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Estado de Minas

Idoso assassinado em condomínio de luxo se mudou de BH com medo da violência

Assaltante atira no peito de homem de 83 anos depois de render empregada e invadir casa com ajuda de comparsa, em Nova Lima. A dupla fugiu


postado em 20/01/2017 06:00 / atualizado em 20/01/2017 07:55

Fachada da residência onde Benone Carneiro foi morto, no Bairro Ouro Velho: família se mudou para a casa há dois anos em busca de segurança(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Fachada da residência onde Benone Carneiro foi morto, no Bairro Ouro Velho: família se mudou para a casa há dois anos em busca de segurança (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Um assassinato covarde chocou os moradores do Bairro Ouro Velho, uma espécie de condomínio fechado de classe média alta em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), onde dois assaltantes invadiram uma casa e um deles atirou no peito de um idoso de 83 anos. Benone Alves Carneiro morreu na hora. Por ironia, há dois anos, ele e a mulher haviam se mudado do Bairro Serra, na área Centro-Sul da capital, por receio de serem vítimas da violência.

O assassinato foi no início da manhã. Dois rapazes renderam a empregada do lado de fora da casa, quando ela limpava a calçada, e a fizeram abrir o portão do número 872 da Alameda das Amendoeiras. Assim que a dupla entrou, o idoso deixou de lado a revista de palavras cruzadas que o entretinha, e perguntou o que os dois homens faziam ali.

Nesse momento, há um desencontro de informações que será desvendado pela Delegacia de Homicídios de Nova Lima. Segundo alguns amigos da família, a empregada teria contado que, diante do questionamento do idoso, um assaltante perguntou ao outro se eles deveriam atirar contra a vítima. O comparsa teria dito que não, mas o autor da pergunta decidiu apertar o gatilho.

Em outra versão, que também teria sido relatada pela empregada, um dos dois homens atirou contra o peito do idoso, sem pronunciar nenhuma palavra, logo depois de ele questionar a presença da dupla. A partir daqui, as duas versões convergem entre si: os invasores deixaram a residência sem levar nenhum objeto. Fugiram numa moto em rumo ignorado.

Benone deixou a esposa, com quem era casado havia muitos anos, além de três netos, um filho e duas filhas. Ele e a agora viúva moravam com uma das filhas, que estava na casa no momento do crime. Ela ouviu o disparo que matou o pai. “Está inconsolável”, contou uma amiga que foi levar os pêsames à família da vítima.

Outros amigos contaram que Benone estava preocupado com a segurança no imóvel. Há seis meses, por exemplo, ele sugeriu à filha com quem morava, que é a dona da casa, que uma grade de ferro e com pontas agudas fosse colocada sobre o muro. O acessório foi instalado.

Já nesta semana, ele comentou com o filho da possibilidade de uma câmera de vídeo ser instalada na entrada da residência. O equipamento não foi providenciado ainda pela família. Apesar disso, há a possibilidade de alguma câmera na região ter filmado o rosto dos criminosos. Há até a suspeita de que eles tenham sido vistos rondando a área no dia anterior ao homicídio.

Quem explica é Fernando Maciel, presidente da Associação dos Moradores do Ouro Velho: “Tivemos notícias de que dois suspeitos estavam rondando pelo bairro na quarta-feira, e reforçamos as atenções. Não dá para garantir se há relação entre os fatos, mas as câmeras de segurança serão analisadas pela Polícia Civil”.

Embora o Ouro Velho seja considerado por muita gente como um condomínio, trata-se de um bairro com segurança privada em duas das três entradas. Apesar da preocupação com a violência, Benone considerava o lugar menos perigoso que sua antiga moradia, na Serra, em BH.

“Ele e a esposa achavam que aqui seria mais tranquilo”, lamentou o sobrinho-neto Alexandre Diniz, de 31. Durante toda o dia de ontem, amigos e parentes foram à residência confortar as duas filhas e o filho de Benone. Por precaução, a viúva só foi informada da morte do marido numa clínica médica.


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