Árvores de BH apresentam riscos que vão além do besouro metálico

Galhos a ponto de cair de coqueiros e palmeiras multiplicam ameaças ocultas nas ruas da capital, onde espécimes estão infestados por insetos

Mateus Parreiras
Galho seco de palmeira pesando mais de cinco quilos caiu na Avenida Brasil e por pouco não não atingiu carros que passavam pela via - Foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS
Besouros gigantes metálicos e moscas-brancas-dos-fícus não são as únicas ameaças trazidas pelas árvores espalhadas pela capital mineira e que precisam de podas preventivas. Galhos pesados e ressecados, dependurados nas copas e ameaçando cair, se espalham por várias ruas e avenidas, trazendo riscos para quem passa sob eles.

Foi o que constatou a reportagem do Estado de Minas ao circular pela região dos hospitais e Centro-Sul, onde há pelo menos cinco vias de grande fluxo com esses perigos. As espécies que mais apresentaram ameaças visíveis de despencar são as palmeiras e coqueiros, que chegam a ter galhos com mais de cinco quilos e podem provocar ferimentos graves em pessoas atingidas e até causar acidentes de trânsito se desabarem sobre carros e motocicletas.

Ontem, foi cortada na Rua dos Otoni, na região hospitalar, uma das 50 árvores infestadas pelo besouro metálico e que estava no caminho dos blocos de carnaval. Todas essas árvores são das espécies munguba e paineira e estão na Região Centro-Sul de BH, segundo a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).


A via que mais ameaças de quedas de galhos apresentou foi a Avenida Brasil, entre a Rua Bernardo Guimarães e a Praça da Liberdade, no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul, onde 12 palmeiras imperiais tinham galhos com folhas ressecadas e já dependuradas podendo cair. Algumas das árvores estão suspensas a mais de 35 metros de altura, o que amplia o potencial de estrago em caso de quedas, seja por chuvas, ventanias ou causas naturais.

No sentido Praça da Liberdade, um galho ressecado de cinco metros de comprimento foi retirado de dentro da via e acomodado na grama do canteiro central depois de ter caído sem a ajuda da chuva.

Uma balança de precisão mostrou o nível de perigo que esse desprendimento traz, apontando que o galho pesa 5,310 quilos.
A queda de galhos das palmeiras imperiais é frequente, sem precisar de tempestades ou de ventanias, afirma o porteiro de um edifício que fica dentro desse trecho, Éder Batista dos Santos, de 32. “É muito perigoso, porque os galhos caem de muito alto e podem até matar alguém. Quando batem nos carros estacionados ou passando, até amassam a lataria. Um motoqueiro pode ser derrubado”, conta. Há poucos meses, recorda, um casal que atravessava a Avenida Brasil quase foi atingido por um grande galho em queda. “Caiu a meio metro dos dois. Eles tomaram um susto danado quando escutaram o barulho do galho batendo no chão. Foi por muito pouco, Deus é que ajudou. Acho que tinha de ter uma poda sempre que se avistar galhos podres ou secos como esses”, disse.

O engenheiro Igor Alvarenga, de 32, trabalha perto da avenida e a cruza sempre no trajeto entre o estacionamento e a empresa. Ele ainda não tinha atentado para o perigo que corria, até ver de perto o galho de mais de cinco quilos caído à sua frente. “Deveria ter um monitoramento muito rigoroso desses galhos. E não são só os galhos secos que trazem perigo, a gente vê que as árvores muitas vezes estão com raízes e troncos em mau estado e que precisariam ser mais bem cuidadas”, afirma. Na mesma avenida, na altura da Rua Francisco Sales, nos Hospitais, os galhos ressecados de duas palmeiras ameaçam cair sobre pedestres, perto da Rua dos Otoni, e sobre os carros estacionados, do outro lado da via. Ramos da mesma espécie ameaçam cair na Avenida Afonso Pena, onde trânsito de pedestres é intenso - Foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS

Locais com grande fluxo de pedestres e carros também apresentam o risco de queda de galhos enfraquecidos.
Bem na frente do Palácio das Artes, na Avenida Afonso Pena, no Hipercentro, três galhos ressecados de um coqueiro balançam com a ventania, dependurados por uma fina tira vegetal, ameaçando a calçada próxima ao acesso do edifício. Na Rua Tomé de Souza, próximo ao número 600, três coqueiros com galhos grandes e ressecados e uma árvore cujos ramos pesados estão sustentados apenas pela fiação elétrica, se pronunciam sobre um ponto de ônibus que chega a concentrar na hora do rush filas de até três ônibus da linha 3050, para o Barreiro.

De acordo com a urbanista da Secretaria Municipal de Meio Ambiente Márcia Mourão Parreira Vital, o principal fator para derrubada de árvores e galhos é a chuva e o vento, respondendo por 90% dos casos. “Mesmo árvores saudáveis podem cair, porque o tronco mais maciço tem uma resistência maior e por isso se rompe”, afirma. Os outros 10% de quedas são provocados por colisão de veículos e fragilização das árvores por idade avançada, doenças e causas não identificadas. “Muitas vezes temos de remover o que caiu rapidamente para desobstruir uma via e a investigação sobre a causa fica prejudicada”.

Por meio da Regional Centro-Sul, a PBH informou ontem que equipes da Gerência de Jardins vão realizar, ainda esta semana, vistoria para avaliar as árvores que estejam nas condições apontadas pela reportagem e planejar a execução de ações necessárias para garantir a segurança nas vias.

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