Minas vacina 1,6 milhão de pessoas para conter surto de febre amarela

A intensificação de envio e aplicação das doses faz parte de um pacote de ações que o governo informou ontem ter adotado para enfrentar o surto

Valquiria Lopes
Em meio ao maior surto de febre amarela no estado, o governo de Minas intensificou a vacinação em áreas prioritárias no estado e já imunizou neste ano cerca de 1,6 milhão de pessoas em todo o estado.
O número de 1.554.825 doses é 537% maior do que o total de vacinas aplicadas em todo o mês de janeiro de 2016, quando 244.075 pessoas foram imunizadas. Ontem, a SES foi informada pelo Ministério da Saúde de que mais 450 mil doses chegariam ao estado hoje, para serem distribuídas a áreas prioritárias para vacinação. Apesar do registro de morte de macacos em municípios do Sul de Minas e do Triângulo, o subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde, Rodrigo Said, informou que não há necessidade de alarde para vacinação nessas áreas e que as pessoas devem atualizar seus cartões como manda a rotina do calendário de vacinas. A intensificação de envio e aplicação das doses faz parte de um pacote de ações que o governo informou ontem ter adotado para enfrentar o surto de frente amarela que acomete as regionais de saúde de Teófilo Otoni, Manhumirim, Governador Valadares e Coronel Fabriciano. As regiões englobam 152 municípios, com uma população de aproximadamente 2 milhões de pessoas.

A lista de medidas foi dividida em cinco eixos temáticos: são ações de gestão; vacinação; controle vetorial; organização de rede de assistência e atendimento a pacientes; além da divulgação de informações. “O Estado criou um grande movimento para sensibilização das prefeituras, secretarias de saúde e profissionais envolvidos no atendimento aos pacientes”, informou Said. No primeiro quesito, ele citou o repasse  de R$ 26 milhões para os municípios prioritários adotarem ações contra o surto; a publicação do decreto de emergência em saúde pública regional, a criação de uma sala de situação para discussões e tomadas de providências, além da realização de dois seminários sobre o tema: um em Caratinga e outro em Teófilo Otoni.

Presente na coletiva de imprensa, o secretário de estado de Saúde, Sávio Souza Cruz, falou sobre o anúncio de R$ 26 milhões e reconheceu que parte deste valor – aproximadamente R$ 14 milhões – se refere ao repasse em atraso para área de atenção básica à saúde.
“Além do recurso que foi liberado para a Vigilância (cerca de R$ 12 milhões), o governo cuidou de liberar para os 152 municípios das quatro regionais de saúde onde há casos, um quadrimestre dos dois que estavam atrasados da atenção básica”, explicou.

No que diz respeito ao controle vetorial, Said explicou que está sendo feita a aplicação de inseticidas contra o mosquito Haemagogus (vetor do vírus da febre amarela) na área rural e nos limites da área urbana dos municípios com registro de casos. Também enviamos profissionais, equipamentos e veículos para essas regiões. Para melhorar a rede de atendimento a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), a SES informou ter adotado estratégias para abertura de novos leitos, além de abrir outros de retaguarda no Hospital Eduardo de Menezes, em Belo Horizonte. Foram encaminhados ainda aos municípios materiais e insumos e foi feita a capacitação de profissionais dessas áreas com envio de equipes da SES e do Ministério da Saúde para discussão de casos clínicos.

A inclusão da vacina de febre amarela no calendário regular no estado ocorreu a partir dos anos 2000. Desde então, as crianças vêm sendo imunizadas. Ainda assim, se manteve baixa a cobertura vacinal. A média dos últimos 10 anos mostra que apenas 49,7% da população mineira tomou a vacina..