As autoridades de saúde estaduais fizeram uma ressalva no boletim, informando que a alta inclui pacientes com início de sintomas durante todo o período de investigação, não apenas nos últimos três dias. Segundo a SES, a maioria dos casos suspeitos teve início dos sintomas entre os dias 8 e 14 deste mês. Apesar disso, a situação é considerada crítica na avaliação do presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano. “Estamos preocupados com uma possível ampliação do surto em nosso estado, para mais locais e mais pessoas. Ainda não alcançamos uma estabilização da doença e temos que esperar os dados dos próximos dias para termos uma certeza maior sobre a evolução do surto e sobre a eficácia das medidas de controle”, afirma.
Entre os óbitos confirmados em Minas, 90% são de homens, com idade média de 43 anos, a grande maioria moradores da zona rural dos municípios afetados. Minas Gerais também figura em processos de investigação de casos e mortes de febre amarela ocorridas em outros estados. Ontem, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo elevou de três para seis o número de óbitos pela doença. Desses, quatro são de pacientes que começaram a sentir os sintomas depois de visitar Minas. Os dados foram discutido durante reunião de prefeitos paulistas. De acordo com autoridades sanitárias do estado vizinho, esses quatro casos fatais ocorreram em Santana do Parnaíba, em Paulínia e na capital paulista (dois). Os outros dois mortos, em Batatais e Américo Brasiliense, tiveram infecção confirmada dentro do território paulista. Ainda estão sendo investigados 17 casos de pessoas com suspeita da doença. Dessas, quatro são do interior de São Paulo. O restante é de Minas Gerais, Pará e Amazonas.
Sobre a investigação de casos e mortes registradas em outros estados (Bahia, Espírito Santo, Goias, São Paulo, Santa Catarina e Distrito Federal) que têm Minas Gerais como local provável de infecção, a Secretaria da Saúde mineira explicou que o trabalho exige análise epidemiológica mais aprofundada, incluindo a avaliação de dados como a data de início dos sintomas, o histórico de deslocamento, entre outros aspectos, o que vem sendo executado pelas equipes de saúde municipais, com apoio da pasta e do Ministério da Saúde.
No boletim de ontem, a SES informou que o aumento significativo no número de notificações (46,5%) em relação ao boletim anterior se deve à atualização de dados, que incluem pacientes que tiveram início dos sintomas durante todo o período de levantamento. “Desse modo, a atualização não reflete o aumento no número de casos apenas nos últimos dias”, divulgou. Até ontem, a SES informou que foram distribuídas no estado 3,3 milhões de doses de vacina contra a febre amarela para atender áreas selecionadas para a intensificação vacinal e para a imunização de rotina. Já foi aplicado 1,5 milhão de doses, sendo 990 mil nos municípios com surto. A secretaria também está providenciando a abertura de mais 154 leitos para atendimento de casos da doença, 110 deles clínicos, 30 de UTI e 14 semi-intensivos. Do total, 124 já estão abertos e 30 estão em fase final de negociação.
MORTE DE MACACOS Técnicos do Ibama vão visitar os municípios de Teófilo Otoni e Ladainha, no Vale do Mucuri, para apurar denúncia feita no escritório do órgão em Brasília de que macacos estão sendo mortos pela população dessas cidades. A equipe, composta pelo chefe do Centro de Triagem de Animais Silvestres e um engenheiro florestal do órgão em BH, além de um funcionário da unidade em Governador Valadares, viaja hoje para Teófilo Otoni e na quinta-feira se desloca para Ladainha. Até sexta-feira, os funcionários vão conversar com representantes da Polícia Ambiental e a Secretaria Municipal de Saúde das cidades.
O Ibama informou que está acompanhando o aparecimento de macacos mortos no estado e que, até agora, não houve registro de nenhum caso em que a morte do animal tenha sido causada pela febre amarela. Segundo o órgão, o denunciante informou que as mortes estariam sendo provocadas por medo das pessoas em relação à transmissão da doença. Além de checar a informação sobre o crime ambiental, os técnicos farão um trabalho de esclarecimento sobre o ciclo da doença, já que os macacos são vítimas e não causadores, pois, assim como o ser humano, são hospedeiros do vírus.e acordo com a SES, foram confirmadas mortes de macacos em 26 municípios dos 49 onde esse tipo de episódio vem sendo investigado.