Somente duas cidades mineiras terão investimento para obras de saneamento da Codevasf

Bocaiuva e Ponto Chique receberão R$ 5,8 milhões para retomado do sistema de esgotamento

Luiz Ribeiro

A presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Kênia Marcelino, em visita ao Norte de Minas, assinou dois contratos para a retomada dos sistemas de esgotamento sanitário de dois municípios da região: Bocaiuva e Ponto Chique.

Os investimentos previstos são de R$ 5,8 milhões, sendo R$ 2,9 milhões para cada uma das cidades. Porém, não foi feito nenhum anúncio relativo a outros serviços de saneamento básico e de recuperação ambiental que estão parados na Bacia Velho Chico, devido à falta de recursos.

Conforme mostrou reportagem do Estado de Minas publicada na última segunda-feira (30/01), o programa de revitalização do Rio São Francisco, “rebatizado” com o nome de “Plano Novo Chico” sofre uma série de restrições de verbas por causa da crise financeira. Com isso, vários serviços foram interrompidos, incluindo ações para proteção ambiental, recuperação de áreas degradadas e obras de esgotamento sanitário que são comandadas pela Codevasf. A interrupção das obras de saneamento é verificada em Buritizeiro e Pirapora, onde o Rio da Integração Nacional continua sendo poluído com esgoto sem tratamento.

No entanto, na visita à região nesta semana, a presidente da Codevasf assinou os contratos referentes às obras de saneamento somente em Bocaiuva e Ponto Chique, esta última banhada diretamente pelo Rio São Francisco. Kênia Marcelino falou das ações para o reinício dos serviços da Barragem do Rio Jequitaí, no município homônimo. Ela visitou o canteiro de obras da barragem, que é uma das construções mais importantes para a melhoria das condições hídricas e o enfrentamento da seca no Norte do estado. Ainda não se sabe quando as obras em Jequitaí vão recomeçar efetivamente.

Conforme a Codevasf, as obras de saneamento em Bocaiuva e Ponto Chique deverão terminar dentro de oito meses após a assinatura das ordens de serviço.
Em Bocaiuva, será concluído um sistema de redes coletoras e interceptores de esgoto, com 2,6 mil metros de extensão, quatro elevatórias e uma estação de tratamento de esgoto. A estrutura vai atender 365 ligações domiciliares. Serão beneficiados 36,5 moradores da cidade.

Já Ponto Chique vai receber 18,3 mil metros de redes coletoras e interceptores de esgoto, com 804 ligações domiciliares, além de uma elevatória e uma estação de tratamento de esgoto. Os serviços vão atender 2,9 mil habitantes do pequeno município.

A Codevasf informou que investiu até hoje cerca de R$ 1,8 bilhão no âmbito do Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco, que prevê a implantação de sistemas de esgotamento sanitário. “A retomada dessas obras de esgotamento em Bocaiuva e Ponto Chique já faz parte do Novo Chico, lançado em agosto pelo presidente Michel Temer. São mais recursos para todos os estados que fazem parte da bacia hidrográfica. Só no estado de Minas, nos últimos anos, foram investidos mais de R$ 122 milhões em revitalização”, destacou a presidente da Codevasf em nota divulgada pelo órgão.

Barragem de Jequitaí

Em entrevista, a presidente da Codevasf disse que estão sendo adotadas as providências para regularização ambiental e indenização de proprietários de terrenos desapropriados na área onde será construída a Barragem do Rio Jequitaí, afluente do Rio São Francisco. Kênia Marcelino destacou que a obra terá grande importância para o abastecimento humano e vai garantir também o fornecimento de água para irrigação agrícola. Ela não falou em prazo para o reinício dos serviços do projeto, que está orçado em R$ 311 milhões.

Por sua vez, o deputado estadual Gil Pereira (PP) informou que foi feito um acordo entre o governo do estado e o governo federal para a liberação dos recursos que vão garantir a retomada imediata dos trabalhos em Jequitaí. De acordo com Pereira, o governo estadual assegurou a liberação de R$ 8,5 milhões, enquanto a Codevasf entrou com uma parcela de R$ 38 milhões, totalizando R$ R$ 46,5 milhões, que serão suficientes para a regularização ambiental, pagamento do restante das desapropriações e realizar o novo processo licitatório da barragem.
“Acredito que a nova licitação da Barragem de Jequitaí deverá ser feita dentro de três ou quatro meses. Após a a ordem de serviço, as obras de construção deverão ser concluídas dentro de 18 meses”, afirma Gil Pereira.

Os serviços da barragem estão interrompidos desde maio de 2016.

RB

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