Por risco de febre amarela, Parque da Mangabeiras está fechado a partir de hoje

Sob alegação de risco de febre amarela, devido à morte de um macaco, há cerca de um mês, PBH fecha área verde por tempo indeterminado e festival Carnavália tem de mudar de local

Valquiria Lopes
A estrutura para o Carnavália já estava montada no Mangabeiras, interditado por tempo indeterminado devido ao risco de propagação da febre amarela - Foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press
O Parque das Mangabeiras, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, fica fechado a partir de hoje, por tempo indeterminado, por causa do risco de transmissão da febre amarela urbana e, com isso, o festival de música Carnavália será transferido de lugar. A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que ofereceu a Arena BH, na Avenida Clóvis Salgado, 1.300, na Pampulha, para a realização do evento, marcado para ocorrer entre os dias 25 e 28 – com atrações como Paralamas do Sucesso, Nando Reis, Karol Conca, Buchecha, Gabriel O Pensador, além de blocos carnavalescos.  Mas, em nota, a organização do festival informou que ainda não havia sido notificada da mudança – o que considerou “um desrespeito, já que o processo de liberação está em dia” –, garantiu que a festa será mantida “sem prejuízo financeiro para o público” e disse que “o novo local será comunicado em breve”.

Segundo a PBH, o fechamento do parque foi recomendado pela Secretaria Municipal de Saúde. “A PBH vai acatar a recomendação da nota técnica emitida nesta quarta-feira, dia 22 de fevereiro, pela Gerência de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), e interditará o Parque das Mangabeiras, por tempo indeterminado, para evitar o risco de contágio de visitantes pela febre amarela”, disse a administração municipal, por meio de nota.    O documento informa sobre mortes atípicas de macacos no parque, o que, em conjunto com outras ocorrências da mesma natureza na cidade, torna não recomendável a circulação de milhares de pessoas no local, tendo em vista que muitos visitantes podem não estar adequadamente vacinados contra a febre amarela. De acordo com a secretaria, o índice de cobertura vacinal de BH era de mais de 70% e além disso, houve reforço vacinal na cidade com aplicação mais de 250 mil doses. No entanto, a capital mineira deve receber cerca de 500 mil turistas durante o carnaval, além de uma movimentação de 1,9 mil foliões da cidade.

Até a tarde de ontem, a PBH sustentava que o festival Carnavália não seria realizado no Parque das Mangabeiras por causa de um acordo firmado com o Ministério Público para proibir a realização de grandes eventos no espaço, diante de prejuízo à biodiversidade local. Mas, na noite de ontem, o MP divulgou nota informando que, apesar de a Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Belo Horizonte ter instaurado inquérito e apurado a situação de risco ao meio ambiente, nenhum termo foi assinado ainda. O órgão, no entanto, informou estar à disposição para formatar um acordo que permita resolução consensual do inquérito, sem que seja necessário uma ação na Justiça, o que é uma possibilidade futura. A PBH informou que as discussões em torno do acordo vão continuar.

Além do Parque das Mangabeiras, a PBH já interditou o Parque Municipal Jacques Cousteau, no Bairro Betânia, onde também foi encontrado um macaco morto próximo às instalações do espaço de lazer.
Restos mortais de primatas foram recolhidos ainda na Região de Venda Nova, no Bairro Copacabana, e, neste ano, os exames deram positivo para a febre amarela. A doença tem alta taxa de letalidade, podendo alcançar 50% nos pacientes em estado grave. O tipo urbano da enfermidade está erradicado no Brasil desde 1942, mas a atual situação de infestação do mosquito Aedes aegypti, seu transmissor nas cidades, aumenta o risco de casos humanos urbanos.

Na capital, já foram localizados ao todo oito macacos mortos. A cidade recebeu pacientes doentes vindos do interior e tratou moradores da capital que se infectaram durante viagens para regiões de surto em Minas. Segundo a Secretaria de Saúde, medidas de prevenção foram adotadas após esse cenário. Foi feita a intensificação da vacinação; da vigilância epidemiológica e do controle vetorial nas áreas próximas à ocorrência de mortes dos primatas e dos hospitais onde os pacientes foram internados..