A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu dois inquéritos que culminaram na prisão de Alan Alex Junio Santos Silva e de Charley Clovis Santos e Deyse Vieira Costa, suspeitos de estelionato. O primeiro teria recebido dinheiro de aluguéis de imóveis inexistentes. Já a dupla é suspeita de aplicar mais de 50 golpes em agências bancárias somente neste ano.
Após denúncia de uma possível vítima de um golpe imobiliário, a Polícia Civil passou a investigar Alan, que estaria morando em um flat de luxo na região do condomínio Vila da Serra, em Nova Lima, na Grande BH.
Durante operação, os agentes acompanharam uma negociação entre a vítima e o suspeito, que foi preso com R$350. Ao ser interrogado, ele apresentou a versão de que o imóvel, um sítio de alto padrão na região de Esmeraldas, pertencia à sua família. Depois, admitiu o golpe, informando ainda que a conta para depósito é de uma pessoa que não tinha envolvimento nos crimes.
A polícia apurou então que a conta bancária seria de outra vítima de estelionato e que também fora enganada quando o suspeito sublocou um imóvel próximo ao Bairro São Bento, na capital mineira. "Os estelionatários têm um discurso convincente, ganhando as vítimas na lábia", comentou o delegado resonsável pelo caso, Arley Bahia.
Chupa-cabra
Segundo as investigações policiais, Charley Clovis Santos e Deyse Vieira Costa foram responsáveis por mais de 50 golpes em 2016. Ao todo, estima-se um prejuízo de mais de R$ 100 mil. Durante aproximadamente cinco meses eles aplicaram os golpes e eram apelidados de "casal 20".
O esquema consistia em quatro etapas: a instalação do dispositivo chupa-cabra; aplicação do golpe; obtenção de dados dos clientes e saque dos valores nas contas das vítimas. Para a instalação do dispositivo, os suspeitos procuravam caixas eletrônicos sem biometria, preenchendo-os com papéis.
Em seguida, o chupa-cabra era instalado nos leitores de cartão, onde também eram fixadas as etiquetas adesivas contendo números de telefones falsos para que a vítima ligasse e solicitasse o bloqueio do cartão. O chupa-cabra impede que o cartão entre por completo no leitor, fazendo com que o terminal trave o cartão na máquina.
Assim, a máquina aponta defeito no cartão e a vítima fica impossibilitada de retirá-lo. Uma vez instalado o dispositivo, os suspeitos aguardavam a vítima, preferencialmente idosos. Assim que o cartão era retido, um suspeito se aproximava e orientava a ligar para o número de telefone falso afixado no terminal.
Quando a vítima ligava, era atendida por um cúmplice dos suspeitos, que solicitava todos os dados da vítima, inclusive senha bancária. Após o repasse dos dados, a vítima era levada a se retirar e informada de que um funcionário faria a remoção. Nesse momento, os suspeitos na agência retiravam o chupa-cabra e conseguiam o cartão.
De posse do cartão e dados da vítima, os investigados realizavam saques e compras rápidas com cartões em crédito ou débito. Com os presos, a polícia apreendeu diversos cartões, dispositivos e etiquetas utilizadas nos golpes.