Cinco vítimas (quatro moradores e um visitante) estavam no subdistrito de Bento Rodrigues, fundado no século 18 e erguido a poucos quilômetros de Fundão. “As sirenes são boas daqui para frente. Deveriam ter sido instaladas antes do desastre”, lamentou José do Nascimento de Jesus, o Zezinho do Bento, uma das lideranças do povoado.
Aproximadamente 620 moradores, segundo Zezinho, moravam no lugarejo quando do rompimento. Sobreviventes acreditam que o número de mortes no povoado só não foi maior por milagre. Também porque trabalhadores da Samarco que tinham parentes em Bento telefonaram avisando sobre o rompimento.
Os equipamentos sonoros, agora, fazem parte do sistema de segurança da mineradora.
A Samarco garantiu ter concluído as obras de contenção de rejeitos, aumentando a capacidade de retenção de sedimentos remanescentes do rompimento em cerca de 6 milhões de metros cúbicos. As últimas estruturas finalizadas foram a Barragem de Nova Santarém,parte do complexo, e o dique S4, perto de Bento Rodrigues.
“As duas obras complementam as estruturas já construídas na fase emergencial, como o dique S3 e as barreiras de contenção. Elas fortalecem e dão mais robustez e segurança ao sistema de contenção de rejeitos construído durante o ano de 2016”, disse o diretor da mineradora. Ele não trabalhava na empresa na época do desastre. Questionado se houve erro na época, optou por concentrar as declarações na conclusão das obras. Assegurou, por exemplo, que não há risco de novo rompimento no complexo. “Não há mais nada para fazer para a contenção de rejeitos. Completamos todo o sistema e não há risco depois dos trabalhos extensivos”, afirmou Vilela.
RUÍNAS Na prática, as obras de contenção consistiram no reforço dos diques já existentes e na construção de Nova Santarém e do dique S4 (veja mapa). Bento Rodrigues está entre os diques S3 e S4. A Samarco informou que a área a ser alagada com a nova estrutura não vai afetar as ruínas e edificações que não atingidas pelos rejeitos, como a capela e o cemitério.
Ainda de acordo com a mineradora, no caso do S4, o dique tem caráter temporário. Erguido com a missão de impedir carreamento de sólidos da área impactada de Bento Rodrigues para o Rio Gualaxo, a contenção será desativada na época de recuperação final da área.
DEGRADAÇÃO O superintendente do Ibama em Minas, Marcelo Belisário, considerou a finalização das obras de contenção no complexo como “um marco”, mas ressaltou elas abarcam apenas o controle interno dos rejeitos, faltando ainda fazer o mesmo com o material depositado em 115 quilômetros fora dessa área.