Secretário diz que presos da Dutra Ladeira tinham regalias antes de troca de diretor

Com chegada de novo diretor, foram implantados os serviços do Grupo de Intervenção Rápida (GIR) na unidade. Atuação dos agentes é uma das motivações do motim

João Henrique do Vale Cristiane Silva
Motim durou aproximadamente sete horas e deixou nove pessoas feridas - Foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press

A motivação para o motim na Penitenciária Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, segundo os presos, é a atuação do Grupo de Intervenção Rápida (GIR). Os detentos alegam que estão sendo agredidos e que familiares estão sendo constrangidos. Porém, a informação foi negada pelo secretário de Estado de Administração Prisional (Seap), Robson Lucas Silva. Segundo ele, os serviços do grupo foram retirados da unidade sem o conhecimento da secretaria. Por isso, os detentos tinham “regalias” que chegavam a colocar em risco “a segurança local”.

Os trabalhos do GIR retornaram para a penitenciária depois da entrada do novo diretor, Rodrigo Machado. Porém, denúncias de presos e até da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MG), davam conta que os detentos estavam sendo agredidos e sofrendo maus-tratos por parte dos agentes. Porém, a informação foi desmentida pelo secretário Robson Lucas.


“Nós conversamos ontem (segunda-feira) com um dos detentos que é uma liderança. O que nós ouvimos dele é um desconforto que os familiares manifestam aos detentos de termos novamente a presença ostensiva dos agentes que integram o GIR. Repito novamente, esse procedimento de segurança é observado em todas as nossas unidades prisionais. Não se sabe porque a gestão anterior da unidade tinha abolido a prática, e ao arrepio do conhecimento do gabinete da secretaria. Isso fazia com que proporcionasse uma certa liberdade e regalias aos detentos que não são condizentes com a boa prática, com a legislação, colocando em risco até mesmo a segurança de todos”, afirmou.

De acordo com o secretário, entre as regalias está transferência de celas. “As regalias se davam por transferências fora de critérios de presos de celas de pavilhões de uma para outra. A ausência do GIR nos procedimentos de rotina fazia com que a falta de agentes proporcionasse um ambiente de maior liberdade. Hoje há uma reclamação que não se circula aparelhos celulares. Não sei se antes circulava. Mas, hoje o trabalho efetivo da gestão é coibir a entrada e o uso de celular. Questões relacionadas ao uso de entorpecente é visto com muita atenção”, comentou Robson Lucas.

Outro ponto questionado pelos presos é em relação as visitas.
Na administração passada, elas aconteciam semanalmente, porém, foi modificada e acontece, agora, de maneira quinzenal. A Justificativa é manter o padrão com outras unidades. “Todas as unidades do complexo de Neves mantém a rotina de visitas quinzenais e na Dutra tinha semanal. Então, foi feita uma reunião e levantamento e estávamos com dificuldade de manter o procedimento diferente das demais unidades. Para efeito das questões de segurança de nossas rotinas internas, foi deliberado, então, o nivelamento de procedimentos”, explicou o secretário.

Superlotação


Um dos problemas enfrentados na Penitenciária Dutra Ladeira é com o excesso de presos. Atualmente, há 2.109 detentos na unidade, quase o dobro da capacidade, que é de 1.163. Por causa da superlotação dos presídios, o secretário afirma que está sendo feito um trabalho de reforço nas unidades de Minas Gerais e que o Estado não está imune das rebeliões. “Não digo que estejamos isentos desta possibilidade. Nós enfrentamos assim como todas as unidades do Brasil inteiro o problema da superpopulação carcerária.
Então, em cima disso, nós fizemos um planejamento de reforço da segurança. Temos uma equipe preparada para tanto, que é o Cope que faz um patrulhamento, visitação, faz ponto base nas unidades que a partir de um serviço de inteligência a gente identifica possíveis movimentos que podem subverter a ordem”, concluiu. .