Os 97 casos confirmados em Minas já tornam o surto no estado o maior do país desde o início da série histórica do Ministério da Saúde, em 1980. Ontem, o governador Fernando Pimentel reafirmou que o estado toma todas as medidas necessárias para combater a doença. “Tudo o que podia e pode ser feito o governo está fazendo”, disse, durante visita a uma obra da Copasa em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Pimentel voltou a refutar o risco de epidemia e disse, como já havia feito na quarta-feira passada, que espera uma estabilização da doença a partir da semana que vem.
O prazo é possível, no entendimento do pesquisador Eduardo Maranhão, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, com sede no Rio de Janeiro.
‘Efeito sentinela’ Mesmo com a possibilidade de estabilização no número de notificações, o pesquisador da Fiocruz recomenda à população que sempre fique atenta ao que os cientistas chamam de efeito sentinela: “Se aparecerem macacos mortos, há o risco de alguém contrair a doença”. Por isso, acrescenta o infectologista Dirceu Greco, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as vacinas são a principal arma contra o avanço da moléstia. “O fato principal é que as vacinas estão sendo distribuídas. E é o método muito eficaz. Se (as doses) chegarem em todos os lugares, (o surto) terá chance de ser interrompido”, disse ele, alertando, porém, que, entre os animais, o vírus continuará vivo.
Para tentar reduzir o risco de infecção, prefeituras se esforçam para imunizar a população. Aproximadamente 2,6 milhões de doses da vacina já foram distribuídas aos municípios, das quais cerca de 800 mil foram aplicadas. Em Ladainha (Vale do Mucuri), onde houve o maior número de mortes confirmadas (10 de um total de 40), a expectativa é que toda população seja vacinada até o fim deste sábado. Por sua vez, integrantes da força nacional do Ministério da Saúde, que estiveram em Novo Cruzeiro, também no Vale do Mucuri, avaliam que a estabilização do surto pode ocorrer em apenas um mês. “A meta é conseguir uma cobertura vacinal que seja capaz de baixar o surto em 30 dias”, disse um integrante do grupo que não está autorizado a conceder entrevistas. (Colaborou Mateus Parreiras)
Em lista de ministério, MG
tem 504 casos suspeitos
O Ministério da Saúde soltou ontem boletim sobre a febre amarela silvestre no país e em Minas diferente do divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG). Pelas estatísticas da pasta, são 504 notificações em Minas, contra as 486 que constam do balanço da SES-MG.