CELULAR A corporação acompanhará a chamada mancha da criminalidade – os trechos de alto risco – nos corredores para saber se, depois do início da operação, houve migração da bandidagem para outras vias. Independentemente disso, o comandante ressalta um alerta: cerca de 80% dos crimes dentro dos ônibus têm como alvo aparelhos de telefone celular.

O equipamento é a vedete de criminosos envolvidos, sobretudo, com o tráfico e de entorpecentes, pois os aparelhos são considerados sinônimo de dinheiro fácil no mercado informal. De janeiro ao fim de outubro de 2016, 32.102 celulares foram roubados (21.738 ocorrências) ou furtados (10.364) em toda a capital, dentro ou fora de ônibus.

O porteiro Edilon Raimundo Souza, de 42 anos, mora no Venda Nova e trabalha no Centro. Usuário de algumas linhas que percorrem a Antônio Carlos e a Cristiano Machado, ele teme ser vítima da violência no interior de um coletivo. Por isso, enxerga como louvável o início da Viagem Segura.

Mas faz duas observações. A primeira é para que o projeto se estenda para outros corredores. A segunda é a possibilidade de que a presença dos guardas evite o que ele classifica como violência verbal: “Muitos passageiros não respeitam os demais e falam palavrões o tempo todo. Não respeitam sequer crianças que estejam nos ônibus”.

Mortes fora da "rota segura"


Ocorrências que terminaram com assassinatos em coletivos já foram registradas em BH em corredores que, em princípio, não fazem parte da Viagem Segura. Em outubro de 2015, um fiscal da linha 1502 (Vista Alegre/Guarani) perdeu a vida ao ser atingido por disparos efetuados por um adolescente que havia sido repreendido pela vítima, dias antes, por querer pular a roleta.


Welbert de Souza, à época com 33 anos de idade, foi atingido quando o coletivo seguia pela Avenida Cristiano Machado. Já em abril de 2016, um homem foi alvo de tiros próximo ao Hospital de Pronto-Socorro (HPS) Risoleta Tolentino Neves. Ele estava no 6110 (Ribeirão das Neves/Estação Vilarinho) e foi atingido por um outro passageiro, que efetuou o disparo depois de dizer algo baixo no ouvido da vítima.


O atirador fugiu. Outra ocorrência com morte foi registrada em outubro de 2012, na Rua Olaria, no Bairro Granja de Freitas, na Região Leste da capital. O motorista do ônibus contou a policiais militares que um homem entrou no veículo e disparou contra a vítima. Houve desespero e correria. O atirador foi preso.


Em maio do ano passado, uma mulher não sobreviveu a um assalto num coletivo que trafegava pela MG-010 em direção a Confins. Quatro criminosos anunciaram o roubo e destravaram uma das portas do ônibus para facilitar a fuga. Próximo à estação Bosque da Esperança, a mulher caiu do coletivo.


Os bandidos não deixaram o motorista parar o veículo, que prosseguiu pela via até a altura do Bairro São Benedito, em Santa Luzia, onde os quatro desceram. Sete passageiros foram assaltados.

O POVO FALA

O que você acha da presença de guardas municipais em ônibus para coibir assaltos?

Talita Fernandes Ribeiro, de 32 anos, pedagoga

“Acho que impede as pessoas de fazerem algo ruim, mas, ao mesmo tempo, dá uma certa angústia. Parece que estamos cada vez mais encarcerados. Até no ônibus somos vigiados, mesmo sendo para o nosso bem.”

Daiane Januária Pereira, de 19 anos, estudante de direito

“Toda medida para coibir assaltos é bem-vinda. Não sei se de fato vai coibir, mas é válido. Tomara que dê certo.”

José Maria Pádua, de 77 anos, aposentado
“É importante, mas difícil ter o efetivo necessário para todos os ônibus. Comaviolência de hoje, esse tipo de ação se torna necessária.”

Rogério Maia, de 66 anos, engenheiro
“É sempre bom ter uma segurança a mais. Não sei se vai resolver,  mas já dificulta qualquer ação de criminosos
emelhoraonosso lado.”


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