Ministro da Saúde espera que surto de febre amarela diminua com reforço na vacinação

Com os números de mortes e casos suspeitos em Minas em escalada, órgão federal anuncia R$ 40 mi para imunização e outras ações preventivas que incluem estados vizinhos

João Henrique do Vale
População de Ladainha, uma das cidades mineiras mais afetadas pelo surto de febre amarela no estado, promoveu verdadeira corrida por imunização contra a doença - Foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS - 15/01/2017
Enquanto o número de mortes pela febre amarela não para de subir em Minas Gerais, a tentativa de frear avanço da doença no país será com o reforço de vacinação nos estados que já apresentam casos. O Ministro da Saúde, Ricardo Barros, anunciou ontem o repasse de aproximadamente R$ 40 milhões para os municípios afetados pelo maior surto desde 1980 – último dado disponível na série histórica de acompanhamento da virose feito pelo Ministério da Saúde.

Do montante, R$ 13,8 milhões serão empregados no reforço de imunização e R$ 26,3 milhões vão para ações de vigilância em saúde e ações de prevenção. O governo federal anunciou ainda ressarcimento para prefeituras que adotaram ações urgentes para conter o avanço da enfermidade. Em Minas, balanço divulgado ontem pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) confirmou mais casos fatais causados pelo vírus, elevando total de óbitos para 51.

Com o reforço na vacinação, o ministério espera diminuição no número de notificações da doença. “É uma curva que ocorre de forma simultânea. Estamos dando segurança para os municípios realizarem as coberturas vacinais e dando garantias de que vamos ressarcir os esforços. Os prefeitos estão respondendo, principalmente da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro, então vamos aguardar que os registros caiam”, afirmou Ricardo Barros.
Os 256 municípios que receberão a verba ficam em Minas, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo.

Desde o início deste ano, o Ministério da Saúde informa ter enviado 8,2 milhões de doses extras de vacinas para cinco estados, dos quais Minas recebeu 3,5 milhões. O montante é um adicional à vacinação de rotina do Calendário Nacional, repassada mensalmente aos estados, que totalizou 650 mil no mês de janeiro, segundo a pasta.

No estado,  a cobertura vacinal das cinco unidades regionais de saúde mais afetadas pela febre amarela – Coronel Fabriciano, Diamantina, Governador Valadares, Manhumirim e Teófilo Otoni – é de 90%. Em 2016, essa cobertura foi de 48%.  Dados do Ministério da Saúde mostram que em todo o país foram registradas 857 notificações da doença. Do total, 149 foram confirmados e outros 667 estão em investigação.

Em relação às mortes, foram 135 notificações, 52 confirmadas e outras 80 em investigação. “A maioria das mortes é do público masculino, com idades entre 31 e 70 anos. Isso mostra e ratifica quem está sob o risco: homens, normalmente trabalhadores rurais e que desenvolvem atividades em locais mais perto de matas”, disse o ministro. Ele estará em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, hoje, para se reunir com prefeitos de cidades atingidas e anunciar repasse de recursos.

Os dados nacionais reforçam a gravidade da situação em Minas Gerais, que concentra a esmagadora maioria dos casos. Neste ano, foram computadas no estado 128 mortes suspeitas da doença, das quais 51 já foram confirmadas e outras 77 ainda são investigadas. Os números vêm subindo a cada dia. Até ontem, foram 777 notificações da doença, aumento de três em relação a quarta-feira. Na comparação com o início da semana, a alta foi de 65 registros.


- Foto: Arte/EM
Do total, 138 diagnósticos foram confirmados. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, a maioria dos casos suspeitos teve início dos sintomas entre 8 e 14 de janeiro de 2017. O número de cidades com casos suspeitos também subiu. Agora são 61, incluindo dois casos em que o local de infecção ainda é apurado. Do total, 31 municípios tiveram a confirmação da doença. A região mais afetada é o Leste de Minas. Ladainha (20), Itambacuri (14), Teófilo Otoni (12) e Novo Cruzeiro (11) lideram em número de mortes investigadas.

Apesar do aumento de mortes no último balanço, o secretário de estado da Saúde, Sávio Souza Cruz, avalia que o avanço de casos começa a perder velocidade. “Observamos um declínio na entrada de novos casos, sinalizando que toda essa operação de guerra montada pelo governo de Minas vem tendo efeito”, afirmou..