PM promete combater roubos em BH com bases móveis e mais 500 policiais

Maior desafio das autoridades é reduzir escalada dos crimes contra o patrimônio. Ações começaram a ser definidas em conjunto entre governador Fernando Pimentel e prefeito Alexandre Kalil

Guilherme Paranaiba Junia Oliveira
Bases móveis eram empregadas apenas em locais de grande circulação, como a Praça Sete. Agora, equipamentos serão usados em toda a cidade - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS - 19/02/2014
Polícia na rua para conter uma das modalidades criminosas que mais cresceram em Belo Horizonte nos últimos anos: o roubo. A capital mineira vai ganhar, nos próximos meses, 86 vans da Polícia Militar (PM) que servem como bases comunitárias móveis em locais de grande circulação e terá, assim, esse tipo de patrulhamento expandido para todas as regiões da cidade.

O policiamento ganhará reforço ainda de 500 homens. O aumento do efetivo e a nova estratégia de combate ao crime foram anunciados ontem pelo governador do estado, Fernando Pimentel (PT), durante reunião com o prefeito de BH, Alexandre Kalil (PHS), para articular ações conjuntas que melhorem a efetividade da segurança pública na capital. O cronograma de implantação e o custo serão detalhados no mês que vem, quando será apresentado o plano de segurança.


Segundo Pimentel, atualmente, há 15 vans em locais como a Praça da Savassi, na Região Centro-Sul de BH, e a Região Hospitalar. Com a ampliação, haverá uma unidade em cada uma das 86 regiões de policiamento consideradas em BH. Na prática, cada companhia da PM terá o reforço de uma base móvel, composta ainda por quatro policiais e duas motocicletas. O governador considera que a estratégia vai aumentar a sensação de segurança dos moradores da cidade.

“Isso vai dar à população aquilo que ela quer, que é a presença ostensiva do policial na rua, seja na base, seja no deslocamento a pé ou de motocicleta”, diz o governador.

O incremento no policiamento será possível por duas razões. Primeiro, por conta da formatura de 1 mil soldados da PM na última quinta-feira, dos quais cerca de 500 ficarão em BH. Segundo, graças ao programa de renovação e ampliação da frota da PM. Porém, Pimentel não cravou a data em que o reforço estará visível nas ruas, dizendo que a novidade será perceptível nos próximos meses. O prefeito Alexandre Kalil disse que os moradores da capital se sentem inseguros e que a segurança de BH precisa ser olhada com carinho, usando os recursos de maneira mais integrada e efetiva. “É assim que vamos tentar cumprir (as promessas de campanha). Fazendo funcionar o que tem com menos dinheiro, mas com mais organização e mais inteligência”, disse Kalil.

Alexandre Kalil foi convidado por Fernando Pimentel a participar da reunião da cúpula da segurança pública do estado - Foto: Jair Amaral/EM/D.A PRESS

Agentes de segurança e especialistas acreditam que a estratégia tem como uma das metas parar os roubos. Em 2015, houve aumento de 22% nessa modalidade de crime. Em 2016, o crescimento foi de 10%. O major Flávio Santiago, chefe da sala de imprensa da PM, explicou que uma mesma base móvel pode atender vários bairros pertencentes a determinada companhia, aumentando a capacidade de intervenção da polícia.

Segundo ele, o sistema hoje funciona em relação à volatilidade do processo, sendo obsoleto o modelo de posto de observação de vigilância. “Precisamos pensar na mobilidade urbana e na informação, que são rápidas. O policial precisa estar naquela rua, mas também na outra do bairro ao lado.
O investimento passou a ser nesse sentido”, diz. “O modelo anunciado deu sequência ao de base comunitária móvel para melhor atender à volatilidade do processo no século 21. A polícia também precisa mobilizar seus meios e estar mais próxima, dialogando com a população em vários pontos”, acrescenta.

Professor da PUC Minas e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Luiz Flávio Sapori acredita que a iniciativa é um bom começo. “A melhor maneira de reduzir os roubos numa cidade como BH é aumentar o patrulhamento e a presença ostensiva da polícia. É necessário também fazer o mesmo com a Guarda Municipal, de forma que ela tenha uma postura mais ativa e ostensiva na cidade”, afirma.

Sapori vê com bons olhos a articulação da prefeitura com o governo do estado. Mas espera algo mais “audacioso”, com a presença da Guarda na rua e em regiões comerciais, como Centro, Barreiro e Venda Nova. “Policial na rua, andando em dupla e a pé. É dessa maneira que se reduz crime contra o patrimônio. É o básico”, diz.
O especialista propõe outro desafio: “Levar esse policiamento preventivo para regiões mais distantes, pois só na Região Central os resultados serão pífios”.

INTERIOR Além do prefeito e do governador, participaram da reunião integrantes da cúpula da segurança pública de Minas Gerais e da capital mineira. Pimentel ainda comentou que os secretários de BH e do estado vão aprofundar o planejamento de ações coordenadas que sejam visíveis na prática. Na semana passada, a Guarda Municipal foi lançada pela Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial em uma operação ostensiva, com a presença dos agentes em ônibus de BH para tentar inibir os assaltos a coletivos, modalidade comum em avenidas como a Nossa Senhora do Carmo, que faz a ligação entre a Savassi e o BH Shopping.

Os moldes da reunião entre gestores de BH e de Minas serão repetidos ainda esta semana, segundo Fernando Pimentel, com prefeitos da Região Metropolitana de BH. O governador adiantou que o mesmo incremento das bases móveis nas áreas de policiamento de BH será expandido, ainda sem prazo, para 170 pontos da Grande BH.

Apoio à segurança

Veja o que será feito e as metas


» Cada base móvel é composta por uma van, quatro policiais e duas motos.

» Cada uma das 86 companhias da cidade terá uma base móvel. Atualmente, apenas 15 têm esse tipo de patrulhamento

» Uma das metas é facilitar a mobilidade da polícia e combater os roubos, crime que mais cresce em BH

» Em 2015, houve aumento de 22% nessa modalidade de crime

» Em 2016, foram 10%

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