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Estado de Minas

Moradores de BH amanhecem na fila para vacina contra febre amarela

Preocupada com a morte de macacos, população voltou a fazer filas nos postos de saúde da capital


postado em 14/02/2017 06:00 / atualizado em 14/02/2017 07:40

No Centro de Saúde Copacabana, no bairro de mesmo nome, onde um macaco morreu infectado pela doença, a fila começou antes das 7h(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
No Centro de Saúde Copacabana, no bairro de mesmo nome, onde um macaco morreu infectado pela doença, a fila começou antes das 7h (foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Moradores de Belo Horizonte acordaram cedo para procurar por vacinas contra a febre amarela na capital mineira na manhã de ontem. A primeira morte de um macaco em BH confirmada pelo vírus da doença ligou o alerta de muitas pessoas que ainda estavam tranquilas pelo fato de o surto estar mais concentrado nas regiões Leste e Nordeste de Minas, nas áreas dos vales do Rio Doce, Jequitinhonha e Mucuri. A reportagem visitou quatro postos e encontrou um perfil muito parecido. Filas na porta das unidades antes mesmo do início da imunização, algumas reclamações pontuais, mas o serviço foi prestado sem grandes transtornos nos centros visitados.


Um dos locais de maior apreensão era o Centro de Saúde Copacabana, no bairro de mesmo nome, na Região de Venda Nova. Foi nesse bairro que o macaco encontrado morto testou positivo para a infecção pelo vírus da febre amarela, o que indica que existe circulação do vírus na região. O horário de início da vacinação era as 9h, mas mesmo assim a professora Silvanir Rodrigues, de 40 anos, e a vendedora Renata Adriana Ribeiro, de 42, chegaram à porta da sala de vacinação às 7h. Duas horas depois, foram atendidas. “Este ano eu já tinha vindo aqui ao posto em dois dias diferentes e não tinha vacina. Mas agora que acharam macaco morto no bairro, a gente fica preocupada e tem que se vacinar”, disse ela. Às 9h, quando as aplicações começaram, 32 pessoas estavam na fila no Copacabana.


A dona de casa Eliane Pereira da Silva, de 51, foi com o marido Geraldo Santana, de 49, e o filho Luy Juan dos Santos Silva, de 7. “O Luy já tinha tomado a primeira dose com 9 meses, mas a informação que a gente tinha é que era para voltar com 10 anos. Com o surto, procurei saber e descobri que já era para tomar outra. Tudo isso que está acontecendo nos preocupa muito”, afirma ela. Além disso, eles vão viajar para um local onde o risco é maior. “Vamos para Jequitinhonha (Vale do Jequitinhonha), e por isso viemos tomar a vacina. Lá é uma região rural”, afirma Geraldo. No caso das crianças, o Ministério da Saúde recomenda que elas sejam vacinadas aos 9 meses e aos quatro anos de idade, garantindo a proteção para a vida inteira. Já os adultos que não foram imunizados quando crianças precisam de duas doses com intervalo de 10 anos.


O administrador Frederico Costa, de 40, procurou ontem o Centro de Saúde Cidade Ozanam, no Bairro Ipiranga, Nordeste de BH. Ele foi com a mulher Débora Maria, de 35, que é psicóloga, e também levou os filhos Lorenzo, de 9, e Estevão, de 7. “Temos uma viagem marcada para a Serra do Caraça em março, então tomamos logo para fazer o efeito necessário antes da viagem”, conta. No mesmo centro de saúde, Eliana Mara de Rezende, conseguiu se vacinar, mesmo com 64 anos. “Marquei uma consulta médica e recebi a orientação que podia tomar a dose. Levei meus exames e o médico disse que não tinha problema”, afirma. A reportagem apurou que esse procedimento tem sido o padrão nos postos da PBH. Idosos acima de 60 anos só recebem a vacina se tiverem a indicação médica necessária.

Dona Eliane e o filho Luy, que preparam viagem para área de surto, chegaram cedo para se vacinar:
Dona Eliane e o filho Luy, que preparam viagem para área de surto, chegaram cedo para se vacinar: "Tudo isso nos preocupa muito", disse ela (foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)

Já no Centro de Saúde Campo Alegre, no bairro homônimo, na Região Norte de BH, a espera da garçonete Taciana Paola Dias de Souza, de 25 anos, foi maior. Ela chegou às 7h e esperava que o atendimento começasse às 9h, mas, segundo ela, as primeiras vacinas foram aplicadas às 10h. “Eu fui a terceira a ser atendida e acho que poderia ter sido mais rápido”, afirma. A fila dentro da unidade era grande às 10h30. Já no Centro de Saúde Carlos Chagas, no Bairro Santa Efigênia, na porção que fica na Região Centro-Sul de BH, as pessoas estavam recebendo senhas. A unidade costuma atender pessoas de outros lugares, pelo fato de estar em um local mais central da cidade, como o recepcionista Gergon Ferreira, de 40 anos. “Moro em Santa Luzia (Grande BH) e lá os postos só estão vacinando uma vez por semana. Como só chego em casa muito tarde e saio muito cedo, resolvi vir aqui ao Carlos Chagas, até porque vou para São Gonçalo do Rio Preto (Vale do Jequitinhonha) no carnaval”, afirma.

 

169 mortes notificadas


A Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG) confirmou mais uma morte por febre amarela no estado. Agora, são 69 óbitos confirmados, de um total de 169 suspeitos, contra 163 na sexta-feira. O balanço aponta 991 notificações da febre amarela em Minas em 75 municípios. Foram confirmados 198, em 39 cidades. O maior número é em Ladainha, no Vale do Mucuri, com 26 pacientes com a febre testada e ainda 79 suspeitas. Em Caratinga, são 129 casos em investigação e 21 confirmados. A faixa etária de 50 a 59 anos é que teve maior número de mortes, 24 (34,8%), seguida de pacientes entre 40 e 49 anos, com 17 óbitos (24,6%).


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