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Estado de Minas

Registros de chikungunya em Minas já representam 59,3% do total de 2016

Assolado pela febre amarela, estado tem escalada de casos de outro vírus transmitido pelo Aedes


postado em 10/02/2017 06:00 / atualizado em 10/02/2017 13:01

Combate às larvas do mosquito transmissor é única forma de bloquear avanço de várias doenças(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press - 16/2/16)
Combate às larvas do mosquito transmissor é única forma de bloquear avanço de várias doenças (foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press - 16/2/16)
Enquanto a febre amarela segue fazendo vítimas e atraindo as preocupações da maior parte da população em Minas Gerais, onde o número de mortes confirmadas pela doença já beira 70,  um inimigo de outros verões avança silenciosamente em velocidade alarmante. Como já temiam autoridades sanitárias, a chikungunya cresce desordenadamente no estado, que já registra apenas nos primeiros 37 dias deste ano o equivalente a 59,3% do total de casos prováveis (entre confirmados e investigados) do ano passado inteiro. A situação é ainda mais preocupante em Conselheiro Pena e Governador Valadares, que têm 59 e 52 notificações, respectivamente. As cidades são as que mais apresentam registros em Minas e ambas ficam no Vale do Rio Doce, que também enfrenta surto de febre amarela.

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) divulgou dados relativos à doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, na tarde desta quarta-feira, refletindo as estatísticas do acumulado até segunda-feira e indicando forte alta da febre chikungunya. Em apenas uma semana, 101 notificações entraram para o levantamento, que em 1º de fevereiro registrava 200 casos prováveis. No ano passado, Minas teve 537 notificações de pessoas infectadas pela doença. Nos dois primeiros meses de 2016 foram registrados, respectivamente, 36 e 74, notificações. O dado atual é mais preocupante porque a grande concentração de registros da doença tende a acontecer entre março e abril, o que indica que a situação ainda deve piorar  nos próximos meses.

De acordo com o infectologista Dirceu Greco, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, dois fatores podem ter contribuído para a disparada no número de casos prováveis de chikungunya: a circulação de um novo agente e o aprimoramento no diagnóstico. “Toda vez que aparece um vírus novo em uma população que nunca foi infectada e não tem anticorpos, o risco é mais elevado”, afirmou. Outra explicação é o aprimoramento do diagnóstico, que evita subnotificações e consequentemente se reflete no aumento do registro de casos.

Segundo Dirceu Greco, a situação acende outro tipo de alerta. “Isso mostra que há vetor suficiente nessas cidades para passar qualquer doença – dengue, chikungunya, zika ou febre amarela. Por isso, é bom reforçar a atenção, principalmente nas localidades que têm saneamento básico ruim e coleta de lixo insuficiente. Esses fatores facilitam a infestação do mosquito transmissor”, disse.

A letalidade é outro aspecto importante da chikungunya, destacado pelo infectologista Rivaldo Venâncio da Cunha, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Ele ressalta que dados do Ministério da Saúde apontam que somente no ano passado foram registradas 196 mortes pela doença no país. E, dos 271.824 casos prováveis da febre, distribuídos em 2.829 municípios, 151.318 (55,7%) foram confirmados. “Essa é uma doença séria e os números do ano passado já eram preocupantes. Para este ano, já era esperado que a doença chegasse a Minas, onde a população está muito suscetível, por não ter anticorpos.”

O infectologista destaca que os pacientes desenvolvem problemas motores e dores articulares que podem se arrastar por meses, limitando atividades cotidianas como dirigir, digitar ou executar tarefas domésticas. Outro ponto se refere aos pacientes que apresentam quadros graves da enfermidade. “Uma parcela da população chega a desenvolver quadros clínicos que causam afastamento do trabalho por meses ou até mesmo anos, o que gera grandes perdas pessoais, sociais e econômicas”, afirma. Rivaldo Cunha lembra ainda que todas as doenças sistêmicas, especialmente as virais, como dengue, zika, chikungunya e rubéola, podem desencadear a síndrome de Guillain Barré, doença autoimune grave que afeta o sistema nervoso e pode deixar sequelas.

DENGUE E ZIKA Em relação à dengue, Minas Gerais tem atualmente 6.416 casos prováveis. Continuam sendo investigadas três mortes. Em 2016, o pior ano da doença da história para a virose, 254 moradores do estado perderam a vida devido à doença. Outras 40 mortes seguem em investigação desde o ano passado. Já em relação ao zika vírus, foram registrados neste ano 99 casos prováveis no estado. Nos 12 meses do ano passado foram 14.338 notificações da doença. Em relação às gestantes com quadro agudo, foram confirmados 1.098 casos desde 2016 até 9 de fevereiro. Outros 406 estão em investigação.


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