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Estado de Minas

Prefeitura de BH anuncia medidas para evitar febre amarela urbana

PBH interdita parque no Betânia, onde mais um macaco foi encontrado morto, reforça ações de combate ao Aedes aegypti e intensifica a vacinação na cidade, com abertura de mais quatro postos


postado em 14/02/2017 06:00 / atualizado em 14/02/2017 07:30

Comunicado do fechamento foi anexado aos portões do Parque Jacques Cousteau no fim da tarde de ontem surpreendendo visitantes que ainda estavam por lá(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Comunicado do fechamento foi anexado aos portões do Parque Jacques Cousteau no fim da tarde de ontem surpreendendo visitantes que ainda estavam por lá (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Depois de registrar três macacos mortos em seu território – o que pode indicar a circulação do vírus da febre amarela –, Belo Horizonte liga o alerta para evitar a urbanização da doença, erradicada no país desde 1942. Não há registro de pacientes que tenham adoecido na capital. Mas diante da morte dos primatas e do surto do tipo silvestre da enfermidade, com quase 1 mil casos notificados em Minas, a Secretaria Municipal de Saúde da capital anunciou ontem medidas para fechar o cerco ao tipo urbano, transmitido ao homem pelo mosquito Aedes aegypti. Os restos mortais do primata localizados ontem estavam em uma área próxima a edificações do Parque Municipal Jacques Cousteau, no Bairro Betânia, Região Oeste de Belo Horizonte. Como medida preventiva, a área verde foi fechada à visitação por tempo indeterminado. A unidade fica próxima ao Hospital Eduardo de Menezes, da Rede Fhemig, onde há pacientes do interior internados com febre amarela.

Em coletiva de imprensa ontem, o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto, informou que ações de zoonoses foram intensificadas nas imediações do parque para eliminar possíveis focos do mosquito e que haverá reforço da vacinação em BH. Ontem, ele admitiu uma informação que ainda não havia sido divulgada pela Secretaria de Saúde. Segundo ele, o primeiro registro de macaco morto encontrado neste ano em Belo Horizonte ocorreu há pelo menos três semanas, dentro da área do Parque das Mangabeiras. O local fica próximo ao Bairro Taquaril, na divisa das regiões Centro-Sul e Leste da cidade. Neste caso, o secretário afirmou que não houve necessidade de fechamento da unidade de conservação porque “o macaco foi encontrado na periferia do parque, em um local onde os vistantes não transitam”. Material biológico do animal foi recolhido e está sendo analisado para identificar se ele morreu ou não de febre amarela.

Na sexta-feira, houve um outro registro de primata morto, no Bairro Copacabana, na Região de Venda Nova. Neste caso, já há confirmação de que o animal morreu por causa da doença. Todos os exames são feitos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, que ainda não informou à secretaria qual será o prazo para o resultado da primeira investigação.

COBERTURA Enquanto a febre amarela urbana é transmitida pelo Aedes, o tipo silvestre que está adoecendo e matando em Minas e outros estados brasileiros tem como vetor os mosquitos Haemagogus e Sabethes. A preocupação da secretaria em intensificar os esforços para barrar a entrada da febre amarela se justifica pela concentração do Aedes aegypti na capital mineira, inclusive considerada alta em algumas regiões da cidade. “Embora não haja surto configurado de febre amarela, estamos preocupados em oferecer vacinação às pessoas. Sabemos que aproximadamente 98% das crianças de até 4 anos já estão protegidas e cerca de 70% da população adulta também está vacinada e não temos que sair criando alarde porque a população está coberta. Além disso, existem hoje disponíveis mais 400 mil doses da vacina”, informou Jackson Machado.

O secretário avalia que a cobertura vacinal garante uma situação de tranquilidade à capital. “Estamos absolutamente tranquilos de que as medidas estão sendo tomadas. No entanto, é muito importante que além dessas medidas de vacinação e das demais de controle de zoonoses a população incorpore o hábito de combate ao mosquito Aedes aegypti como parte de sua rotina”, afirma.    Como medida de prevenção, será reforçada a vacinação. Quatro postos de vacinação extras serão montados nas regionais Oeste, Pampulha, Barreiro e Venda Nova, locais com maior concentração de mosquitos e onde o último Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) também foi alto. O reforço será feito, ainda, nos 150 postos de saúde da cidade. Agentes comunitários de saúde estão reforçando as visitas às residências para orientar moradores sobre a vacinação, o combate ao mosquito e também para aplicação de inseticidas. O produto também será aplicado nas casas próximas ao Parque Jacques Cousteau, que vão receber telas com produtos químicos contra os insetos. Outra medida será o reforço na vistoria dos agentes de combate a endemias nas casas no entorno do parque, com ênfase no Bairro Palmeiras.

REFORÇO Serão contratados, de forma temporária, cerca de 90 profissionais da saúde, entre técnicos e auxiliares de enfermagem para ampliar a mão de obra em parte dos 150 postos municipais. Do total, 38 postos vão receber uma equipe maior por causa da demanda. A contratação será de três meses, sendo possível a prorrogação. Neste ano, 258,4 mil pessoas foram vacinadas em BH e ainda há cerca de 420 mil doses em estoque. Outra medida a ser adotada pela secretaria será a instalação de telas com inseticida nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). A primeira a receber será a unidade Venda Nova, a partir de hoje. O objetivo é impedir a entrada de Aedes aegypti na unidade. Desde janeiro, foram instaladas telas no Hospital Eduardo de Menezes e no Hospital Infantil João Paulo II.

SURPRESA Frequentadores e funcionários do Parque Municipal Jacques Cousteau foram pegos de surpresa ao saber que a área seria fechada. No fim da tarde, a estudante Wanessa Araújo, de 15 anos, passeava por lá para fazer fotos, pouco antes de a ordem ser cumprida. Ela ficou sabendo da decisão por meio da reportagem do Estado de Minas. “É mesmo? Até então, só vimos casos no interior, mas parece que está ficando mais próximo”, disse a estudante, já vacinada. O amigo dela Bruno Henrique Fontoura, de 20, disse que depois de saber do fechamento do parque, vai procurar um posto médico para se vacinar. “Até então não estava muito preocupado, mas acho que agora é melhor eu me vacinar, né?”, disse o jovem.

O EM flagrou o momento em que um dos funcionários colocava o cartaz sobre a interdição no portão do parque, na Rua Augusto José dos Santos. O aviso diz que “durante o período em que o parque, estiver fechado, a Fundação fará ações complementares de manejo no local”.

Professores da Escola Municipal Mestre Ataíde, que fica na divisa do parque, ficaram preocupados com a notícia. Uma das coordenadoras pedagógicas, Letícia Pires, de 50, disse que acionaria a diretoria do colégio, já que macacos transitam livremente entre a escola e a área verde. Ela pondera que as ações de prevenção ao mosquito Aedes Aegypti já são feitas pela escola.


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