Quando mandou um e-mail para o maior líder da igreja católica no mundo, o pároco emérito do Santuário São Judas Tadeu, padre Pedro de Souza esperava receber apenas uma bênção distante em comemoração aos 50 anos de sacerdócio, que completou em 7 de dezembro do ano passado. Mas, em se tratando do Papa Francisco, o presente pelo aniversário foi muito maior. Padre Pedrinho, como é conhecido entre os fiéis da Igreja no Bairro da Graça, em Belo Horizonte, havia dito na mensagem do sonho de estar um dia junto do “chefe” e se surpreendeu ao receber como resposta um convite da Secretaria do Vaticano. Acabou concelebrando, junto com o Papa, uma missa na Capela da Casa Santa Marta, em Roma, no último dia de janeiro.
HOMILIA Aos 80 anos de idade, Padre Pedrinho ganhou as passagens e levou para acompanhá-lo o colega Padre André, de 38, que fala italiano fluentemente. Junto com mais dois padres que também concelebraram a missa, os dois rezaram com Francisco as orações de consagração do pão e do vinho e distribuíram a comunhão aos fiéis. A homilia teve como tema “Jesus olha para cada um de nós”. A reflexão foi sobre a experiência do encontro individual com Cristo, que enxerga um a um na multidão. Ao final, Padre Pedro teve um breve momento com o Papa. “Foi uma experiência incalculável de beleza, alegria e ações de graças”, afirmou ainda com voz embargada em mensagem gravada aos fiéis de Belo Horizonte.
“Depois da missa, ele nos acolheu, nos cumprimentou e perguntou sobre nós. Falei que estava comemorando 50 anos de sacerdócio e pedi uma bênção. Aproveitei e dei a ele de presente o livro que publiquei, uma autobiografia analisando o plano de Deus na minha vida”, conta Padre Pedrinho, ordenado em 1966. O sacerdote disse que Francisco agradeceu e disse a ele e ao colega, Pe. André, para nunca desanimar e continuar com a missão de levar a palavra de Deus.
Francisco é o segundo Papa que Padre Pedrinho tem a oportunidade de conhecer. “Estive duas vezes com o Papa São João Paulo II. Quando ele veio a BH e fez aquela famosa missa (que deu nome à Praça do Papa) estive com ele na casa do Bispo Dom João Rezende Costa. Depois, estive com ele em audiência na Sala Paulo VI, no Vaticano.” Na ocasião, o padre lembra que foi recebido com carinho especial pelo fato de ter vindo de Belo Horizonte. “Ele conversou e lembrou da missa de BH, falou muito dos jovens interessados, foi muito bom”.
MISSÃO De volta ao Santuário de São Judas, Padre Pedro relembra a experiência com emoção. “Admiro demais o Papa Francisco, ele é uma pessoa diferente até no modo de falar e tratar a gente. A atenção que ele dá sobretudo aos pobres de Roma é especial.” Desde os 75 anos, o padre mineiro renunciou ao comando do Santuário e se tornou pároco emérito, ajudando em celebrações, atendimentos e confissões mas sem responsabilidade administrativa. “A gente continua fazendo o que pode. Como disse o Papa, não podemos desanimar”, afirmou.
No livro que entregou ao Papa, Padre Pedrinho conta que abraçou a vida religiosa por conta própria aos 18 anos, depois de uma infância e adolescência “atraído por esse apelo de Deus”. Em 1955, ele chegou ao seminário, onde viveu durante 12 anos antes da ordenação. “Ninguém me fez convite algum, só o Senhor. Tive que tomar a decisão por mim mesmo para responder a esse apelo de Deus”, conta. Nestes 50 anos, Padre Pedro foi pároco de seis paróquias e diz nunca ter cruzado os braços. O religioso garante que nunca celebrou uma missa às pressas ou se recusou a ser pastor. “Vocação é isso: cada um descobrir o que Deus quer dele e colher a felicidade realizando, com amor, tal missão”, conclui.
Opção pela simplicidade
A Casa Santa Marta é o local onde o Papa Francisco decidiu fixar residência, depois de ficar nela hospedado durante conclave que o elegeu, em 2013. Em carta escrita por ele na época e enviada a um sacerdote argentino o Papa explicou que não quis viver no Palácio Apostólico, onde vai somente para trabalhar e fazer audiências. Ele disse que preferia continuar adotando o estilo simples que tinha na Argentina, porque se mudasse, com a idade dele, faria um papel ridículo. É na capela de Santa Marta que o sumo pontífice realiza missas e reflexões matinais.
As surpresas de Francisco
Não é a primeira vez que o Papa Francisco surpreende quem pede uma bênção com um convite inesperado. O estilo mais popular do argentino Jorge Mario Bergoglio também marcou a vida de um casal de mineiros que foi até Roma para ter o casamento abençoado pelo maior líder católico do mundo. Francisco também chegou a ligar para um seminarista com doença terminal só para dar uma força para o paciente.
O fiscal Giovanni e a professora Kenya foram contemplados com a bênção do sumo pontífice depois de enviar, sem grandes expectativas, um convite de casamento à Santa Sé. Logo após o casamento, os noivos foram avisados de que o Papa os receberia no Vaticano em 16 de março do ano passado. A noiva se vestiu mais uma vez de branco e o casal católico foi ao encontro de Francisco.
Em abril de 2015, o Papa Francisco ligou para o seminarista Salvatore Mellone, de 38 anos, e disse a ele que queria uma bênção dele quando se tornasse um sacerdote. “Reze por mim e saiba que eu rezo por você, por todos os pacientes terminais e por todos os doentes”.
A espontaneidade também tornou famosa uma estudante brasileira que conseguiu fazê-lo rir no Vaticano, durante um encontro de jovens. Ana Carolina, de 19, foi ao encontro do pontífice e ele soltou: “Você é brasileira? Então, uma pergunta: Quem é melhor, Pelé ou Maradona?”. Ela respondeu: “Pelé”.
HOMILIA Aos 80 anos de idade, Padre Pedrinho ganhou as passagens e levou para acompanhá-lo o colega Padre André, de 38, que fala italiano fluentemente. Junto com mais dois padres que também concelebraram a missa, os dois rezaram com Francisco as orações de consagração do pão e do vinho e distribuíram a comunhão aos fiéis. A homilia teve como tema “Jesus olha para cada um de nós”. A reflexão foi sobre a experiência do encontro individual com Cristo, que enxerga um a um na multidão. Ao final, Padre Pedro teve um breve momento com o Papa. “Foi uma experiência incalculável de beleza, alegria e ações de graças”, afirmou ainda com voz embargada em mensagem gravada aos fiéis de Belo Horizonte.
“Depois da missa, ele nos acolheu, nos cumprimentou e perguntou sobre nós. Falei que estava comemorando 50 anos de sacerdócio e pedi uma bênção. Aproveitei e dei a ele de presente o livro que publiquei, uma autobiografia analisando o plano de Deus na minha vida”, conta Padre Pedrinho, ordenado em 1966. O sacerdote disse que Francisco agradeceu e disse a ele e ao colega, Pe. André, para nunca desanimar e continuar com a missão de levar a palavra de Deus.
Francisco é o segundo Papa que Padre Pedrinho tem a oportunidade de conhecer. “Estive duas vezes com o Papa São João Paulo II. Quando ele veio a BH e fez aquela famosa missa (que deu nome à Praça do Papa) estive com ele na casa do Bispo Dom João Rezende Costa. Depois, estive com ele em audiência na Sala Paulo VI, no Vaticano.” Na ocasião, o padre lembra que foi recebido com carinho especial pelo fato de ter vindo de Belo Horizonte. “Ele conversou e lembrou da missa de BH, falou muito dos jovens interessados, foi muito bom”.
MISSÃO De volta ao Santuário de São Judas, Padre Pedro relembra a experiência com emoção. “Admiro demais o Papa Francisco, ele é uma pessoa diferente até no modo de falar e tratar a gente. A atenção que ele dá sobretudo aos pobres de Roma é especial.” Desde os 75 anos, o padre mineiro renunciou ao comando do Santuário e se tornou pároco emérito, ajudando em celebrações, atendimentos e confissões mas sem responsabilidade administrativa. “A gente continua fazendo o que pode. Como disse o Papa, não podemos desanimar”, afirmou.
No livro que entregou ao Papa, Padre Pedrinho conta que abraçou a vida religiosa por conta própria aos 18 anos, depois de uma infância e adolescência “atraído por esse apelo de Deus”. Em 1955, ele chegou ao seminário, onde viveu durante 12 anos antes da ordenação. “Ninguém me fez convite algum, só o Senhor. Tive que tomar a decisão por mim mesmo para responder a esse apelo de Deus”, conta. Nestes 50 anos, Padre Pedro foi pároco de seis paróquias e diz nunca ter cruzado os braços. O religioso garante que nunca celebrou uma missa às pressas ou se recusou a ser pastor. “Vocação é isso: cada um descobrir o que Deus quer dele e colher a felicidade realizando, com amor, tal missão”, conclui.
Opção pela simplicidade
A Casa Santa Marta é o local onde o Papa Francisco decidiu fixar residência, depois de ficar nela hospedado durante conclave que o elegeu, em 2013. Em carta escrita por ele na época e enviada a um sacerdote argentino o Papa explicou que não quis viver no Palácio Apostólico, onde vai somente para trabalhar e fazer audiências. Ele disse que preferia continuar adotando o estilo simples que tinha na Argentina, porque se mudasse, com a idade dele, faria um papel ridículo. É na capela de Santa Marta que o sumo pontífice realiza missas e reflexões matinais.
As surpresas de Francisco
Não é a primeira vez que o Papa Francisco surpreende quem pede uma bênção com um convite inesperado. O estilo mais popular do argentino Jorge Mario Bergoglio também marcou a vida de um casal de mineiros que foi até Roma para ter o casamento abençoado pelo maior líder católico do mundo. Francisco também chegou a ligar para um seminarista com doença terminal só para dar uma força para o paciente.
O fiscal Giovanni e a professora Kenya foram contemplados com a bênção do sumo pontífice depois de enviar, sem grandes expectativas, um convite de casamento à Santa Sé. Logo após o casamento, os noivos foram avisados de que o Papa os receberia no Vaticano em 16 de março do ano passado. A noiva se vestiu mais uma vez de branco e o casal católico foi ao encontro de Francisco.
Em abril de 2015, o Papa Francisco ligou para o seminarista Salvatore Mellone, de 38 anos, e disse a ele que queria uma bênção dele quando se tornasse um sacerdote. “Reze por mim e saiba que eu rezo por você, por todos os pacientes terminais e por todos os doentes”.
A espontaneidade também tornou famosa uma estudante brasileira que conseguiu fazê-lo rir no Vaticano, durante um encontro de jovens. Ana Carolina, de 19, foi ao encontro do pontífice e ele soltou: “Você é brasileira? Então, uma pergunta: Quem é melhor, Pelé ou Maradona?”. Ela respondeu: “Pelé”.