Preocupado com a situação e certo da necessidade de rapidez nas ações, o zelador Luiz Gordiano Gonçalves, de 70, e pertencente à irmandade de São João, pede que as autoridades deem a devida atenção à construção. “A primeira data referente à capela é 24 de junho de 1698, quando foi celebrada missa campal no dia de São João”, diz o zelador, que mora a poucos metros do templo, vinculado à Paróquia de Santa Efigênia.
“Muitas igrejas se perderam, viraram ruínas, mas não podemos perder essa aqui. Ela é muito importante na história de Ouro Preto e do Morro de São João. Todos os domingos, às 17, é celebrada a missa e em junho temos a festa dedicada ao padroeiro”, afirma Luiz, ao lado de um estandarte com a gravura de São João. Ao lado, ele mostra a porta original da capela, que foi restaurada e ficou como peça de destaque.
RESTAURO
Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Capela de São João foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas de Ouro Preto, estando esta ação sob a responsabilidade da Prefeitura de Ouro Preto. Os técnicos explicam, em nota, que os projetos de restauração arquitetônica e de drenagem foram concluídos e já aprovados pelo instituto. “Contudo, ainda não temos todos os projetos necessários à restauração plena do monumento”, informam.
Para complementação, acrescenta a nota da autarquia federal, a prefeitura contratou projetos elétrico, luminotécnico, sistema de prevenção e combate a incêndio, sistema de proteção contra descargas atmosféricas e restauração dos elementos artísticos.
Já o secretário de Cultura e Patrimônio de Ouro Preto, Zaqueu Astoni Moreira, explica que o Projeto de Restauração Arquitetônica está aprovado na prefeitura e que, no ano passado, foram contratados os projetos complementares (elétrico-luminotécnico, sistema de proteção a descargas atmosféricas, sistema de proteção e combate a incêndio, elementos artísticos, caderno de encargos e planilha orçamentária). O valor da contratação foi de R$ 62,6 mil para projetos complementares de mais duas igrejas, que são a de Santo Antônio de Glaura e Bom Jesus de Matozinhos. “Neste momento, os projetos complementares se encontram em análise no Iphan e na secretaria. Os projetos objetivam a contratação de obra de restauração integral do bem, que encontra se incluído na lista de ações do PAC das Cidades Históricas”, informa Zaqueu.
Marco do período colonial
A Capela de São João está no livro recém-lançado Igrejas e capelas – Ouro Preto, em edição trilíngue (português, inglês e francês), que contempla 131 templos da sede e dos 12 distritos, com pequisa e textos do professor de história da arte e iconografia Alex Bohrer, edição de Paulo Lemos e apresentação do jornalista Mauro Werkema, também autor do texto sobre a Igreja de São Francisco de Assis. Na pesquisa, com participação dos estudantes Tássia Rocha e Jefferson Alexandre, de conservação e restauração do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), há um pouco da história. “Embora não haja comprovação documental, conta-se que a Capela de São João é a mais antiga de Ouro Preto e está localizada nas proximidades do antigo Arraial do Ouro Podre, um dos primeiros da cidade. Segundo a tradição, este local foi um dos palcos da revolta de 1720, onde, a mando do Conde Assumar, um incêndio devastou a propriedade do sedioso Pascoal da Silva, dando origem ao nome daquelas paragens: Morro da Queimada”. Há informações sobre a arquitetura do singelo templo. “A fachada, em frontão simples e triangular, não tem ornamentação artística e é desprovida de torres. Sua planta constitui-se de nave, capela-mor e sacristia, num padrão muito usado em Minas.