Conforme o delegado Renato Nunes Henriques, chefe do 11º Departamento de Polícia Civil de Montes Claros, que comandou a operação, a quadrilha foi responsável por ataques recentes a agências em outras cidades do Norte de Minas, como Monte Azul, São João do Paraíso e Montezuma. Ao monitorar as ações dos criminosos, a corporação descobriu o plano de um novo aassalto ao Banco do Brasil de Mato Verde e preparou a ação surpresa, envolvendo quatro dezenas de policias de Montes Claros e Janaúba.
De acordo com o Renato Henriques, às 3h os ciminosos chegaram diante da agência bancária em uma caminhonete S-10 prata – na cabine e na carroceria do veículo, armados com com fuzis, metralhadoras, carabinas e pistolas. Ainda conforme o relato do delegado, foi dada voz de prisão aos criminosos, que reagiram, fazendo disparos que acertaram a parede do hotel. A troca de tiros durou cerca de cinco minutos. “Como estávamos em vantagem numérica e contávamos com o fator surpresa, alcançamos um bom resultado na ação”, afirma o delegado.
Protegidos pelas paredes do hotel e atrás do muro, os agentes não ficaram feridos. Oito acusados foram alvejados e sete deles morreram. O único a sobreviver foi identificado como Wellington Goularte Aguiar, atingido por quatro tiros, nas duas pernas, na virilha e no braço esquerdo. Ele foi socorrido e levado para o Hospital Regional de Janaúba, onde permanece sob escolta. Wellington é natural de Monte Azul, distante 40 quilometros de Mato Verde, mas estaria morando em São Paulo.
Os corpos dos demais alvejados durante a ação também foram encaminhados a Janaúba. Seis dos sete mortos foram identificados e tiveram os nomes divulgados pela Polícia Civil: Reginaldo Vieira Carneiro, Carlos Alexandre de Sá, Leandro de Oliveira Figueiredo, Rafael Duarte Silva, Márcio dos Santos Silva e Sidney Brito Rodrigues. Suspeita-se que os três homens que continuam a ser procurados davam suporte aos assaltantes que agiam na linha de frente.
Memória
Choque em Itamonte acabou com 10 mortos
O cerco em Mato Verde, no Norte de Minas, não foi o primeiro enfrentamento entre policiais e bandos de assalto a banco a resultar em múltiplas mortes em Minas Gerais. Há cerca de dois anos, em Itamonte, no Sul do estado, ação conjunta entre agentes mineiros e paulistas, com apoio da Polícia Rodoviária Federal, resultou em nove suspeitos mortos, além de um inocente – o professor Silmar Júnior Madeira, morador da cidade que havia sido feito refém e era obrigado a dirigir para os assaltantes.
O enfrentamento ocorreu em 22 de fevereiro, quando um grupo apontado como responsável por ataques a caixas eletrônicos em pelo menos 10 cidades paulistas invadiu o município do Sul mineiro. A quadrilha vinha sendo monitorada pelos policiais, que montaram um forte aparato e trocaram tiros com criminosos que invadiam a cidade. Durante o primeiro enfrentamento, nove pessoas morreram, entre elas o professor. No cerco que se seguiu por dias na região, houve pelo menos seis prisões e mais um acusado, que havia fugido fazendo um taxista refém, foi morto em operação policial. O episódio abalou a cidade, que cancelou os festejos de carnaval e trocou as comemorações por um feriado de apreensão, com reforço de vigilância nas ruas.