As imagens mostram um grande número de pessoas se deslocando às pressas por uma rua do bairro. O vídeo mostra pelo menos um homem com o rosto coberto por uma camisa lançando um objeto em direção aos policiais, ao lado de outras pessoas. Os PMs teriam revidado com uma bomba. Também é possível ouvir sons de vidros se quebrando. Por meio da sala de imprensa, a PM afirmou que não houve feridos e que ninguém foi preso.
A apresentação do bloco começou ainda de manhã na Avenida Francisco Sá e terminou a tarde. Porém, a festa foi estendida até a noite por pessoas que permaneceram no local. Segundo a PM informou ontem, o horário destinado para terminar o evento foi descumprido. Por causa disso, policiais pediram para que fosse anunciado que as vias no entorno da praça deveriam ser liberadas. Porém, de acordo com a PM, o pedido não foi atendido. A PM alegou que os policiais foram agredidos com garrafas e que várias brigas generalizadas começaram a acontecer no local. Por causa disso, segundo a corporação, foi feito o uso de bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para a dispersão da multidão.
Em entrevista à rádio Itatiaia na manhã desta segunda-feira, o major Flávio Santiago, chefe da sala de imprensa da Polícia Militar (PM), fez uma análise do que ocorreu no Gutierrez. “Nós acreditamos que pontos específicos de ruptura da ordem podem até acontecer, e eles acontecem principalmente por uma mudança do perfil do folião. O que aconteceu no Gutierrez ficou devidamente claro para nós, uma mudança de perfil”, explica o militar.
“Acontece o bloco, há uma mudança de perfil. Chegam aqueles veículos com sons que realmente extravasam, extrapolam o potencial de aceitação da comunidade. Que em que pese estarmos num período de carnaval, que o uso da tolerância acaba sendo majorado, a população não suporta, principalmente com músicas que também extravasam qualquer limite de tolerância”, detalha. Conforme o major Santiago, o cenário encontrado no bairro já era diferente de uma festa de carnaval, com músicas típicas da festa e ambiente familiar.
Ao em.com.br, no início da tarde, o chefe da sala de imprensa disse que a PM garantiu o evento oficial até as 16h e reafirmou a mudança de perfil nos locais identificada pela polícia. “Chegaram carros de som, a partir daquele momento houve uma migração de público, uma mudança de perfil. Aqueles carros de som, aqueles proibidões, aquelas músicas. Tem mais de 30 acionamentos no Copom de pessoas desesperadas que não conseguiam nem sair, nem chegar. Inclusive reclamando de uso de drogas.”, diz o major Flávio Santiago.
Ele falou sobre o confronto com a PM, que foi recebida com pedras e garrafas de vidro de bebidas que estavam nos veículos no local. “Quer dizer, muda-se o público, muda-se o estilo, passam a tocar aqueles proibidões”, detalha.
(Com informações de João Henrique do Vale)
Bloco se pronuncia
Ainda no domingo, os organizadores do bloco Me Beija Que Eu Sou Pagodeiro publicaram uma nota em sua página no Facebook sobre a ocorrência. “Acabamos de tomar conhecimento de que a polícia agiu de forma truculenta na tentativa de dispersar o público que ainda se encontrava na Praça Leonardo Gutierrez após o nosso cortejo”, diz o texto. O grupo afirma que repudia qualquer ato de violência.
Ainda segundo os organizadores, o cortejo ocorreu normalmente e no horário combinado, das 11h às 16h, e que contou com toda a infraestrutura e suporte da BHTrans, Polícia Militar e Guarda Municipal, sem “nenhuma irregularidade ou ação que demandasse intervenção policial”.
“Por estes motivos, esclarecemos que o nosso bloco não possui qualquer responsabilidade ou ligação com as ações ocorridas após o término de nossas atividades. Após a saída do bloco, qualquer movimentação no local passou a ser motivada pela presença dos ambulantes e carros de som”, diz a agremiação..