O presidente da Comissão de Assuntos Carcerários da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Minas Gerais (OAB-MG), Fábio Piló, informou ao em.com.br nesta manhã que está tentando falar com a diretoria da unidade e pretende voltar ao local ainda hoje. “Foram retirados todos os pertences do presos, colchões, e eles estão de cueca nas celas para evitar outro motim. Porque tinham isqueiros, tiraram as roupas para evitar incêndios”. Ainda segundo o advogado, há informações de que os líderes do motim serão transferidos, mas ainda não se sabe os nomes desses detentos.
A reportagem tentou contato com a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), mas até as 8h as ligações não haviam sido atendidas.
Depois de divulgar vídeo na tarde de segunda-feira nas redes sociais ameaçando “colocar fogo em tudo” e “matar muita gente”, os oresos da Dutra Ladeira se rebelaram à noite contra a nova direção e as mudanças implementadas por ela nos horários de visitas. Eles colocaram fogo em colchões, enquanto familiares se aglutinavam na porta do presídio em busca de informações. Aos gritos de “presos têm família”, os parentes tentaram fechar a rodovia MG-06, próximo ao km 9, mas foram impedidos pela polícia. Segundo a Polícia Militar, enviada ao local para ajudar a conter a confusão, a rebelião atingiu quatro pavilhões (4,5 e 6).
Durante a rebelião, se via muita fumaça no presídio, de onde partia barulho de tiros de bala de borracha e bombas de efeito moral. Um forte aparato policial foi montado na área externa. Segundo a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), estavam no local policiais do Grupo de Intervenção Rápida (GIR) e o Comando de Operações Especiais (Cope). Dez viaturas da PM participaram a operação.
Depois de entrar no presídio, Fábio Piló contou que os presos reivindicavam melhores condições para eles e os familiares, além de atendimento médico. Segundo a OAB, integrantes da Comissão de Direitos Humanos já tinham estado no Dutra Ladeira na tarde de ontem, depois de mulheres e mães de presos denunciarem maus-tratos contra os detentos.
Segundo parentes dos presos, o diretor Rodrigo Machado cortou a visita íntima no presídio. As grávidas teriam ainda sido proibidas de fazer visitas nos fins de semana, podendo ir ao Dutra Ladeira apenas quinzenalmente, em dias úteis. Também de acordo com relato de presidiários aos familiares, agentes do GIR estariam agredindo os presos. Nos últimos dias, teriam soltado cachorros nos internos, que foram colocados nus no pátio. Eles querem a volta do Luiz Fernando, último diretor do presídio, antes de ser substituído pelo atual comando. Segundo familiares, alguns detentos também iniciaram greve de fome mais cedo.
Repórter da Globo é agredida
A repórter Larissa Carvalho, da TV Globo Minas foi agredida durante a madrugada quando falava ao vivo sobre a cobertura da rebelião no Presídio Antônio Dutra Ladeira. A agressão aconteceu logo depois de a jornalista entrar no jornal da Globo News. Assim que a repórter começou a falar, uma mulher, parente de um detento, a empurrou, e ela caiu. A agressora foi contida por um policial militar e foi detida. A repórter disse quen não se machucou.