O Sul do estado não figura na área da alerta da Secretaria de Saúde (SES-MG), mas a pasta informou ontem que aguarda análise do óbito, que ocorreu em São Paulo, para decidir se reforçará a vacinação para a população de Delfinópolis e cidades vizinhas – a secretaria informou que a aplicação de doses está disponível na região como parte da rotina de imunização. Na semana passada, a morte de um morador da zona rural de Januária (Norte de Minas) já havia acendido o alerta para casos fora do Leste e do Nordeste do estado, que estão em emergência por causa do surto da doença.
Pelo boletim de ontem, o município de Ladainha (Vale do Mucuri) ainda é a localidade com mais mortes por febre amarela em Minas, com 10 registros. Em seguida aparecem Teófilo Otoni (5 mortes), Ipanema (4), Itambacuri (3), Piedade de Caratinga (2), Malacacheta (2), Imbé de Minas (2), São Sebastião do Maranhão (2), Poté (2), Conceição de Ipanema (1), Setubinha (1), José Raydan (1), Ubaporanga (1). Fora de Minas, já foram confirmadas mortes pela doença em São Paulo. Há casos em investigação na Bahia, Espírito Santo e Distrito Federal. Ao todo, de acordo com o Ministério da Saúde foram registrados este ano 438 casos suspeitos de febre amarela no Brasil, com 89 mortes.
Para especialistas, o avanço da doença para outras regiões exige tomada de medidas de controle urgentes por parte das autoridades públicas, não só em áreas consideradas prioritárias. A meta, eles defendem, deve ser evitar a todo custo a propagação de novos casos, inclusive para áreas urbanas. “É preciso que o Ministério da Saúde reforce a necessidade de vacinação nas cidades próximas das áreas onde os casos estão sendo reportados, para impedir que se eles alastrem”, afirma Rodrigo César Magalhães, da Fundação Oswaldo Cruz, doutor em História das Ciências e da Saúde.
O especialista acrescenta que “esse cordão de isolamento deve ser feito nas áreas do entorno de onde vêm as pessoas que morreram ou apresentaram a doença”. Para Magalhães, somente com vacinação adequada, controle rigoroso dos casos notificados e dos deslocamentos das pessoas das áreas de surtos será possível evitar o alastramento dos casos.
O especialista cobra, ainda, providências no combate ao Aedes aegypti, também transmissor da dengue, zika e cikungunya, como forma de evitar que o mosquito também passe a transmitir a febre amarela no meio urbano. “O combate deve ser sem tréguas porque nos próximos meses, as já endêmicas doenças transmitidas pelo Aedes vão sobrecarregar ainda mais os serviços de saúde pública”, ressalta.
NORTE Em Januária, onde houve corrida por vacinas na semana passada após a notícia de que um morador da zona rural da cidade havia morrido em Brasília (DF), um novo lote de 40 mil doses chegou ao município. As equipes de vacinação percorrem as comunidades, com maior atenção para Várzea Bonita, próximo a São Joaquim, onde vivia o mineiro de 40 anos que morreu de febre amarela. Isso porque Várzea Bonita foi apontada como provável local de infecção. Em algumas localidades da zona rural de Januária, a vacinação será feita nas casas dos moradores. A partir da próxima segunda-feira, a vacinação será reiniciada na região de São Joaquim, onde deverão ser atendidas 14 localidades até 2 de fevereiro.
Ontem, o Ministério da Saúde divulgou balanço mostrando que o atual quadro da doença em Minas supera os dois piores cenários já vividos no país em relação ao número de casos e de mortes por febre amarela desde 2003, ano em que foram confirmados 64 casos da doença e 23 mortes. De lá pra cá, outros dois grandes surtos ocorreram em 2008 (46 casos e 27 mortes) e em 2009 (47 casos e 17 mortes). Pela manhã, o ministro Ricardo Barros afirmou que o Brasil tem condições técnicas de superar o surto e que a pasta não trabalha com a hipótese de avanço da doença para áreas urbanas. “O Brasil tem capacidade técnica, de assistência, pessoal, infraestrutura e de vacinas, para bloquear esse surto.
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